EMPREENDEDOR DE SUCESSO

domingo, 5 de julho de 2015

Gregos votam contra exigências de credores por empréstimo

Governo quer retomar negociações com credores imediatamente. 
Grécia vai pedir ajuda ao BC europeu para garantir liquidez de bancos.

Do G1, em São Paulo
Partidários do 'não' comemoram resultado do referendo na praça Syntagma, em Atenas (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)Partidários do 'não' comemoram resultado do referendo na praça Syntagma, em Atenas (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)
Os gregos decidiram neste domingo (5), em referendo, não aceitar as condições dos credores do país em troca de ajuda financeira, dando o primeiro passo para o que pode culminar na saída do país da zona do euro. As medidas exigidas pelos parceiros europeus incluíam aumento de impostos e cortes nas aposentadorias. Próximo ao final da apuração, o "não" tinha mais de 60% dos votos.
Segundo as agências de notícias, a votação ocorreu sem incidentes. A estimativa é que 65% dos eleitores tenha comparecido à votação.
"O referendo de hoje não teve ganhadores nem vencedores. É uma grande vitória em si mesma", disse o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, após a confirmação do resultado. "Mesmo nas circunstâncias mais difíceis, a democracia não pode sofrer chantagem", afirmou, falando indiretamente sobre as condições impostas pelos europeus.
"Quero agradecer cada um e todos vocês. Independentemente de como tenham votado, hoje nós somos um", disse Tsipras.
Europa reage
A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, definiram neste domingo, em conversa por telefone, que os líderes da zona do euro deverão se reunir na próxima terça-feira para discutir a situação da Gréciax, depois que o país rejeitou, em referendo, os termos do resgate do país.
De acordo com o Palácio do Eliseu, sede do governo da França, Hollande vai receber já na tarde de segunda-feira a primeira-ministra alemã para discutir o resultado do referendo. No comunicado, a presidência francesa aponta que o encontro marca a "cooperação permanente entre França e Alemanha para contribuir com uma solução duradoura para a Grécia".
Mas o vice-primeiro-ministro alemão, Sigmar Gabriel, disse que, com o resultado, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, "derrubou as últimas pontes sobre as quais a Europa e Grécia poderiam ter se movido em direção a um acordo".
Efeitos
Pouco após o resultado final ter se desenhado, o líder da oposição grega e ex-primeiro-ministroAntoni Samaras renunciou à presidência do partido Nova Democracia. "Nosso partido precisa de um novo começo. Estou renunciando da liderança da Nova Democracia", afirmou Samaras em pronunciamento na televisão local.
O euro recuava neste domingo ante o dólar, enquanto o "não" se encaminhava para uma vitória no referendo. Às 18h30 GMT (15h30 de Brasília), um euro valia US$ 1,0963, em baixa de 1,58% com relação ao fechamento na noite de sexta-feira, nas negociações eletrônicas que antecipam a abertura dos mercados asiáticos.
Comemoração
Ainda antes do resultado final, os partidários do "não" já festejavam na praça Syntagma, em Atenas. Ainda durante a apuração, o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, falou à população e afirmou que a vitória do "não" é um "sim" à democracia na Europa.
Milhares de partidários do "Não" lotaram a praça Syntagma, no centro de Atenas, para comemorar a vitória no referendo celebrado este domingo na Grécia. Cerca de  5 mil manifestantes, segundo a polícia, exibiam bandeiras gregas e cartazes com a palavra OXI (Não), repetindo palavras de ordem contra a austeridade.
"Não por uma pátria livre" e "Não pelo futuro, por nossos filhos", diziam alguns dos cartazes levados pelos manifestantes de um partido de extrema-esquerda, EPAM (Frente Unidos Popula).
Também havia festejos perto da Universidade, onde se concentrava cerca de mil militantes do Syriza. Ao redor da praça Syntagma os manifestantes gritavam "Oxi, oxi", alguns cantavam e outros dançavam.
Partidários do 'não' comemoram resultado do referendo na praça Syntagma, em Atenas (Foto: Marko Djurica/Reuters)Partidários do 'não' comemoram resultado do referendo na praça Syntagma, em Atenas (Foto: Marko Djurica/Reuters)
Pouco depois do final da votação, o porta-voz do governo grego, Gavriil Sakellaridis afirmou que o governo quer retomar as negociações com os credores imediatamente. "As negociações que vamos começar devem ser concluídas muito rapidamente, mesmo em 48 horas", afirmou. O governo acredita que a vitória do "não" dá mais força à Grécia nas negociações, permitindo condições mais favoráveis ao país.
Com a vitória do "não", a consultoria norte-americana Teneo estima que a probilidade da Grécia deixar o euro subiu para 75%.
Com os bancos correndo o risco de ficar sem dinheiro já na segunda-feira, o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, deve se reunir ainda neste domingo com os banqueiros do país. O governo também informou que vai pedir uma ajuda emergencial ao Banco Central Europeu para garantir a liquidez das insttuições. Sem esses recursos, o governo grego pode ser obrigado a voltar a emitir dracmas – a moeda anterior ao euro.
"Amanhã (segunda-feira) o conselho do BCE se reúne. Há argumentos válidos a favor de um maior financiamento através do ELA (a ajuda emergencial)", disse Sakellaridis em entrevista à emissora "ANT1", mostrando confiança de que os representantes da instituição mostrarão compreensão para encontrar uma solução viável para a crise do país.
Votos são contados em Atenas neste domingo (Foto: Stefanos Rapanis/Reuters)Votos são contados em Atenas neste domingo (Foto: Stefanos Rapanis/Reuters)


