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quinta-feira, 8 de março de 2018

Placas do Mercosul começam a valer em 1º de setembro no Brasil

Na primeira etapa, elas serão adotadas em veículos zero quilômetro ou quando for feita transferência de município. Veículos que já circulam terão até 31 de dezembro de 2023 para mudar.

 
Placas de veículos vão seguir modelo adotado no Mercosul
O prazo para as placas de veículos adotarem o padrão dos países do Mercosul vai começar em 1º de setembro de 2018, informa resolução publicada nesta quinta-feira (8), no Diário Oficial da União.
Na quarta-feira, o Ministério das Cidades havia divulgado que a nova placa brasileira teria 6 meses para entrar em vigor.
A placa com novo padrão jé é usada na Argentina e deveria ter começado a ser adotada no Brasil em janeiro de 2016, mas foi adiada duas vezes: primeiro para 2017 e, depois, sem prazo específico.
Veja como serão as novas placas de veículos no Brasil (Foto: Karina Almeida/G1)Veja como serão as novas placas de veículos no Brasil (Foto: Karina Almeida/G1)
Veja como serão as novas placas de veículos no Brasil (Foto: Karina Almeida/G1)
Veja perguntas e respostas sobre a nova placa de identificação para veículos:

Quando começa a valer a nova placa?

  • 1ª etapa começa em 1º de setembro de 2018;
  • Será válida para modelos zero quilômetro, veículos que passarem por processo de transferência de município ou propriedade, ou quando houver a necessidade de substituição das placas;
  • Os veículos usados terão até 31 de dezembro de 2023 para mudar.

Comprei carro agora, ele já terá a placa do Mercosul?

Ainda não. Os departamentos de trânsito de cada estado terão até 1º de setembro de 2018 para começar a emplacar com o padrão Mercosul.

Qual será o preço?

Ainda não existe uma definição de quais serão os valores de novas placas, que serão pagas pelos proprietários dos veículos, como é atualmente.
De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a nova resolução padroniza a produção das placas nacionalmente, o que pode diminuir seu custo.
Atualmente, os preços das placas variam de estado para estado. Em São Paulo, o par de placas sai por R$ 128,68, por exemplo, enquanto no Paraná o valor é de R$ 128,49.
Além disso, existem as taxas de vistoria e licenciamento que são definidas pelo Departamento de Trânsito (Detran) de cada estado.

E se o carro trocar de município ou dono?

Nesse caso, a partir de 1º de setembro, todas as trocas de cidade ou de dono no documento do veículo já serão com a introdução da nova placa. A placa do Mercosul será colocada no veículo também caso o proprietário precise trocar de placa por algum outro motivo.

Placa terá chip e QR Code

A nova placa vai ter uma tarja azul, bandeira do Brasil e outra configuração de letras e números. Além disso, contará com um chip e um código do tipo QR Code para facilitar a identificação dos veículos roubados ou clonados nos países do Mercosul.
Segundo o Denatran, também será possível o compartilhamento de dados com sistemas de cancelas e portões, que poderão ser utilizados em pedágios e estacionamentos.

Fim do lacre

Com as novas tecnologias empregadas para evitar falsificações, o Denatran informou que as novas placas não utilizarão mais o lacre. Em muitos casos, o lacre se rompia e devia ser reposto para o motorista ão ser multado. No Paraná, por exemplo, o lacre custa R$ 23,22.

Posso antecipar a troca?

De acordo com o (Denatran), fica facultativo ao proprietário antecipar a substituição da placa antes de 2023.

O que muda no visual da placa?

1- Mais letras e menos números
Em vez de 3 letras e 4 números, como é hoje, as novas placas terão 4 letras e 3 números, e poderão estar embaralhados, assim como na Europa;
2- Cores nas letras e números
Ao contrário do que acontece atualmente, em que a cor de fundo da placa muda conforme o tipo de veículo (comercial, diplomático, etc), nas novas placas a cor do fundo será sempre branca. As cores estarão nas letras e nos números.
Para veículos de passeio, cor preta, para veículos comerciais, vermelha, carros oficiais, azul, em teste, verde, diplomáticos, dourado e de colecionadores, prateado - ou seja, é o fim da famosa placa preta.
3- Estado e cidade com nome e brasão
O nome do país estará na parte superior da patente, sobre uma barra azul. Nome da cidade e do estado estarão na lateral direita, acompanhados dos respectivos brasões;
4- Tamanho
A placa terá as mesmas medidas das já utilizadas no Brasil (40 cm de comprimento por 13 cm de largura);
5- Contra falsificações
Marcas d'água com o nome do país e do Mercosul estarão grafadas na diagonal ao longo das placas, com o objetivo de dificultar falsificações. No Brasil, a placa terá uma tira holográfica do lado esquerdo e um código bidimensional que conterá a identificação do fabricante, a data de fabricação e o número serial da placa. A tira é uma maneira de evitar falsificação.

O que há por trás das postagens que associam a profecia de Isaías à guerra civil na Síria?

