Livro-reportagem faz balanço da fase americana de John Lennon
Associando-se a Jerry Rubin (um dos réus no famoso processo dos “Sete de Chicago”, grupo de ativistas acusados de incitarem protestos violentos durante a convenção democrata de 1968), Abbie Hoffman e outros líderes de um exaurido movimento de resistência ao “sistema”, Lennon logo se engajou em campanhas anti-Nixon, emprestando sua música e sobretudo sua fama a causas variadas. A consequência imediata foi que ele passou a ser vigiado de perto por agentes do FBI e do governo americano, que ameaçava deportá-lo, em uma batalha judicial que durou até 1976, que o autor reconstitui detalhadamente.
O autor revela ainda os bastidores de aparições de Lennon em programas de TV americanos – a participação no “Dick Cavett Show” em maio de 1972 despertou considera?vel atenc?a?o por causa da canção “Woman Is the Nigger of the World” – e de sua presença em shows beneficentes, começando com aquele montado para libertar da prisão o ativista anti-Nixon John Sinclair, condenado a dez anos pela posse de dois cigarros de maconha. Dois dias depois de Lennon cantar “Let Him Be, Set Him Free”, um tribunal estadual libertou Sinclair (cenas desse show podem ser vistas no documentário “The US vs John Lennon”, de David Leaf). Esse bem-sucedido engajamento rapidamente transformou Lennon em herói de uma geração em busca de novos ídolos – uma geração de hippies, yippies, radicais e revolucionários que se sentiam órfãos dos anos 60. Ainda que tenha permanecido fiel aos seus ideais até o fim, o próprio Lennon, contudo, acabaria se desiludindo com a real possibilidade de transformar o mundo por meio da participação em protestos e de canções de mensagem pacifista.
TRECHO:
“A presença de Lennon em Nova York era uma oportunidade rara que Rubin agarrara com todas as suas forças. Sem grandes expectativas, ligou para a Apple Records e se surpreendeu tanto quanto todo mundo com o fato de Yoko Ono retornar a chamada. O primeiro encontro de Rubin e Hoffman com John e Yoko Rubin foi direto ao ponto, perguntando várias vezes o que exatamente Lennon queria fazer. Participar, disse-lhe Lennon. Queria montar uma banda e tocar, “devolvendo todo o dinheiro às pessoas”; fazer a sua parte no Movimento com a sua música. Disse que pretendia “compor músicas para a revolução” e que esperava levá-las às ruas para, quem sabe, sacudir um pouco as coisas. “Eu quero fazer alguma coisa política, radicalizar as pessoas, essa coisa toda”, disse Lennon. Sua atenção se voltara para os explosivos conflitos políticos e culturais que fermentavam nos Estados Unidos. No começo de 1971, ele dera longas entrevistas à Rolling Stone e ao Red Mole – um jornal underground britânico editado por Tariq Ali. Lennon achava “vergonhoso” não ter participado mais ativamente dos movimentos contra a Guerra do Vietnã e em defesa dos direitos civis. Sentira-se, muitas vezes, dividido entre o mercantilismo do sucesso dos Beatles – “todo mundo tentando nos usar” – e o desejo de insinuar temas mais maduros em suas canções.
TRECHO:
“A presença de Lennon em Nova York era uma oportunidade rara que Rubin agarrara com todas as suas forças. Sem grandes expectativas, ligou para a Apple Records e se surpreendeu tanto quanto todo mundo com o fato de Yoko Ono retornar a chamada. O primeiro encontro de Rubin e Hoffman com John e Yoko Rubin foi direto ao ponto, perguntando várias vezes o que exatamente Lennon queria fazer. Participar, disse-lhe Lennon. Queria montar uma banda e tocar, “devolvendo todo o dinheiro às pessoas”; fazer a sua parte no Movimento com a sua música. Disse que pretendia “compor músicas para a revolução” e que esperava levá-las às ruas para, quem sabe, sacudir um pouco as coisas. “Eu quero fazer alguma coisa política, radicalizar as pessoas, essa coisa toda”, disse Lennon. Sua atenção se voltara para os explosivos conflitos políticos e culturais que fermentavam nos Estados Unidos. No começo de 1971, ele dera longas entrevistas à Rolling Stone e ao Red Mole – um jornal underground britânico editado por Tariq Ali. Lennon achava “vergonhoso” não ter participado mais ativamente dos movimentos contra a Guerra do Vietnã e em defesa dos direitos civis. Sentira-se, muitas vezes, dividido entre o mercantilismo do sucesso dos Beatles – “todo mundo tentando nos usar” – e o desejo de insinuar temas mais maduros em suas canções.
Fotos: Divulgação
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