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sábado, 2 de maio de 2015

Rainhas do Top 10: vídeos divulgados em redes sociais humilham meninas em SP

Ranking que virou moda nas favelas de São Paulo leva jovens à depressão. "O Top 10 destruiu a minha filha", diz mãe

Nayara, de 14 anos, e Lara, de 18, disputavam uma coroa, mas não sabiam. Morando no Grajaú e Embu das Artes, extremos de São Paulo, as duas - cujos nomes verdadeiros serão preservados - conquistaram o posto de "Rainhas do Top 10". Apesar do título nobre, o ranking que virou moda na periferia não busca engrandecer as eleitas. “4º lugar: a mais vadia da favela”, exibe a montagem. Com menos de um minuto de duração, os vídeos ganham as vielas pelo WhatsApp e coroam meninas com uma fama que elas nunca desejaram ter.
Reprodução de um 'Top 10' divulgado em favela da zona sul de São Paulo
Reprodução
Reprodução de um 'Top 10' divulgado em favela da zona sul de São Paulo
“Esse Top 10 é uma peste. Está na favela toda”, conta a vendedora Camila, de 33 anos, que usa nome fictício, como as outras entrevistadas. Descobrir que a filha Nayara havia enviado uma foto nua ao colega de classe foi o primeiro susto. No mesmo dia 16 de novembro, a imagem já tinha sido vista por toda a escola e admirada nos botecos de Jd. Santo Eduardo, em Embu das Artes. “Meu mundo caiu”, desabafa.
Um dia após o outro, Nayara conquistava novas posições no Top 10. Até ganhar uma página fake no Facebook. Agora, ela era a Pietra. “Minha vida acabou. Por onde ando sou a 'famosinha do Top 10' ou 'Pietra'. Perdi meu nome, minhas amigas e não gosto de sair de casa. É difícil aguentar isso”, conta a jovem. Para ela, colegas “recalcados” são os responsáveis pela exposição. Mas não quer descobrir. A saída mais fácil foi abandonar a escola e tentar cursar o nono ano do ensino fundamental em outro local.
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Reprodução de um 'Top 10' divulgado em favela da zona sul de São Paulo. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos. Foto: Reprodução
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As montagens acompanham músicas de funk com conteúdo sexual e usam fotos de redes sociais das vítimas. Poses sensuais são um prato cheio aos agressores, que abusam dos xingamentos contra as jovens, maioria menores de idade. São inúmeros os vídeos na internet que mencionam crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 18 anos. Não satisfeitos, os autores ainda picham os muros da rua das eleitas. “S. L. Puta Top 10”, diz a pichação em uma rua no bairro Jd. Castro Alves, região do Grajaú.
“Distribuidora de Aids”
Segundo moradores, a “brincadeira” não é realizada somente por meninos. Kátia, de 45, mora no Jardim Guarujá, zona sul da capital, e aposta que a filha Lara foi prejudicada pela atual namorada do ex. “Ela tem ciúmes e aí espalhou para a favela toda que minha filha era distribuidora de Aids.” Lara então foi levada a um posto de saúde para fazer um exame para DSTs, que veio negativo. Nervosa, Kátia foi até a escola mostrar o resultado para a direção da escola. “Queria limpar a reputação dela. Ando na rua e só escuto: ‘Olha a rainha do Top 10’. Não é justo”, diz a dona de casa.
Muro em rua do Jardim Castro Alves exibe pichação sobre Top 10
Arquivo Pessoal
Muro em rua do Jardim Castro Alves exibe pichação sobre Top 10
Após sair no Top 10, Lara passou semanas trancada no quarto, chorou muito e decidiu cortar as amizades do bairro. Em momentos de raiva, chegou a dizer para a mãe que acabaria com a própria vida, pois não aguentava a vergonha. “Hoje voltou a trabalhar, frequenta a faculdade. Mas só isso. Não fala tanto e já não é mais a filha que eu tinha antes. O Top 10 destruiu minha filha”, lamenta Kátia.
Para a psicóloga Elizânia Francisca, que oferece oficinas de sexualidade na Unidade Básica de Saúde (UBS) no Grajaú, a exposição gera consequências graves nas adolescentes. Pode traumatizar e evoluir para uma depressão. A profissional busca hoje alertar agentes de saúde sobre a prática nas comunidades e participa do grupo Mulheres na Luta, que irá cobrir as pichações pelo Grajaú no dia 23 de maio.
“É uma espécie de bullying com uma questão machista muito forte. Elas sofrem com a perseguição quando apenas estão descobrindo a sexualidade e, sem apoio, se fecham no próprio mundo”, avalia. Segundo Elizânia, a prática começou como um ranking das mais bonitas da escola e virou hoje uma arma de humilhação. “Independente de elas terem feito alguma coisa ou não”.
O coletivo feminista Abayomi Aba da região de Parelheiros, bairro extremo da zona sul da capital, se reuniu neste mês para debater a necessidade do Top 10 ser discutido dentro das salas de aula. Para Tatiana Rodrigues, fundadora do grupo, a prática acaba com a sexualidade da menina. “Ele diz para a vítima que ela não deve confiar em ninguém e que ela mereceu ser exposta daquele jeito.”
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