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domingo, 14 de junho de 2015

Com lixo reciclado, artesão constrói Rio em miniatura em garagem de favela

Paula Bianchi
Do UOL, no Rio

No Rio de Janeiro de Luiz Silveira, 47, nunca há engarrafamentos e todos os dias são dias de praia. Também é possível cruzar a avenida Brasil e a ponte Rio-Niterói em minutos e pegar, sem fila, o bondinho até o Pão de Açúcar.
Mecânico e soldador, ele se orgulha de ter reconstituído boa parte da capital fluminense entre as quatro paredes da garagem de sua oficina, na favela Metrô Mangueira, comunidade vizinha ao Estádio do Maracanã e que a Prefeitura do Rio de Janeiro tenta remover desde 2010. Pelas mãos de Luiz, antigos pedaços de motores e peças encontradas no lixo se transformam em pontes, prédios e cenários típicos cariocas.
Santa Teresa, Copacabana, a praia Vermelha e a Central se sobrepõem a outras maquetes representado a avenida Brasil, a ponte Rio-Niterói e a Quinta da Boa Vista, entre outros locais da cidade. A preocupação com os detalhes é tão grande que há espaço até para uma "máquina de fumaça" construída por Luiz com uma panela de pressão e um ventilador que solta pequenos jatos cada vez que um avião "aterrissa" no Aeroporto do Galeão.
Ele conta que o hobby teve início há cerca de sete anos, quando ganhou um bondinho de um amigo e resolveu colocá-lo em movimento. "Depois que eu botei o bondinho para andar não consegui mais parar: fiz os Arcos [da Lapa], as ruas embaixo dos Arcos… A vida mudou para mim."
Luiz, que nunca deixou o Rio e se sente medo só de pensar em andar de avião, divide seu tempo entre os consertos na oficina, o estudo do trompete e as maquetes, que trata como parte da família.  "Eu passo a semana, o mês, todo aqui, não sinto falta de sair. Quero ir à praia, tenho a baía de Guanabara, a praia do Flamengo. Quero ir a Niterói, tenho a ponte", diz. "Eu já vivo no Rio de Janeiro, tenho tudo dentro de casa."
Com o tempo, conta, o trabalho foi ganhando admiradores. "O povo brasileiro é muito carente. Todos brincaram pouco. Tenho clientes que dizem que vêm aqui consertar o carro, mas o carro não está com defeito, eles começam a brincar com a maquete" lembra.  "Um cliente traz um carinho, outro um brinquedo. Tem um filho que tem um carrinho sobrando e diz, 'vou levar para o tio'. Nisso arrumei muitos sobrinhos."
Luiz já fez uma exposição no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial)e outra durante a Rio+20. A inspiração vem toda de sua cabeça e de algumas sugestões de amigos. Um cartaz colado em uma das paredes pede desculpas pelas maquetes não serem iguais à realidade. "Não desenho, escrevo nada. Faço aquilo que fica guardado na minha mente", diz.
Ele faz graça com a possível remoção da favela, planejada pela prefeitura para, segundo a administração municipal, dar espaço a um centro comercial reunindo as lojas de autopeças, borracharias e oficinas que já funcionam na região. "Ah, mas eles não iriam acabar assim com a cidade do Rio de Janeiro".
Se pudesse, gostaria de ganhar um espaço maior para as maquetes, hoje guardadas de forma improvisada – a praia Vermelha fica presa em uma das paredes, na vertical, enquanto a Quinta da Boa Vista está pendurada sobre a avenida Brasil. "Quem sabe até ter um caminhão para levar o Rio para o Brasil conhecer", sonha.
Ele diz que até já recebeu propostas para vender as maquetes, mas prefere manter a sua pequena cidade dentro da Metrô Mangueira. "Se eu vou fazer uma outra que eu nunca fiz, ela aceita. Se eu vou fazer outra igual, ela começa a quebrar. Dar problema", afirmou. "Não tenho como vender. Já imaginou vender a ponte Rio-Niterói?"

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