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sábado, 14 de novembro de 2015

Por que novamente em Paris?

Sentimento de exclusão de muçulmanos, sociedade dividida e envolvimento do país em ações no Oriente Médio ajudam a entender por que o país foi atacado novamente.

Hugo BachegaDa BBC Brasil em Londres
França declarou estado de emergência após ataques, que foram reinvindicados pelo 'Estado Islâmico'  (Foto: REUTERS/Jacky Naegelen)França declarou estado de emergência após ataques, que foram reinvindicados pelo 'Estado Islâmico' (Foto: REUTERS/Jacky Naegelen)
Foi o segundo grande ataque a atingir Paris em menos de um ano, e uma das tantas perguntas que surgem é: por que a França novamente?
O grupo autodenominado "Estado Islâmico" assumiu a autoria dos ataques na capital francesa na sexta-feira, que deixaram pelo menos 129 mortos e 352 feridos. O grupo disse que os atos foram "cuidadosamente estudados", mas ainda estão emergindo os detalhes sobre como eles foram concretizados.
O presidente francês, François Hollande, disse que os ataques foram planejados e organizados no exterior, com ajuda interna. Pouco se sabe sobre os sete atiradores que foram mortos: um seria francês, e dois passaportes, um egípcio e outro sírio, foram encontrados.
Veja abaixo cinco pontos que ajudam a entender por que a França tornou-se alvo novamente.
1. Fricções étnicas
Ataques chocaram a França, dez meses depois do ocorrido no semanário 'Charlie Hebdo'
A França tem a maior população muçulmana na Europa: cerca de 5 milhões, ou 7,5% dos habitantes. E, segundo analistas, é uma das sociedades mais divididas no continente.
A integração de muçulmanos no resto da sociedade francesa já era questão delicada no país antes dos ataques de janeiro ao semanário satírico Charlie Hebdo e a um supermercado judeu, que chocaram a França e o mundo - e essa integração ainda pode piorar, dizem especialistas.
Há um aparente questionamento de gerações mais novas de famílias de imigrantes, supostamente descontentes quanto ao estilo de vida mais liberal do Ocidente, a tolerância e diversidade religiosa e a liberdade de expressão.
"Os ataques são uma lembrança das fricções étnicas que se arrastam na França", disse a consultoria de análise política Stratfor.
Muitos muçulmanos teriam, ainda, a percepção de estarem à margem da sociedade, isolados ou mesmo excluídos.
"A França é o país na Europa onde o debate sobre o lugar do Islã dentro da sociedade é o mais difícil e mais duro. A maioria dos franceses acha que o islamismo, em geral, não é compatível com a laicidade francesa. E há uma tensão muito forte entre os radicais islâmicos e a França", disse à BBC Brasil Alfredo Valladão, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris.
A polêmica proibição do uso do véu islâmico por mulheres, por exemplo, foi interpretada por alguns muçulmanos como uma decisão contra o islamismo.
Os ataques atingiram bares e restaurantes, um show de uma banda de rock e os arredores de um estádio de futebol em horário de grande movimento. O 'EI' afirmou que Paris é a "capital da abominação e perversão".
Segundo Valladão, Paris é alvejada por ser um "símbolo de liberdade".
"A questão do Islã e dos muçulmanos em geral se transformou num grande debate ideológico interno. E é claro que com uma coisa desse tipo (...) é possível que eles (muçulmanos) sejam ainda mais estigmatizados, o que pode criar ainda mais radicalismo".
2. Radicalização e extremismo
A França tem sido a maior fonte, na Europa, de combatentes estrangeiros que se juntam a grupos radicais no Oriente Médio.
Um relatório do Centro Internacional para o Estudo de Radicalização e Violência Política do King's College, de Londres, apontou no início deste ano que das cerca de 4 mil pessoas que deixaram a Europa Ocidental para se juntar a grupos extremistas como o EI na Síria e no Iraque, aproximadamente 1,2 mil saíram da França. E muitos deles retornaram.
A França, aliás, fica atrás apenas de Arábia Saudita, Tunísia, Jordânia, Marrocos e Rússia como maior emissor de combatentes para estes grupos, segundo o relatório. Estima-se que 20 mil estrangeiros de 80 países tenham ido à Síria e ao Iraque para lutar com militantes.
