Trégua fracassa e novo confronto deixa ao menos 22 mortos na Ucrânia
Chefe de equipe médica opositora aponta 70 mortos; ainda não é possível confirmar esse número de forma independente
Confrontos violentos entre a polícia e manifestantes – inclusive com disparos –quebraram uma breve trégua acertada no dia anterior em Kiev, capital da Ucrânia, nesta quinta-feira (20), deixando ao menos 21 manifestantes e um policial mortos. Alguns apontaram um número maior de mortos. Segundo Oleh Musiy, coordenador da equipe médica dos manifestantes, ao menos 70 manifestantes teriam sido mortos. Ainda não há como confirmar a informação de forma independente.
As mortes aconteceram após nova onda de violência algumas horas após o presidente ucraniano e os líderes da oposição, que exigem sua demissão, concordarem com uma trégua para tentar resolver a crise política do país.
Os dois lados do conflito ucraniano estão presos em um impasse sobre a identidade dessa nação de 46 milhões de habitantes, cujas lealdades estão divididas entre Rússia e o Ocidente. Partes do país – principalmente na a região ocidental – declararam revolta contra o governo central do presidente Viktor Yanukovych no final de novembro, depois que ele abriu mão de um acordo há muito tempo esperado com a União Europeia em troca de um pacote de resgate de US$ 15 bilhões da Rússia.
Veja a galeria de fotos dos protestos na Ucrânia:
Obama adverte contra violência: Presidente da Ucrânia nomeia novo chefe militar
Um repórter da Associated Press contou 21 corpos expostos na beira do acampamento em que os manifestantes estão concentrados no centro de Kiev. Além disso, um policial foi morto e 28 sofreram ferimentos por causa de tiros, segundo o porta-voz do Ministério do Interior Serhiy Burlakov.
Os números desta quinta totalizam pelo menos 50 mortos nesta semana em Kiev. À medida que a violência explodia e a densa fumaça da queima de barricadas subia no acampamento dos manifestantes, chanceleres de três países europeus reuniram-se com Yanukovych após encontro com líderes da oposição.
Em comunicado no início desta quinta-feira, o Ministério da Saúde ucraniano confirmou 28 mortes e 287 internações durante os dois dias anteriores. Manifestantes que improvisaram uma instalação de cuidados médicos no centro da catedral disseram, porém, que os números são significantemente maiores – possivelmente até o triplo do anunciado pelo governo.
Galeria de fotos: Protestos da Ucrânia parecem uma batalha medieval
O surto de violência de rua no país começou na terça-feira (18), quando manifestantes atacaram as linhas policiais e colocaram fogo do lado de fora do Parlamento, acusando Yanukovych de ignorar suas demandas - eles pedem reformas constitucionais que limitam o poder do presidente. No entanto, o Parlamento, dominado por seus partidários, vinha adiando assumir uma reforma constitucional que limitaria os poderes presidenciais.