Mulher disse ainda que conserto do piso foi feito na véspera da tragédia que deixou 4 mortos. Desabamento deixou quatro pessoas da mesma família mortas.
Por G1 BA
A mãe dos dois adultos que morreram após o desabamento de um prédio, nesta terça-feira (13), em Salvador, contou que o piso da cozinha do imóvel havia cedido durante o último final de semana. Iara Maria Silva, de 55 anos, também é avó das duas crianças que morreram na tragédia. Ela disse que o conserto do piso da cozinha foi feito na última segunda-feira (12).
"Com essa chuva toda, a gente tinha um porão aberto embaixo, e desceu muita água. Quando foi ontem, veio um rapaz e consertou [o piso]", disse.
Quatro pessoas morreram após o desabamento, enquanto outras três sobreviveram: Alex Pereira de Jesus, de 29 anos; a mulher dele, Beatriz, de 30 anos e a filha do casal, Sabrina Menezes, de 11 meses.
Os mortos foram Rosemeire Pereira de Jesus, de 34 anos; o irmão dela, Alan Pereira de Jesus, 31; além dos dois filhos de Rosemeire, Robert de Jesus, de 12 anos e Artur de Jesus, 1 ano.
Aline de Jesus, prima das vítimas, disse que o esgoto passava por baixo da casa que desabou e que acredita que isso tenha causado a queda do imóvel. "A minha família não caiu a ficha ainda. Todo mundo sofrendo. O esgoto descia todo para a casa deles. Não tem lugar que resista", disse.
Iara Maria Silva relatou ainda a persistência de um dos filhos para construir a casa para a família. Alex Pereira de Jesus, que sobreviveu, foi quem construiu a casa, com o objetivo de dar abrigo aos irmãos, que moravam de aluguel.
"Ele lutou para ter essa casa para ele, e os irmãos saírem do aluguel. Porque era uma luta danada para pagar aluguel. Era o sonho, ele estava tão feliz. Se dedicou mesmo, qualquer centavo que ganhava era para casa", disse.
O imóvel que desabou não fica em área de risco -- mas há a suspeita de que a construção estava irregular, segunda informações de Sosthenes Macêdo, diretor geral da Defesa Civil de Salvador. Dez famílias que moravam em casas vizinhas tiveram que deixar os imóveis.
Construção
O prédio ficava no final de um beco estreito na Rua Alto do São João. Moradores se aglomeraram no espaço para acompanhar o resgate das vítimas, e a quantidade de pessoas no caminho chegava a atrapalhar a passagem das equipes.
O diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macedo, informou que um dos moradores que sobreviveu disse que o prédio era dividido em quatro pavimentos: subsolo, térreo, primeiro e segundo andar. A construção teria cinco anos.
O diretor geral afirmou ainda que a avaliação preliminar é de que a construção do prédio era irregular. "Somente depois da área limpa, para enxergar a fundação, a estrutura que foi construída, para fazer o levantamento da edificação. Só com o término do procedimento", detalha.
"Os engenheiros informam que muito provavelmente foi uma falha na técnica de construção da edificação, que pode ter gerado esse tipo de situação, somado com a chuva", disse Sosthenes Macedo.
De acordo com o diretor geral da Codesal, duas casas que ficam na área superior ao local onde houve o desabamento foram condenados e começaram a ser demolidos, ainda nesta terça. Ainda conforme Sosthenes, cinco barrancos de madeira que ficam na parte de baixo do local da tragédia também foram condenados e serão removidos do local.
Os moradores foram notificados e devem deixar os imóveis. Segundo Juliana Portela, da Semps, as famílias vão receber auxílio-moradia da prefeitura.
"O auxílio-moradia é no valor de R$ 300, e o auxílio-emergência vai de um a três salarios míninos, a depender das perdas. É prudente que elas (moradores) não retornem. Elas podem rertornar para buscar pertences, acompanhados de engenheiro, a depender da avaliação desse profissional. Esses imóveis serão demolidos", disse Juliana.
Chuva em Salvador
Com as chuvas, Salvador registrou diversos pontos de alagamento e também acidentes, na manhã desta terça. Três acidentes envolvendo ônibus, micro-ônibus e van deixaram, ao menos, oito feridos.
Um poste de energia caiu em cima de, ao menos, dois carros no final de linha do bairro do Marback, em Salvador. Por conta disso, a região ficou sem energia elétrica. O caso ocorreu por volta das 4h. Moradores dizem que o equipamento já aparentava risco de cair e que acionaram a Coelba, concessionária de energia elétrica, que por sua vez teria prometido que o equipamento seria trocado nesta terça-feira.
Até por volta das 16h, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) registrou um total de 219 solicitações. Entre as principais ocorrências estão 63 alagamentos de imóveis; 7 alagamentos de área; 47 ameaças de desabamento; 1 ameaça de desabamento de muro; 28 ameaças de deslizamento; 5 ameaças de queda de árvores; 3 árvores caídas; 3 desabamentos de imóveis; 35 deslizamentos de terra; um destelhamento; e duas pistas interditadas.
A Codesal está em plantão 24 horas através do telefone 199.