Por muitos anos, os subúrbios de Paris e outras cidades foram vistos como terreno fértil para extremistas islâmicos, que recrutavam jovens muçulmanos descontentes com desemprego e ostracismo.
Outro lugar fácil para radicalização, dizem especialistas, são as prisões francesas: estima-se que 60% dos 70 mil detentos no país tenham origem muçulmana, e grupos extremistas estariam se aproveitando disso para recrutar colaboradores.
"Eles foram destruídos pelo fracasso educacional, problemas de família e emprego. São muito frágeis", disse à BBC Missoum Chaoui, líder muçulmano de Paris.
3. Imigração
Os ataques ocorrem, ainda, no momento em que a Europa enfrenta discordâncias internas sobre como lidar com a maior onda migratória desde a Segunda Guerra Mundial.
Alguns países europeus instituíram controles de entrada e instalaram barreiras nas fronteiras em resposta ao fluxo. A maioria dos imigrantes foge dos conflitos na Síria, no Afeganistão e em partes da África.
Em alguns países, grupos contrários à imigração se fortaleceram. Um ministro da Grécia disse que o dono do passaporte sírio encontrado tinha chegado à União Europeia pela ilha de Leros em outubro. É bom lembrar que há um comércio fértil de passaportes sírios.
Apesar de nenhuma ligação ter sido oficialmente feita entre os autores dos ataques e as condições de permanência deles na Europa, os atentados deverão alimentar o debate sobre o fluxo migratório.
"(Os ataques) criam um problema sério dentro da Europa e vão dar muita corda para todos os movimentos nacionalistas e extremistas xenófobos que querem acabar com a União Europeia, fechar as fronteiras, criar governos autoritários e racistas. Isso vai criar uma situação complicada para a Europa", disse Valladão.
4. Operações francesas na Síria e no Iraque
A França participa da coalizão militar liderada pelos Estados Unidos que tem conduzido ataques aéreos contra o EI na Síria e no Iraque e é um dos países mais ativos nesses ataques contra o grupo.
O país realizou também uma intervenção contra extremistas islâmicos no Mali, em 2013.
Algumas testemunhas disseram que militantes gritaram "Deus é grande" em árabe antes de atacar o show de rock na sexta-feira e que um dos atiradores teria dito: "É culpa do Hollande, é culpa do seu presidente, ele não deveria ter intervindo na Síria".
O EI disse que as ações eram resposta às operações francesas contra seu território e que o objetivo era "ensinar a França e todas as nações que seguem o seu caminho que eles ficarão no topo da lista de alvos do 'Estado Islâmico' e que o cheiro de morte não sairá dos seus narizes enquanto eles participarem da campanha".
5. Falhas de inteligência?
Segurança foi reforçada na França e estado de emergência foi declarado no país
O que aconteceu em Paris foi exatamente o que as agências de inteligência e segurança na Europa temiam e tentavam evitar: ataques simultâneos em locais movimentados numa grande cidade, com um elevado número de vítimas.
Além das perguntas naturais sobre quem organizou a operação, o uso de armas automáticas e a coordenação dos ataques levarão à questão: os serviços de segurança franceses falharam?
Nas ações de janeiro em Paris, a inteligência também ficou sob suspeita, já que dois dos autores eram conhecidos de serviços secretos europeus e americano: um já tinha sido preso por tentar se juntar a jihadistas no Iraque; outro tinha ligação com a Al-Qaeda no Iêmen.
O trabalho de identificar e monitorar suspeitos não é simples, disse à BBC Shashank Joshi, do Royal United Services Institute, após os ataques de janeiro.
"O desafio é identificar quais redes de indivíduos merecem atenção especial. A França tem poderosas agências de inteligência, mas nenhuma agência ocidental tem poderes legais ou logísticos de realizar a vigilância intrusiva e constante de milhares de cidadãos que não foram acusados de nenhum crime".
Outra pergunta ainda sem resposta: se aconteceu em Paris, poderá acontecer em outra cidade europeia?

