Identificação dos 80 mortos em Santiago de Compostela continua.
Excesso de velocidade deve ter sido principal causa do descarrilamento.
Peritos dão continuidade nesta sexta-feira (26) à investigação sobre as causas do acidente de trem que matou 80 na quinta-feira nos arredores de Santiago de Compostela, no noroeste daEspanha, enquanto os legistas finalizam a identificação das vítimas.
Concretamente, os legistas já identificaram 73 dos 80 corpos, e os outros sete terão que ser submetidos a exames de DNA.
Fontes do Tribunal Superior de Justiça da Galícia informaram que o reconhecimento através do DNA poderá demorar vários dias, pois as mostras tomadas serão encaminhadas ao Instituto Anatômico Legista de Madri e a outro laboratório da Polícia Nacional.
As autoridades do México e da Colômbia reconheceram que possuem cidadãos entre as vítimas, assim como as embaixadas e governos de outros países - como EUA e Reino Unido - também anunciaram a presença entre feridos.
Aproximadamente 30 pessoas - entre elas quatro crianças - permanecem em estado crítico em diversos hospitais da região, embora os feridos passem de 187 no total.
Os trabalhos na curva em que o trem descarrilou se desenvolveram durante toda a noite e consistem na retirada do restante do comboio acidentado e na recuperação das vias.
Os peritos recolheram material na zona da tragédia para ter mais dados sobre o ocorrido, incluindo o tacógrafo, que recolhe tanto a velocidade do comboio como as conversas de rádio entre o condutor e o posto de controle.As próprias declarações do condutor do trem após a tragédia apontam o excesso de velocidade como a principal suspeita da causa do acidente, já que ele mesmo reconheceu que seguia a 190 km/h em uma área limitada a 80 km/h.
Um tribunal de Santiago de Compostela instrui o caso e, dentro de poucos dias, apresentará declarações aos tripulantes, passageiros e testemunhas para recopilar a informação técnica obtida pelos especialistas.
A empresa que administra das linhas ferroviárias na Espanha (Adif) retomou hoje o tráfego da linha interrompida pelo acidente de trem.
Nesta manhã de sexta, os trens de linha convencional já circulavam por uma das vias afetadas pelo acidente, ocorrido nas proximidades da estação de Santiago de Compostela, enquanto a outra, para o serviço de alta velocidade, abrirá somente no sábado.
Neste segundo caso, os trens circularão com especiais precauções, já que as equipes ainda precisam retirar pelo menos um dos vagões do trem acidentado e outros aparatos usados nos trabalhos de recuperação iniciados posteriormente
O consulado-geral do Brasil em Madri afirma que não há relatos sobre vítimas brasileiras. O Itamaraty disse que até o momento não recebeu ligações de parentes de possíveis vítimas, mas alerta que como a passagem de trem não é nominal, não pode descartar totalmente que possam ter brasileiros entre os feridos e mortos.
O acidente ocorreu às 20h41 locais (16h41 de Brasília), segundo a empresa, em Angrois, na chegada a Santiago de Compostela, local famoso de peregrinação católica e mística. O trem fazia a ligação entre a capital espanhola, Madri, e a cidade de Ferrol, na Galícia.
Atentado descartado
A cena evoca lembranças do atentado islâmico de 2004 contra trens de Madri, que matou 191 pessoas, mas o delegado do Governo da Galícia Samuel Juárez descartou a hipótese de atentado.
"Foi um acidente. Não temos elemento algum que nos permita falar de outra coisa."
Logo após a divulgação das primeiras informações sobre o acidente, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, expressou seu "afeto e solidariedade" às vítimas, em sua conta no Twitter.
Rajoy, que participou de uma reunião ministerial de emergência na quarta, viajoua para a região na manhã desta quinta e decretou três dias de luto oficial.
Fabricantes
A fabricante de aviões e trens canadense Bombardier disse nesta quinta que o trem envolvido em um acidente na Espanha que matou pelo menos 78 pessoas foi feito pelo seu consórcio com a espanhola Talgo. Uma porta-voz da empresa estatal da Espanha Renfe descreveu o trem como um Alvia Series 730, usado na rota entre Madri e La Coruña.
A fabricante de aviões e trens canadense Bombardier disse nesta quinta que o trem envolvido em um acidente na Espanha que matou pelo menos 78 pessoas foi feito pelo seu consórcio com a espanhola Talgo. Uma porta-voz da empresa estatal da Espanha Renfe descreveu o trem como um Alvia Series 730, usado na rota entre Madri e La Coruña.
Acidentes anteriores
Este é um dos piores acidentes ferroviários da Espanha. Na década de 1940, um trem que também viajava de Madri para a Galícia se chocou com uma locomotiva, deixando centenas de mortos. Em 1972, um outro acidente com o trem que ia de Cádiz a Sevilha (Andaluzia, sul) causou a morte de 77 pessoas.
O acidente também ocorre apenas duas semanas depois da morte de pelo menos sete pessoas num descarrilamento na região central da França.
Brasileiro está entre os 78 mortos em acidente de trem na Espanha
O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, confirmou nesta sexta-feira que um brasileiro, que também tem a nacionalidade espanhola, está entre os 78 mortos no acidente do trem que descarrilou há dois dias, em Santiago de Compostela, na Espanha. O Consulado do Brasil em Madri, capital espanhola, entrou em contato com a família do homem que morreu, mas os parentes disseram que não necessitam de apoio e pediram para evitar a divulgação de detalhes.
O acidente ocorreu no último dia 24 com o trem que fazia a rota Madri e Ferrol. Há suspeitas de que o maquinista Francisco José Garzón Amo, 52 anos, tenha extrapolado a velocidade permitida. Ele está internado no Hospital Clínico de Santiago, sob custódia policial, e recurou-se a prestar esclarecimentos à polícia.
Integrantes da Polícia Judiciária foram ao hospital para ouvir o maquinista, mas ele optou pelo direito constitucional de não fazer declarações. O maquinista foi detido ontem à noite, no hospital, por suspeita de negligência, segundo o comandante da polícia Jaime Iglesias.
Não há previsão de alta para o maquinista. Porém, médicos que cuidam dele informaram que ele deve estar recuperado amanhã. Com base nas primeiras investigações, há suspeitas que o maquinista estava a 190 km/h em uma área que a velocidade máxima permitida era 80 km/h.