Foto: Francisco Galvão / Tribuna da Bahia
Elisangela Santana, viu sua história de amor nascer da solidariedade
Se faltar dinheiro, o amor completa. Para os casais, moradores de rua
de Salvador, essa é uma verdade absoluta. Não falta só dinheiro. Há
falta de água, comida, roupa, cama, casa e drogas. Moradora do viaduto
do Aquidabã, Elisangela Santana, viu sua história de amor nascer da
solidariedade. “Ele me ofereceu dormida, lanche, cobertor, e a partir
daí, as coisas foram fluindo, até que aconteceu” conta.
Há mais de um ano Elisangela se relaciona com Artur Castro, a quem chama de marido. Eles se conheceram na rua e passam pelas adversidades da vida, colocando acima de tudo, o amor. “Eu amo muito ele. É amor de verdade. É isso que me ajuda enfrentar essa vida,” diz.
Embora o sentimento seja nobre, a moradora de rua sentiu na pele os riscos de viver um amor assim. Artur abusa do uso do Crack a anos, durante as crises se descontrola e acaba violentando Elisangela. Ela acumula cicatrizes que vão do rosto até o pescoço. “Isso aqui foi ciúmes, paranóia. São momentos ruins da nossa relação. Acontece. Eu continuo com ele por amor. Eu vou fazer o que se eu amo esse homem?,” pergunta.
Apesar do abuso, Elisangela só demonstrou sofrimento ao ouvir a declaração do marido de que não a amava. Foi nesse momento que a moradora de rua não segurou as lágrimas. “Eu não amo ela. Eu gosto dela. Como é que eu posso amar alguém sem me amar? Eu to com ela por que a gente ta ai, junto na rua,” explica o companheiro da moradora, Artur Castro.
Para eles, o fator responsável pela união e desunião do casal, é um só, o crack. “Nos conhecemos através do crack. Usamos juntos e começamos a nos gostar. Mas a droga só faz matar, roubar e destruir. As marcas nela são consequências das pedras. Se um dia me oferecerem tratamento, a mim e a ela, a gente vai. Queremos mudar de vida. Não dá pra existir amor numa realidade dessas. Dois usuários juntos, como é que dá pra caminhar? Um cego guiando o outro?,” explica.
Há muita dor, mas muito amor entre eles também. Foi esse amor que fez Luana, de apenas 18 anos, sair de casa, atrás de Jean, também de 18 anos. “Tem três dias que eu estou aqui. Mas é temporário. O pai dele mora aqui, ele mora aqui, ai eu vim ficar aqui também. Aqui não é melhor do que onde eu estava. Tinha casa, comida, mas não tinha ele. Eu vim por amor, ninguém vem pra rua se não gostar,” conta.
Grávida de três meses, Luana conheceu Jean há quatro. Os estudos ela interrompeu na quarta série, e conta que conheceu o namorado enquanto ele lavava vidros de carro em um semáforo perto de casa. “Conheci ele no meu bairro, a mãe dele mora lá. O sentimento foi surgindo e ai aconteceu, aconteceu também o neném. Vamos morar juntos, queremos casar, mas isso só Deus que sabe,” diz.
Para Jean, a prova de amor dada por Luana, não muda em nada o sentimento que nutre por ela. “Eu não pedi pra ela vir. Ela veio por vontade própria. Eu não me apaixonei por ela, eu não amo ela, eu gosto dela,” afirma.
Esperança de vida melhor
Apesar de admitir não ser muito avesso a romantismo, quando o assunto é casamento, Jean embarga a voz, deixa os olhos brilharem e fala baixinho. “Eu quero muito casar com ela. Ela me ajuda a passar pelo sufoco. Mas eu não quero essa vida de morar na rua pra gente, isso não é vida pra ninguém,” revela.