Atentados em Paris: perguntas e respostas sobre os ataques

Pior ataque da história da França deixou 128 mortos na noite de sexta.
Estado Islâmico reivindica responsabilidade: 'Cuidadosamente estudados'.

Do G1, em São Paulo
Quantas são as vítimas dos ataques? Ao menos 128 pessoas foram mortas na série de ataques em Parisna noite desta sexta-feira (13), sendo 70 apenas na casa de shows Bataclan. É o pior ataque à França na história recente.
Quantos ataques aconteceram? Onde foram? Ao menos cinco locais foram alvo deataques simultâneos em uma região boêmia de Paris, onde as pessoas costumam sair para se divertir em uma sexta-feira à noite:
Na casa de shows Bataclan, na boulevard Voltaire, no 11º distrito, atiradores fizeram reféns e abriram fogo contra o público que assistia ao show da banda Eagles of Death Metal. Mais de 70 reféns foram mortos.
- No bar Le Carillon e no restaurante Le Petit Cambodge, na rua Alibert, no 10º distrito, frequentadores foram mortos por disparos. Segundo agências internacionais, foram 14 mortos.
- No bar La Belle Equipe, na rua Charonne, também no 11º distrito, atiradores abriram fogo contra os clientes. Ao menos dezenove pessoas foram mortas e há outras 13 feridas.
- Nas proximidades do Stade de France, bairro de Saint Dennis, no norte de Paris, um ataque supostamente lançado por um suicida ocorreu próximo ao estádio, onde França e Alemanha disputavam uma partida de futebol. Autoridades confirmaram quatro mortos e mais de 50 feridos.
- Na localidade na rua Beaumarchais foram 7 feridos, sendo 3 em estado grave.
De quem é a autoria dos ataques? O grupo radical Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade neste sábado (14) por ataques que mataram mais de 120 pessoas em Paris, segundo agências internacionais. Em uma declaração oficial, o grupo disse que seus combatentes presos a cintos com explosivos e carregando metralhadoras realizaram os ataques em vários locais no centro da capital francesa que foram cuidadosamente estudados. Antes, Hollande já havia anunciado que o grupo era o autor da ação terrorista.
Os terroristas foram mortos? O chefe de polícia de Paris, Michel Cadot, afirmou que, quando a polícia invadiu o local, quatro terroristas se suicidaram, detonando explosivos que três deles tinham em seus cintos. Ele afirmou ainda, segundo o jornal britânico "The Guardian", que antes de entrar no local os homens dispararam tiros de metralhadoras em cafés que ficam do lado de fora do Bataclan. A emissora de TV BFM e o jornal "Liberation", que cita o procurador de Paris, François Molins, dizem que cinco terroristas foram "neutralizados" no total. Agências internacionais de notícias, no entanto, informam que 8 terroristas morreram, dos quais 7 se suicidaram.
4 VALE ESTE - Ataques terroristas em Paris deixam mortos; houve explosões e há reféns (Foto: Arte/G1)
Há brasileiros entre os feridos? Os dois brasileiros - um homem e uma mulher - feridos nos ataques de Paris na noite desta sexta estão fora de risco, segundo informou a cônsul-geral do Brasil na França, Maria Edileuza Fontenele Reis, em entrevista ao "Hora 1". Eles estavam no restaurante Le Petit Cambodge, nas proximidades do Canal Saint-Martin, no 10° distrito da capital, um dos locais onde ocorreram tiroteios que deixaram dezenas de mortos e feridos em estado grave. Um dos brasileiros feridos tomou três tiros nas costas e foi operado. Ele é um arquiteto que está de passagem por Paris para eventos profissionais, segundo informormou a cônsul à BBC.
Qual é o telefone de informações para brasileiros na França? O Consulado-Geral do Brasil em Paris, na França, divulgou um número de emergência para brasileiros que precisem de apoio ou de informações no país. O telefone é +33 6 80 12 32 34.
