'Caçador de rios' já descobriu mais de cem nascentes em São Paulo
Ele abandonou carreira de corretor de imóveis para se dedicar ao meio ambiente.
Um corretor de imóveis abandou a busca por casas para alugar e passou a procurar nascentes de rios em São Paulo. Desde que deixou sua antiga profissão, há quatro anos, o ativista ambiental Adriano Sampaio já encontrou mais cem em toda a cidade.
Foi na Praça Homero Silva, no Sumaré, hoje conhecida como Praça da Nascente, onde tudo começou. O local é o berço do Córrego Água Preta. Lá, a água sempre brotou em vários pontos, mas não era aproveitada.
“Acabei convidando um amigo e fizemos um lago em dois dias. Aí as pessoas começaram a aceitar a ideia, outras pessoas começaram a participar e a cuidar do lago, outras começaram a trazer peixes e as plantas”, disse Adriano Sampaio.
Calhas feitas com telhas e alguns canos direcionam a água das nascentes para o lago. Amigo de Sampaio, o mecânico Leandro Sabiá participou da obra. “Me sinto realizado, né. Fiz uma coisa que não é só para mim.”
Tudo o que diz respeito a água interessa Sampaio. Perto da casa dele, no Jaraguá, Zona Norte, tem diversas obras criadas por ele. Ele criou uma valeta para captar água da chuva que vem da Rodovia dos Bandeirantes.
“Quando eu cheguei aqui, percebi que formavam pequenas poças, porque cresce uma vegetação dentro das valetas. Entre uma valeta e outra existem barragens. Quando chegar na época de estiagem e começar a demorar para chover, quando uma valeta começar a secar, tem um cano por baixo da barragem que eu libero a água”, disse. “E essa água enche de novo a valeta, possibilitando que continue com água e nunca seque isso aqui.”
O ativista chegou a ajudar uma aldeia perto do Jaraguá a ganhar uma lagoa. Ele recebeu o convite do cacique de uma tribo guarani que vive na região. Foram quase quatro meses cavando até chegar no resultado buscado. “Não existia uma lagoa, a gente fez através dos mutirões, até as crianças participaram.”
O caciquei Ari Augusto Martins agradeceu. “A primeira coisa importante dentro de uma aldeia é rio, é agua”, disse. “Para ter uma cultura indígena completo, tem que ter um espaço, tem que ter a natureza. Tem que ter terra e rios.”
Questionado se já foi julgado por amigos e parentes por largar tudo pelo meio ambiente, disse: “Muitos já me chamaram de maluco, inclusive a minha família. ‘Pô, o que você vai fazer? Deixar uma vida onde eu ganhava um pouco mais para viver com um pouco menos, mas com mais qualidade de vida. Acho que vale a pena, sugiro essa loucura para as pessoas”.