Urna é retirada após o fim da votação em Atenas (Foto: Marko Djurica/Reuters)Urna é retirada após o fim da votação em Atenas (Foto: Marko Djurica/Reuters)

A Grécia deve mais de R$ 1 trilhão e, na semana passada, não fez o pagamento de uma parcela de € 1,6 bilhão ao FMI, o que oficialmente bloqueou o acesso do país a mais fundos. O sistema bancário do país está à beira de um colapso e o governo impôs um regime de controle de capitais, que vai de retiradas bancárias ao envio de dinheiro para o exterior.
Protestos
Manifestantes tomaram conta de Atenas nos dias que antecederam a votação, mostrando o país dividido entre os que defendem as reformas impostas à Grécia e os que recusam as medidas. Houve tumultos e a polícia chegou a intervir com gás lacrimogêneo.
O que o referendo perguntou?
A consulta perguntou se os eleitores aceitam o acordo proposto pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 26 de junho. Dividido em duas partes, o acordo exige uma série de reformas para cortar gastos e aumentar a arrecadação. Os gregos tiveram que escolher entre duas respostas: não ou sim. Para os principais líderes europeus, a pergunta é outra: se a Grécia deve ou não ficar na zona do euro.
Referendo na Grécia (Foto: Arte/G1)
Quais são os termos do acordo?
Os credores pedem que os gregos cortem benefícios de aposentadorias e pensões e aumentem impostos para melhorar a saúde financeira do país. Os pontos centrais da proposta são a ampliação do imposto IVA e uma redução drástica no número de pessoas que podem optar por uma aposentadoria antecipada. Os credores também exigem ações para reduzir a evasão fiscal e acabar com a corrupção. Só assim vão liberar a ajuda de € 1,8 bilhão que Atenas precisa para pagar uma parcela de sua dívida com o FMI – e que venceu no dia 30 de junho.
O que pensa o governo grego?
O partido que ocupa o poder na Grécia não aceita as condições impostas no acordo, alegando que as medidas são "humilhantes", pouco eficazes e penalizam a população. Na sexta-feira, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, fez um pronunciamento na televisão apelando aos gregos para votar pelo "não", rejeitando o que chamou de "chantagem" e "ultimato" por parte dos credores.
Cédula de votação do referendo deste domingo (5) (Foto: Reprodução)Cédula de votação do referendo deste domingo (5)
(Foto: Reprodução)
O que acontece agora?
O porta-voz do governo da Grécia, Gavriil Sakellaridis, afirmou na quinta-feira que uma vitória do "não" permitirá voltar à mesa de negociações para conseguir um acordo em melhores condições. Mas se esse acordo não sair, a Grécia pode ser expulsa da zona do euro por calote. A saída do país da unidade monetária permitirá que a Grécia volte a controlar sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações. Mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
A Grécia vai sair do euro?
Ninguém sabe ao certo. Não existe uma regra e até o vice-presidente do Banco Central Europeu, Vitor Constancio, disse em abril que não havia qualquer lei que determine a expulsão da zona do euro em caso de calote. O governo grego insiste que não está tentando abandonar a moeda e até insinuou que poderia iniciar processos legais caso os outros países da zona do euro tentem expulsar a Grécia. Se o Banco Central Europeu decidir bloquear completamente o crédito para Atenas, as autoridades gregas não teriam mais opção a não ser começar a imprimir sua própria moeda para tentar manter a economia funcionando.
O que diz o FMI?
O Fundo disse que considera a dívida da Grécia "insustentável". Em documento publicado após a Grécia deixar de pagar uma parcela de sua dívida, o FMI apontou que o país precisa de ao menos € 50 bilhões até 2018 para conseguir fechar as contas. Segundo o fundo, mesmo que a Grécia aprove o plano dos credores no referendo, o país precisará de uma nova ajuda nos próximos três anos. Do total, ao menos € 36 bilhões teriam de ser financiados com recursos europeus. Hoje, a dívida grega supera € 300 bilhões.
 O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, discursa pelo não no centro de Atenas, nesta sexta (3) (Foto: Reuters/Yannis Behrakis)O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, discursa pelo não no centro de Atenas, nesta sexta (3) (Foto: Reuters/Yannis Behrakis)