Os integrantes da banda Eagles of Death Metal estão bem? Sim, a banda está a salvo. No início do ataque à casa de shows Bataclan, o grupo escapou do palco pelos bastidores, segundo afirmou o irmão de um dos membros, Michael Dorio. O irmão dele, Julian Dorio, é o baterista do grupo. Em entrevista à CNN, Michael disse que os músicos chegaram a ver os atiradores, mas encerraram o show quando notaram o ataque e fugiram. "Quando eles ouviram os tiros, eles apenas correram para o backstage. Ele me disse que viu os atiradores, mas não ficou por ali", explicou Dorio. O Eagles of Death Metal é atração do festival Lollapalooza São Paulo, em 2016.
Qual a relação do homem preso na Alemanha com os atentados? A ligação entre um homem detido na Alemanha na semana passada na posse de armas automáticas e explosivos e os ataques em Paris tem "fundamento", declarou neste sábado o ministro-presidente da Baviera, Horst Seehofer. Contudo, o porta-voz da polícia se recusou a confirmar à AFP uma conexão com os ataques em Paris, dizendo que não poderia dizer "o que ele pretendia fazer com suas armas".
Como está a França agora? Em estado de emergência. O exército francês patrulhará as ruas de Paris nos próximos dias para evitar novos atentados, anunciou François Hollande. "As forças de segurança e o exército, a quem agradeço sua atuação ontem, estão mobilizadas ao maior nível de suas possibilidades", disse Hollande. Seis mil agentes vistoriam fronteiras e aeroportos. A polícia emitiu um alerta, pedindo que os parisienses não deixem suas casas, "a não ser em caso de absoluta necessidade". Lugares públicos devem reforçar a segurança nas entradas e acolher aqueles que estiverem em necessidade. A polícia também ordenou que se interrompam as manifestações e eventos em áreas externas. Em Paris, os hospitais entraram em "Plano Branco", um estado de emergência e crise, segundo o "Le Monde". Cinco linhas de metrô tiveram seus serviços interrompidos.
O que o presidente da França declarou? François Hollande disse neste sábado, em uma declaração à nação, que os atentados da noite de sexta em Paris "são um ato de guerra do Estado Islâmico contra a França". Além disso, Hollande afirmou que os ataques foram organizados "no exterior da França" e que contaram com "cúmplices no interior" do país.
O que líderes mundiais falaram? Barack Obama, presidente dos EUA, disse em entrevista na Casa Branca: "Esse é uma ataque não apenas contra Paris e o povo da França. É um ataque contra a humanidade e os valores que compartilhamos (...) Aqueles que acham que podem aterrorizar o povo da França e os valores que eles representam estão errados". No Twitter, a presidente Dilma Rousseff que está "consternada pela barbárie terrorista". "Expresso meu repúdio à violência e manifesto minha solidariedade ao povo e ao governo francês". Leia mais declarações aqui.
O que os brasileiros que estavam em Paris disseram? "Vi as pessoas correndo, caindo por cima das outras, após sair do estádio", relatou o pernambucano Thiago Luna, de 19 anos, que mora em Paris há 8 meses e assistia ao jogo entre França e Alemanha, no Stade de France. Welliton Caixeta Maciel contou que está em Paris para fazer sua pesquisa de doutorado. Ele estava se dirigindo a um local próximo a onde houve um dos ataques para encontrar alguns amigos, mas foi alertado para voltar para casa. "Um dos meus amigos me escreveu mandando mensagem dizendo para não sair porque tinha acontecido tiroteios. Até então eles não sabiam o que era aquilo. Voltei pra casa e fui ler o que estava havendo. Em menos de duas horas isso foi tomando uma proporção terrível". Leia mais depoimentos.
Ferido é retirado de maca da casa de shows Bataclan, local que sofreu ataque terrorista em Paris (Foto: Thibault Camus/AP)Ferido é retirado de maca da casa de shows Bataclan, local que sofreu ataque terrorista em Paris (Foto: Thibault Camus/AP)
Trio se abraça perto da casa de shows Bataclan após ataque terrorista em Paris (Foto: Christian Hartmann/Reuters)Trio se abraça perto da casa de shows Bataclan após ataque terrorista em Paris (Foto: Christian Hartmann/Reuters)

