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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Charlie Hebdo publica reportagem em quadrinhos sobre crise hídrica em SP

História foi assinada pelo cartunista Riss, que também é diretor do jornal.
Ele esteve na capital este mês para participar de um congresso da Abraji.

Do G1 São Paulo
Capa da edição número 1.200 da Charlie Hebdo (Foto: Reprodução/Charlie Hebdo)Capa da edição número 1.200 do jornal satírico francês Charlie Hebdo (Foto: Reprodução/Charlie Hebdo)
O jornal satírico francês "Charlie Hebdo" publicou uma reportagem em quadrinhos sobre a crise hídrica em São Paulo, assinada pelo cartunista Laurent Sourisseau, conhecido como Riss. Na edição de 22 de julho, o jornalista relata a seca nas represas e alternativas encontradas pela população na estiagem. Ele também critica medidas adotadas pelo governo.
O cartunista está entre os feridos durante um ataque terrorista à redação do "Charlie Hebdo" em Paris, no dia 7 de janeiro deste ano. O jornalista foi ferido no ombro por um tiro, mas sobreviveu. Doze pessoas morreram, entre elas colegas de trabalho de Riss.
Riss, que também é diretor do jornal, esteve na capital paulista no começo do mês de julho para participar do 10º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo(Abraji) e pediu para os organizadores do evento que o ajudassem a cobrir a seca na região e entender como a população enfrentava o problema.
Durante a visita à cidade de São Paulo, o jornalista visitou uma represa do Sistema Cantareira, a Atibainha. Segundo a Abraji, a viagem foi feita em viaturas blindadas da Polícia Federal e em companhia do grafiteiro Thiago Mundano, que tem acompanhado e retratado a crise. Mundano fez um grafite que "dá as boas-vindas ao 'deserto da Cantareira'".
Jornal satírico Charlie Hebdo publica reportagem em quadrinhos sobre crise hídrica em São Paulo (Foto: Reprodução Charlie Hebdo/Divulgação Abraji)Jornal satírico Charlie Hebdo publica reportagem em quadrinhos sobre crise hídrica em São Paulo (Foto: Reprodução Charlie Hebdo/Divulgação Abraji)
A história em quadrinhos foi publicada na edição nº 1.200 do jornal, de 22 de julho, com chamada de capa. Ela retrata a vida de uma síndica de um prédio na Vila Madalena, na Zona Oeste. Riss cita as medidas adotadas pela Sabesp para estimular a redução do consumo com um programa de bônus e também a redução da pressão na rede durante o dia.
O cartunista faz uma crítica em relação à diferente situação enfrentada pelos bairros de classe média e das favelas. Segundo a reportagem, as favelas ficam sem abastecimento por dias, enquanto em outras regiões da cidade os cortes ocorrem apenas durante algumas horas.
Riss também relata as técnicas usadas pelo comércio para passar pelos dias de torneiras secas, como trocar copos de vidro por copos de plástico. Em alguns momentos da reportagem, ele faz observações sobre a situação hídrica de São Paulo, que mesmo com torneiras secas, é cortada por grandes rios transformados em esgoto a céu aberto.
O jornalista também relatou que durante a visita à represa do Cantareira, o grupo foi vigiado por guardas e retratou o baixo nível dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo. Já no fim da reportagem, Riss também menciona o fato de a Sabesp ter ações negociados na bolsa de Nova York.
Grafiteiro Mundano posta foto em rede social durante visita do cartunista e diretor do jornal satírico francês Charlie Hebdo Laurent Sourisseau, conhecido como Riss (Foto: Reprodução Facebook Mundano)Grafiteiro Mundano posta foto em rede social durante visita do cartunista e diretor do jornal satírico francês Charlie Hebdo Laurent Sourisseau, conhecido como Riss (Foto: Reprodução Facebook Mundano)
Ferido em ataque
O cartunista Riss foi ferido durante o ataque à redação do jornal Charlie Hebdo em Paris no dia 7 de janeiro deste ano. Ele foi atingido no ombro. Doze pessoas morreram, entre eles os cartunistas Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, e o lendário Georges Wolinski. Após a morte do diretor Charb, Riss assumiu o posto de diretor do jornal.
Também morreram dois policiais, um deles alvejado na rua durante a fuga dos atiradores, mais tarde identificados como os irmãos franceses filhos de argelinos Chérif e Said Kouachi, que disseram "vingar o profeta Maomé".
O escritório de "Charlie" já havia sido alvo de um ataque a bomba em novembro de 2011 após colocar uma imagem satírica do profeta Maomé em sua capa. Coincidência ou não, a publicação fez a divulgação em sua edição do dia do último ataque do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior.
A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano. "As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes... Em 2022, faço o Ramadã!", ironiza a publicação junto a uma charge de Houellebecq.

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