Manifestantes reúnem-se no centro de Atenas antes do referendo sobre o futuro da economia grega, nesta sexta-feira (3) (Foto: Reuters/Yannis Behrakis)Manifestantes reúnem-se no centro de Atenas antes do referendo sobre o futuro da economia grega, nesta sexta-feira (3) (Foto: Reuters/Yannis Behrakis)
RESUMO DO CASO- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
- Na última terça-feira (30), venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro.
- Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos ficaram fechados nesta semana para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia depende de recursos da Europa para conseguir fazer o pagamento ao FMI. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu na terça-feira.
O governo grego apresentou uma nova proposta de ajuda ao Eurogrupo, grupo que reúne ministros da União Europeia, fazendo concessões, mas rejeitando algumas das medidas de cortes mais duras.
- O primeiro-ministro grego convocou um referendo para domingo (5 de julho). Os gregos foram consultados se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo "não"
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
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Obra de mestre do Barroco em igreja é restaurada após descoberta

Coberto e recoberto por pinturas nos últimos dois séculos, painel pintado por José Joaquim da Rocha foi achado no Pelourinho
Alexandre Lyrio (alexandre.lyrio@redebahia.com.br)
Atualizado em 05/07/2015 09:44:13
  
Pesquisadora Mônica Farias observa resultado de restauração: 80% concluída (Foto: Arisson Marinho)
Um anjo luminoso com traços folheados a ouro ressurge com a anatomia vista em detalhes. Balaustradas tingidas em madeira ganham aspecto de metal e volume em três dimensões.  Santos glorificados pela luz da tinta anunciam o esplendor do Barroco pelas mãos do pintor José Joaquim da Rocha.
Tudo isso ficou escondido por cerca de dois séculos, ao menos na Igreja da Venerável Ordem Terceira São Domingos Gusmão, no Pelourinho. Coberto por reformas sucessivas ao longo do tempo, o forro original da nave do templo, do século 18, revelou-se  em obras de restauração e conservação do monumento, realizadas desde junho de 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Meses depois de iniciada a restauração, a obra de arte de José Joaquim da Rocha, um dos maiores mestres do Barroco brasileiro, foi descoberta. Aos poucos, foram aparecendo vasos de flores, guirlandas e toda a luminosidade da obra. Com aproximadamente 173 metros quadrados,  a 19 m do chão, a pintura grandiosa foi desmontada, restaurada e sua descoberta estava guardada a sete chaves.
O CORREIO teve acesso com exclusividade ao trabalho dos restauradores, 80% concluído, e chegou a tocar a relíquia ao subir na estrutura montada para a restauração. “A gente está fazendo
História
É um divisor de águas, o resgate de um raro exemplar da pintura barroca do século 18, um importante retorno à originalidade”, explica o  restaurador Júlio Maia, que coordena os trabalhos. Além de tudo, constatou-se o uso de ouro na obra, o que agora torna a Igreja de São Domingos a única no Brasil com o metal precioso no forro da nave. “A referência no repertório luso-brasileiro é a Igreja de São Roque de Lisboa, em Portugal, que tem douramento no teto. Não tenho conhecimento de outra igreja no Brasil que use ouro no forro da nave”, conta a pesquisadora Mônica Farias, que faz doutorado sobre pinturas em perspectiva de José Joaquim.
Na verdade, no princípio, houve dúvida de que a pintura era mesmo do mestre. Havia referências de historiadores como Carlos Ott, que sugeria, mas não chegava a atestar a autoria. Pra piorar, a página do livro da Irmandade que confirmava o autor foi arrancada. A presença do ouro mostrou-se então um indício forte, junto com outros fatores, de que Rocha era o autor. “Isso porque, além de pintor, Rocha era dourador. Com certeza,  levou isso para a pintura”, aponta a pesquisadora.