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Presidente da França declara estado de emergência e fecha fronteiras




Agentes de resgate trabalham perto de corpos cobertos no lado de fora de um restaurante após tiroteios em Paris© REUTERS/Philippe Wojazer Agentes de resgate trabalham perto de corpos cobertos no lado de fora de um restaurante após tiroteios em Paris O presidente da França, François Hollande, declarou estado de emergência em todo o país e anunciou o fechamento das fronteiras francesas após uma série de ataques em Paris na noite desta sexta-feira, nos quais ele disse que dezenas de pessoas foram mortas.
Hollande afirmou em uma breve declaração em rede nacional que uma reunião de gabinete foi convocada.
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"O estado de emergência será declarado", disse Hollande. "A segunda medida será o fechamento das fronteiras nacionais", acrescentou.

Ataques em Paris deixam ao menos 140 mortos

Cerca de 100 pessoas foram mortas na noite desta sexta-feira na casa de shows Bataclan, no centro de Paris, e outras 40 morreram em outros locais na capital francesa e arredores em um ataque coordenado de militantes, afirmou uma autoridade da prefeitura de Paris.
Membros da brigada de incêndio da França ajudam feridos© REUTERS/Christian Hartmann Membros da brigada de incêndio da França ajudam feridos
Criminosos armados e homens-bomba atacaram restaurantes e bares lotados e uma casa de shows nos arredores de Paris na noite de sexta-feira, matando dezenas de pessoas no que o presidente da França, François Hollande, descreveu como um ataque terrorista sem precedentes.
Hollande declarou estado de emergência em todo o país e anunciou o fechamento das fronteiras francesas após a série de ataques.
"É um horror", afirmou Hollande em uma breve declaração em rede nacional de televisão, acrescentando que uma reunião de gabinete foi convocada.
"O estado de emergência será declarado", disse Hollande. "A segunda medida será o fechamento das fronteiras nacionais", acrescentou.
"Nós precisamos garantir que ninguém vai cometer nenhum ato desses e, ao mesmo tempo, garantir que os que cometeram esses crimes serão presos se tentarem deixar o país", disse.
Hollande afirmou ainda que pediu reforço militar na área de Paris para garantir que nenhum ataque seja realizado novamente.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que os aeroportos do país permanecerão abertos e que as operações de voos e trens serão mantidas.
"Os aeroportos continuam funcionando. Voos e serviços de trens estão garantidos", afirmou o ministério em comunicado.

Mariana: três corpos aguardam identificação no IML de Belo Horizonte

O número de desaparecidos permanece em 19, sendo dez funcionários da Samarco e nove moradores de Bento Rodrigues
Agência Brasil
Atualizado em 13/11/2015 11:49:02
  
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que três corpos foram encontrados e aguardam identificação no Instituto Médico-Legal da capital mineira. Segundo a corporação, as buscas continuam e os corpos só serão classificados como vítimas do rompimento das duas barragens de rejeitos em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), após a identificação.
Mariana (MG) - Após o rompimento de duas barragens, moradores voltam ao vilarejo para auxiliar Bombeiros e representantes da Defesa Civil (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Buscas continuam em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG)
(Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)
Na quinta-feira (12) à tarde, o Corpo de Bombeiros confirmou a sexta vítima do acidente. O número de desaparecidos permanece em 19, sendo dez funcionários da Samarco e nove moradores de Bento Rodrigues. No total, 637 pessoas – somando 185 famílias – perderam as casas ou tiveram o imóvel afetado pelo rompimento das barragens.
Eles foram levadas para hotéis e pousadas da região. Nesta sexta-feira, os bombeiros receberam um reforço de 65 militares no efetivo das equipes de busca, que percorrem as calhas às margens do curso d'água por onde houve escoamento da lama das barragens.
RejeitosA onda de cheia já passou pela última estação de monitoramento localizada em Linhares (ES). A lama, porém, que tem avanço mais lento, continua sendo monitorada. Em decorrência da passagem da lama pelos reservatórios das usinas hidrelétricas em Minas Gerais e no Espírito Santo, a situação está sendo reavaliada. Até o momento, a previsão é de que os rejeitos cheguem a Linhares até o próximo dia 19.

Cidades suspendem abastecimento de água após lama atingir o Rio Doce

Nessa quinta-feira (12), moradores protestaram contra a Vale, que junto com a mineradora BHP controla a Samarco, responsável pelas barragens que se romperam em Mariana
Agência Brasil
  
