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sábado, 29 de julho de 2017

USP alerta para circulação de vírus que causa sintomas parecidos com os de dengue e zika

Febre oropouche é transmitida por mosquito conhecido como maruim ou pólvora, de dois milímetros. Doença pode evoluir para meningite, mas não há registros de morte, diz virologista.

Por Jornal da EPTV 2ª Edição
 
USP alerta para perigo da chegada de um novo vírus à região
O Departamento de Virologia da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto (SP) alerta para a circulação do vírus da febre oropouche nas cidades brasileiras. Transmitido por um mosquito, ele causa sintomas muito parecidos com os de doenças como dengue, zika e febre chikungunya, e pode evoluir para meningite.
Para o virologista da USP Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, é importante que o vírus seja discutido para que profissionais da saúde estejam preparados para fazer o diagnóstico da doença.
O vírus oropouche foi identificado pela primeira vez no Brasil na década de 1960, e há registros frequentes da ocorrência de pessoas doentes na região da Amazônia, no Peru e em países do Caribe.
Segundo Figueiredo, o oropouche é transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim ou pólvora. O inseto tem dois milímetros de tamanho e também se reproduz em ambientes úmidos e com água parada, assim como o Aedes Aegypti, e é encontrado em todo o país.
“É um vírus potencialmente emergente, já que o vetor que o transmite está presente em nosso meio, em várias regiões do Brasil. Essa virose está acontecendo nas proximidades, não está longe daqui. Então, ela pode vir a emergir e causar epidemias na cidade”, diz o virologista.
Em 2010, o Departamento de Virologia da USP diagnosticou duas pessoas com a doença – uma jovem de 18 anos, que viajou a Porto Seguro (BA), e um homem de 61 anos, que contraiu a doença em Rondônia.
Na Bahia, dois casos da doença foram descobertos em julho deste ano – uma criança de 10 anos que mora em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, e um adolescente de 16 anos que mora em Salvador. Um deles estava na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, quando ficou doente.
Mosquito que transmite o vírus oropouche é conhecido como maruim ou pólvora e mede 2 milímetros (Foto: Reprodução/EPTV)Mosquito que transmite o vírus oropouche é conhecido como maruim ou pólvora e mede 2 milímetros (Foto: Reprodução/EPTV)
Mosquito que transmite o vírus oropouche é conhecido como maruim ou pólvora e mede 2 milímetros (Foto: Reprodução/EPTV)

Diagnóstico

No Brasil, segundo o pesquisador, mais de 500 mil casos de febre oropouche foram registrados nas últimas décadas. Em 2002, Figueiredo participou de um estudo com 128 pessoas infectadas com o vírus em Manaus (AM), mas que foram apontadas com quadro clínico de dengue. A maior dificuldade é compreender os sintomas para eliminação de doenças causadas pelo Aedes aegypti
De acordo com Figueiredo, há poucos lugares com recursos para confirmação em laboratório. N região de Ribeirão Preto, apenas o Hospital das Clínicas está preparado para exames para identificar o vírus.
“São doenças agudas que dão febre, dor de cabeça, dor muscular. Elas são muito parecidas e podem ser confundidas. Eventualmente sim, pode estar sendo confundido com outra coisa”, explica o pesquisador.
Embora possa evoluir para um quadro de meningite, doença considerada grave por atingir o sistema nervoso central, o oropouche não é capaz de causar patologias congênitas, como é o caso do zika vírus.
“O zika tem esse potencial de infectar o sistema nervoso central, principalmente causando doença congênita, a paralisia flácida de Guillain-Barré, que não é o caso da febre do oropouche. Um percentual dos casos de febre do oropouche desenvolve meningite, mas não há relatos de mortes de meningite por oropouche.”
Figueiredo alerta para a criação de políticas públicas de treinamento de profissionais da saúde para que a população não seja surpreendida, mais uma vez, por uma possível epidemia.
“Seria importante que a gente pensasse nessa possibilidade desse vírus aparecer por aqui e começasse a se preparar, fazer exames para diagnosticar casos, senão ele sempre não vai ser descoberto, porque ninguém pensa, ninguém lembra.”
O virologista da USP Ribeirão Preto, Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, estuda o vírus oropouche (Foto: Reprodução/EPTV)O virologista da USP Ribeirão Preto, Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, estuda o vírus oropouche (Foto: Reprodução/EPTV)
O virologista da USP Ribeirão Preto, Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, estuda o vírus oropouche (Foto: Reprodução/EPTV)

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