A outra referência comparativa para se certificar a autoria foi o forro da nave da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, considerada a maior obra de José Joaquim da Rocha. Ali há todas as características do autor, bem semelhantes ao que se revelou na igreja que fica no Terreiro de Jesus. “É uma descoberta espetacular”, comenta o superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim.
‘A gente está fazendo história’, comemora restaurador Júlio Maia (Foto: Arisson Marinho)
Agressão 
A imagem que nas últimas décadas era vista no forro do templo havia passado por, no mínimo, três repinturas, sem qualquer critério, no século 19, resultado de um agressivo processo neoclássico. “Equívocos”, dizem os pesquisadores. Acredita-se, porém, que outras reformas foram feitas no século 20, o que descaracterizou  a obra original totalmente. “Além das camadas de tinta, a gente encontrou pó de serra, parafusos, coisas absurdas”, revela Maia.  
A pintura atual era bidimensional, em tom único, com perspectivas ou volumes alterados, além de escurecida por fuligem e verniz. “As repinturas cobriram todos os elementos importantes da figura original. Toda a obra foi descaracterizada. Por isso não tivemos dúvidas de que o certo a fazer era descobri-la”, explica Mônica.
Mas há outra certeza: a de que a obra não foi feita apenas por Rocha. Pela enormidade da pintura, certamente os discípulos que trabalhavam em seu ateliê o ajudaram. “A concepção e as figuras centrais, as imagens de Nossa Senhora e dos santos na cena, essas sim são dele”, acredita Mônica.
Perdas 
Antes de retirar as camadas sobressalentes para se chegar à imagem original, utilizou-se tecnologia de ponta. Um minucioso trabalho de prospecção e o uso de luzes ultravioleta deram a certeza do que estava por baixo. Apesar de todo o cuidado, houve perdas significativas em algumas partes da obra.
Acima do coro, no canto esquerdo, não foi possível recuperar a pintura. A imagem de um anjo com o rosto torto vai continuar ali, destoando. “A obra estava, e ainda continuará, em algumas partes, descaracterizada pelo excesso de repinturas e restauros inadequados. Restaurar uma obra ilusionista não é fácil, pois é necessário conhecimento específico sobre geometria, óptica, matemática e perspectiva”, resume a pesquisadora.
Reforma de R$ 7,5 milhões
As obras de restauração e conservação da Igreja de São Domingos são as primeiras na Bahia realizadas pelo PAC Cidades Históricas. O investimento de R$ 7,5 milhões deve valorizar ainda mais o monumento, que hoje tem grande relevância para o patrimônio histórico e religioso da Bahia. A descoberta deve atrair muitos pesquisadores, turistas e curiosos em arte. “Acreditamos que vai ter um aumento no trânsito de pessoas interessadas em arte e cultura”, afirma o superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim.    
Mas o teto de José Joaquim da Rocha não foi o único achado das obras naquela igreja. Foram descobertas também pinturas nas paredes dos corredores laterais, nas paredes da nave, na parte alta próxima ao forro e nas paredes da capela-mor. Na sacristia foram descobertas pinturas que imitam mármore nas tábuas da cimalha do forro com frisos em prata (considerado muito raro) em todas as cercaduras das portas e das janelas e nas molduras das telas. As obras são de artistas diversos.
A previsão é de que, apenas em Salvador, o PAC Cidades Históricas destine  R$ 143 milhões, em 23 obras no total. Sete delas estão em andamento. A Igreja de São Domingos é uma das três intervenções importantes no Terreiro de Jesus. A Igreja de São Pedro dos Clérigos e a Catedral Basílica também têm estrutura e imagens reformadas.   