Destruição de Damasco, capital da SíriaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPara teólogo, atribuir destruição de Damasco à profecia é como 'isentar de culpa quem está por trás do genocídio'
Quando começou a escrever o livro que levaria seu nome, por volta do ano 687 a.C., o profeta Isaías jamais poderia imaginar que, 28 séculos depois, estaria metido em uma polêmica nas redes sociais. Segundo postagens que viralizaram nos últimos dias, o maior de todos os profetas de Israel teria predito, lá no século 7º antes da Era Cristã, a guerra civil na Síria.
Ou, para ser mais exato, a destruição de Damasco, a capital do país.
O versículo da discórdia é o primeiro do capítulo 17. "Damasco deixará de ser cidade e se transformará em um monte de ruínas", diz o profeta. Outro trecho daBíblia, também compartilhado pelos internautas, é o versículo 24 do capítulo 49 de Jeremias. "Damasco desfalece e prepara a fuga. O medo se apodera dela. Está possuída de angústia e dores, como a mulher que está dando à luz."
Será que, passado tanto tempo, os oráculos de Isaías e Jeremias finalmente se cumpriram? Ou, ao contrário, o uso dos textos da escritura não passam de ignorância ou mesmo má-fé para justificar, com base na religião, o conflito?
"Quando digo que a responsabilidade pela guerra na Síria é da profecia de Isaías, isento de culpa quem está por trás daquele genocídio", raciocina o teólogo Frei Isidoro Mazzorolo, professor do Departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. "É como se dissesse: não há nada que eu possa fazer para mudar aquela catástrofe porque ela é da vontade de Deus."
O reverendo Arthur Nascimento, da Paróquia da Santíssima Trindade, da Diocese Anglicana de São Paulo, faz coro: "Não podemos jogar nos ombros de Deus uma responsabilidade que é nossa. Cabe a nós, comunidade internacional, encontrar uma solução para a guerra civil na Síria".
Livro de IsaíasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image caption'Damasco deixará de ser cidade e se transformará em um monte de ruínas', diz versículo do livro escrito pelo profeta Isaías
Além disso, ele diz que é preciso cuidado ao interpretar textos sagrados: "A Bíblia foi escrita dentro de um contexto histórico. Recorrer a textos bíblicos fora de seus contextos originais pode ser altamente perigoso". Quando isso acontece, explica Nascimento, tudo - de intolerância racial à discriminação contra LGBTs - pode ser justificado pelos textos sagrados.

O papel do profeta

Doutorando em História pela Universidade de Campinas (Unicamp), Jefferson Ramalho pondera que, ao contrário do que se imagina, profeta não é aquele que prevê ou adivinha o futuro, e sim quem denuncia o presente.
Já naquela época, Isaías tinha muito a denunciar: corrupção política, desigualdade socioeconômica, exploração do trabalho... "O texto de Isaías se refere à queda de Damasco, ocorrida no ano 732 a.C.", diz o historiador.
Na época, Efraim (Reino de Israel) e Damasco (Reino de Aram) se uniram para lutar contra a Assíria. No capítulo 17, em vez de suspostamente predizer a queda da Síria no século 21, o profeta Isaías anuncia a derrota da coalizão e lamenta a destruição de Damasco. Dez anos depois, o exército assírio conquistou Samaria, a capital de Israel.
"Atrelar a atual guerra na Síria à profecia de Isaías é oportunismo religioso", critica o reverendo Egon Kopereck, presidente da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). "Essa interpretação provém de fundamentalistas religiosos que querem causar alvoroço dentro do povo cristão."

Boatos sobre genocídios

Rumores que associam confrontos militares a profecias bíblicas não são novidade no mundo virtual. De tempos em tempos, surge um novo boato atribuindo atos de genocídio ao cumprimento de oráculos. Uma versão em inglês dessa profecia de Isaías que se espalhou agora pelo Brasil já havia corrido a Europa em 2013.
Outro exemplo disso é o versículo 28 do capítulo 23 do Evangelho de Lucas.
Vitral com representação de IsaíasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionVitral com representação de Isaías; profetas não preveem o futuro, mas sim denunciam o presente, diz especialista
Nele, Jesus diz: "Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim! Chorem por vocês mesmas e por seus filhos!". E continua: "Felizes das mulheres que nunca tiveram filhos, dos ventres que nunca deram à luz e dos seios que nunca amamentaram!". Já houve quem interpretasse esse trecho do Novo Testamento como uma profecia do Holocausto nazista, que dizimou 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra.
Secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), a pastora Romi Márcia Bencke reage com indignação às correntes de profecias relacionadas à Guerra na Síria: "Atribuir a Jesus a profecia pela morte dos judeus é uma afronta ao Evangelho. Jesus jamais expressou o desejo de morte de pessoas, ainda mais de um grupo. As críticas que Jesus fazia a Jerusalém tem relação com o Templo, um lugar não só religioso, mas também político e econômico", contextualiza.
E hoje, o que fazer diante da guerra civil que, desde 2011, já matou 470 mil pessoas e expulsou outras 5 milhões de suas casas? "Mais do que simplesmente fazer uma leitura religiosa e um tanto quanto fantasiosa e anacrônica da Bíblia, devemos denunciar a crueldade e a violência dos que hoje estão matando de maneira discriminada o povo sírio", opina o historiador.

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