Em Governador Valadares (MG), cidade mais afetada pela interrupção no abastecimento de água depois que a lama proveniente do rompimento das barragens em Mariana chegou ao Rio Doce, a população faz filas para comprar água mineral e reclama da falta de uma solução para o problema.
A cidade, que fica a 300 quilômetros do município onde as barragens se romperam, tem 280 mil habitantes e a água precisou ser cortada após o fluxo de lama com rejeitos de mineração atingir o rio, que é a principal fonte de abastecimento local. O município decretou estado de calamidade pública. 
Passagem da lama pelo Rio Doce, devido ao rompimento de barragens em Mariana, causa 
desastre ambiental em Governador Valadares, em Minas Gerais
(Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios/Divulgação)
Moradora de Governador Valadares, a dona de casa Denise Cruz comprou dez galões de água, cada um com 5 litros, para as necessidades básicas da família. “Fiquei mais de duas horas esperando para comprar. Tive muita sorte. Essa água vai dar apenas para beber e cozinhar. A gente está sem rumo, sem saber quando vai ter água normal de novo".
Com 65 anos, o aposentado José Monte sempre morou na cidade. Para ele, Governador Valadares vive o pior momento de sua história. “Ninguém sabe quando a água vai voltar. Ninguém sabe o que vai fazer”, afirma. “Todos nós fomos pegos de surpresa, apesar de muita gente saber do rompimento das barragens. Mas a cidade não se preparou e agora o jeito é estocar e usar apenas para o essencial”.
Nessa quinta-feira (12), moradores protestaram contra a Vale, que junto com a mineradora BHP controla a Samarco, responsável pelas barragens que se romperam em Mariana. Eles bloquearam a linha férrea usada pela mineradora, pedindo uma solução para a falta de abastecimento.
A prefeitura de Governador Valadares informou que fez um projeto para captar água de outros rios. Enquanto isso não ocorre, 38 caminhões-pipa percorrem cidades da região, para encher os tanques, e retornam a Valadares para, prioritariamente, abastecer hospitais e estabelecimentos como escolas e creches.
A Samarco informou que enviou ao município mais de 2,5 milhões litros de água para ajudar no abastecimento, além de 13 mil litros de água potável, e que a partir de hoje enviará 2,4 milhões de litros por dia.
Rio Doce
Segundo o fotógrafo e ambientalista Leonardo Merçon, após a chegada da lama, a água do Rio Doce “parece um achocolatado com cheiro de ferrugem”. Ele coordena a organização não governamental Últimos Refúgios, que trabalha com preservação do meio ambiente, e foi a Governador Valares ver e fotografar a situação.
“É possível ver peixes morrendo asfixiados, camarões indo para as pedras quentes para fugir da lama”, disse. “Todos os seres vivos do Rio Doce que precisam da água para respirar morreram”, acrescentou.  
Segundo Merçon, muitos moradores da região não têm a dimensão do que está ocorrendo. “As pessoas estão comendo esses peixes mortos, que não se sabe se têm doenças. Outros estão recolhendo para vender. Mas muita gente já reclama que os peixes começam a ter mau cheiro e diz que a situação está ficando insuportável. Ninguém sabe quando vai se normalizar”.
Espírito SantoNeste fim de semana, a lama deve interromper o abastecimento de água nas cidades capixabas de Baixo Gandu e Colatina. “Nosso foco é Colatina, que tem mais de 120 mil habitantes, Com a chegada da lama, todo o abastecimento vai ser suspenso. A cidade fica incapacitada de captar água no Rio Doce”, disse à Agência Brasil o secretário do Desenvolvimeto do estado, João Coser.
Segundo ele, o governo trabalha com alternativas para ficar “semanas sem abastecimento. Agora, queremos garantir abastecimento paras as pessoas. Temos quantidade de carros para abastecimento. E vamos colocar algumas caixas d'água em pontos da cidade”, acrescentou Coser.

Bombeiros encontram falha em represa que não cedeu em Mariana

De acordo com o capitão Thiago Miranda, um desnível de cerca de três metros foi detectado na parede da represa
Da Redação (redacao@correio24horas.com.br)
  
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais encontrou uma falha em uma parte da parede de contenção da barragem Germano, em Mariana-MG. A Germano também é de responsabilidade da mineradora Samarco e não rompeu após o vazamento das barragens de Fundão e Santarém, no dia cinco deste mês.
De acordo com o capitão Thiago Miranda, um desnível de cerca de três metros foi detectado na parede da represa. Essa falha, provavelmente, foi ocasionada pelo pelo rompimento da barragem de Fundão. "Não é fissura, nem rachadura, nem trinca. Foram observados alguns desníveis, a terra desceu em alguns pontos", afirmou.
(Foto: Agência Brasil)
Ainda segundo Miranda, após acerto com o comando do Corpo de Bombeiros, a Samarco começou as obras de contenção no local. "A área está isolada. É claro que , existe um risco [de rompimento], mas não é grande e nem iminente porque a barragem está estabilizada com obras de reforço", completou o oficial.

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