Obra de mestre do Barroco em igreja é restaurada após descoberta

Coberto e recoberto por pinturas nos últimos dois séculos, painel pintado por José Joaquim da Rocha foi achado no Pelourinho
Alexandre Lyrio (alexandre.lyrio@redebahia.com.br)
Atualizado em 05/07/2015 09:44:13
  
Pesquisadora Mônica Farias observa resultado de restauração: 80% concluída (Foto: Arisson Marinho)
Um anjo luminoso com traços folheados a ouro ressurge com a anatomia vista em detalhes. Balaustradas tingidas em madeira ganham aspecto de metal e volume em três dimensões.  Santos glorificados pela luz da tinta anunciam o esplendor do Barroco pelas mãos do pintor José Joaquim da Rocha.
Tudo isso ficou escondido por cerca de dois séculos, ao menos na Igreja da Venerável Ordem Terceira São Domingos Gusmão, no Pelourinho. Coberto por reformas sucessivas ao longo do tempo, o forro original da nave do templo, do século 18, revelou-se  em obras de restauração e conservação do monumento, realizadas desde junho de 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Meses depois de iniciada a restauração, a obra de arte de José Joaquim da Rocha, um dos maiores mestres do Barroco brasileiro, foi descoberta. Aos poucos, foram aparecendo vasos de flores, guirlandas e toda a luminosidade da obra. Com aproximadamente 173 metros quadrados,  a 19 m do chão, a pintura grandiosa foi desmontada, restaurada e sua descoberta estava guardada a sete chaves.
O CORREIO teve acesso com exclusividade ao trabalho dos restauradores, 80% concluído, e chegou a tocar a relíquia ao subir na estrutura montada para a restauração. “A gente está fazendo
História
É um divisor de águas, o resgate de um raro exemplar da pintura barroca do século 18, um importante retorno à originalidade”, explica o  restaurador Júlio Maia, que coordena os trabalhos. Além de tudo, constatou-se o uso de ouro na obra, o que agora torna a Igreja de São Domingos a única no Brasil com o metal precioso no forro da nave. “A referência no repertório luso-brasileiro é a Igreja de São Roque de Lisboa, em Portugal, que tem douramento no teto. Não tenho conhecimento de outra igreja no Brasil que use ouro no forro da nave”, conta a pesquisadora Mônica Farias, que faz doutorado sobre pinturas em perspectiva de José Joaquim.
Na verdade, no princípio, houve dúvida de que a pintura era mesmo do mestre. Havia referências de historiadores como Carlos Ott, que sugeria, mas não chegava a atestar a autoria. Pra piorar, a página do livro da Irmandade que confirmava o autor foi arrancada. A presença do ouro mostrou-se então um indício forte, junto com outros fatores, de que Rocha era o autor. “Isso porque, além de pintor, Rocha era dourador. Com certeza,  levou isso para a pintura”, aponta a pesquisadora.
A outra referência comparativa para se certificar a autoria foi o forro da nave da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, considerada a maior obra de José Joaquim da Rocha. Ali há todas as características do autor, bem semelhantes ao que se revelou na igreja que fica no Terreiro de Jesus. “É uma descoberta espetacular”, comenta o superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim.
‘A gente está fazendo história’, comemora restaurador Júlio Maia (Foto: Arisson Marinho)
Agressão 
A imagem que nas últimas décadas era vista no forro do templo havia passado por, no mínimo, três repinturas, sem qualquer critério, no século 19, resultado de um agressivo processo neoclássico. “Equívocos”, dizem os pesquisadores. Acredita-se, porém, que outras reformas foram feitas no século 20, o que descaracterizou  a obra original totalmente. “Além das camadas de tinta, a gente encontrou pó de serra, parafusos, coisas absurdas”, revela Maia.  
A pintura atual era bidimensional, em tom único, com perspectivas ou volumes alterados, além de escurecida por fuligem e verniz. “As repinturas cobriram todos os elementos importantes da figura original. Toda a obra foi descaracterizada. Por isso não tivemos dúvidas de que o certo a fazer era descobri-la”, explica Mônica.
Mas há outra certeza: a de que a obra não foi feita apenas por Rocha. Pela enormidade da pintura, certamente os discípulos que trabalhavam em seu ateliê o ajudaram. “A concepção e as figuras centrais, as imagens de Nossa Senhora e dos santos na cena, essas sim são dele”, acredita Mônica.
Perdas 
Antes de retirar as camadas sobressalentes para se chegar à imagem original, utilizou-se tecnologia de ponta. Um minucioso trabalho de prospecção e o uso de luzes ultravioleta deram a certeza do que estava por baixo. Apesar de todo o cuidado, houve perdas significativas em algumas partes da obra.
Acima do coro, no canto esquerdo, não foi possível recuperar a pintura. A imagem de um anjo com o rosto torto vai continuar ali, destoando. “A obra estava, e ainda continuará, em algumas partes, descaracterizada pelo excesso de repinturas e restauros inadequados. Restaurar uma obra ilusionista não é fácil, pois é necessário conhecimento específico sobre geometria, óptica, matemática e perspectiva”, resume a pesquisadora.
Reforma de R$ 7,5 milhões
As obras de restauração e conservação da Igreja de São Domingos são as primeiras na Bahia realizadas pelo PAC Cidades Históricas. O investimento de R$ 7,5 milhões deve valorizar ainda mais o monumento, que hoje tem grande relevância para o patrimônio histórico e religioso da Bahia. A descoberta deve atrair muitos pesquisadores, turistas e curiosos em arte. “Acreditamos que vai ter um aumento no trânsito de pessoas interessadas em arte e cultura”, afirma o superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim.    
Mas o teto de José Joaquim da Rocha não foi o único achado das obras naquela igreja. Foram descobertas também pinturas nas paredes dos corredores laterais, nas paredes da nave, na parte alta próxima ao forro e nas paredes da capela-mor. Na sacristia foram descobertas pinturas que imitam mármore nas tábuas da cimalha do forro com frisos em prata (considerado muito raro) em todas as cercaduras das portas e das janelas e nas molduras das telas. As obras são de artistas diversos.
A previsão é de que, apenas em Salvador, o PAC Cidades Históricas destine  R$ 143 milhões, em 23 obras no total. Sete delas estão em andamento. A Igreja de São Domingos é uma das três intervenções importantes no Terreiro de Jesus. A Igreja de São Pedro dos Clérigos e a Catedral Basílica também têm estrutura e imagens reformadas.   

Novo vazamento em adutora da Embasa na Av. Centenário deixa Barra sem água

O fornecimento teve de ser interrompido e deve permanecer afetado até 6h após a conclusão do reparo
Da Redação (redacao@correio24horas.com.br)
Atualizado em 05/07/2015 13:53:55
  
Um novo vazamento de água na Avenida Centenário provocou interrupção do fornecimento de água na Barra, em Salvador, na manhã deste domingo (5). O vazamento de água atingiu uma das faixas da via no sentido Barra, mas, por conta do baixo fluxo de veículos, não houve engarrafamento.
Uma equipe da Empresa Baiana de Águas (Embasa) foi enviada ao local para realizar o reparo da tubulação. O fornecimento teve de ser interrompido e deve permanecer afetado até 6h após a conclusão do reparo, que está previsto para ocorrer na tarde de hoje, segundo informou em nota a Embasa.
O Correio24horas esteve em prédios da Av. Centenário e identificou que, até as 11h, ainda não havia apresentado interrupção. Ainda em nota, a empresa informou que os imóveis cuja rede interna tem reserva adequada "não deverão sentir os efeitos da interrupção".
No dia 26 de junho, um vazamento na rede de distribuição da Av. Centenário deixou a Barra sem água. O tempo de reparo foi de aproximadamente 12 horas. O trânsito teve de ser parcialmente alterado para a realização de obras na avenida.
Um outro vazamento, desta vez no dia 30 de junho, causou uma cratera que 'engoliu' um táxique trafegava na avenida Antônio Carlos Magalhães. O veículo trafegava por volta das 5h30 no sentido Lucaia quando o buraco se formou na pista alagada. A Embasa informou que realizou um serviço de reaterro do buraco assim como a recomposição do asfalto.
Vazamento causou cratera na avenida ACM (Foto: Mauro Akin Nassor)

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