O limpador de vidros largou os estudos na quinta serie. Para o filho que está chegando, ele pede uma vida melhor. “Eu não uso drogas, só maconha. Mas não quero isso pro bebê. Eu tenho planos de sair daqui, só não sei quando. Ela tem que ir ao médico, ver como está à criança. Dar uma vida a ela melhor do que a que eu tive. Ver meu filho crescer com saúde e ser feliz,” finaliza.
A situação vivida pelos dois casais entrevistados pela Tribuna é visível em vários bairros da cidade. É comum encontrar pela cidade casais de namorados que moram nas ruas e demonstram felicidade como se estivessem vivendo em um lar. Apesar de viverem nas ruas, não deixam de ter carinho e amor um com os outros.
Há mais de um ano Elisangela se relaciona com Artur Castro, a quem chama de marido. Eles se conheceram na rua e passam pelas adversidades da vida, colocando acima de tudo, o amor. “Eu amo muito ele. É amor de verdade. É isso que me ajuda enfrentar essa vida,” diz.
Embora o sentimento seja nobre, a moradora de rua sentiu na pele os riscos de viver um amor assim. Artur abusa do uso do Crack a anos, durante as crises se descontrola e acaba violentando Elisangela. Ela acumula cicatrizes que vão do rosto até o pescoço. “Isso aqui foi ciúmes, paranóia. São momentos ruins da nossa relação. Acontece. Eu continuo com ele por amor. Eu vou fazer o que se eu amo esse homem?,” pergunta.
Apesar do abuso, Elisangela só demonstrou sofrimento ao ouvir a declaração do marido de que não a amava. Foi nesse momento que a moradora de rua não segurou as lágrimas. “Eu não amo ela. Eu gosto dela. Como é que eu posso amar alguém sem me amar? Eu to com ela por que a gente ta ai, junto na rua,” explica o companheiro da moradora, Artur Castro.
Para eles, o fator responsável pela união e desunião do casal, é um só, o crack. “Nos conhecemos através do crack. Usamos juntos e começamos a nos gostar. Mas a droga só faz matar, roubar e destruir. As marcas nela são consequências das pedras. Se um dia me oferecerem tratamento, a mim e a ela, a gente vai. Queremos mudar de vida. Não dá pra existir amor numa realidade dessas. Dois usuários juntos, como é que dá pra caminhar? Um cego guiando o outro?,” explica.
Há muita dor, mas muito amor entre eles também. Foi esse amor que fez Luana, de apenas 18 anos, sair de casa, atrás de Jean, também de 18 anos. “Tem três dias que eu estou aqui. Mas é temporário. O pai dele mora aqui, ele mora aqui, ai eu vim ficar aqui também. Aqui não é melhor do que onde eu estava. Tinha casa, comida, mas não tinha ele. Eu vim por amor, ninguém vem pra rua se não gostar,” conta.
Grávida de três meses, Luana conheceu Jean há quatro. Os estudos ela interrompeu na quarta série, e conta que conheceu o namorado enquanto ele lavava vidros de carro em um semáforo perto de casa. “Conheci ele no meu bairro, a mãe dele mora lá. O sentimento foi surgindo e ai aconteceu, aconteceu também o neném. Vamos morar juntos, queremos casar, mas isso só Deus que sabe,” diz.
Para Jean, a prova de amor dada por Luana, não muda em nada o sentimento que nutre por ela. “Eu não pedi pra ela vir. Ela veio por vontade própria. Eu não me apaixonei por ela, eu não amo ela, eu gosto dela,” afirma.
Esperança de vida melhor
Apesar de admitir não ser muito avesso a romantismo, quando o assunto é casamento, Jean embarga a voz, deixa os olhos brilharem e fala baixinho. “Eu quero muito casar com ela. Ela me ajuda a passar pelo sufoco. Mas eu não quero essa vida de morar na rua pra gente, isso não é vida pra ninguém,” revela.
O limpador de vidros largou os estudos na quinta serie. Para o filho que está chegando, ele pede uma vida melhor. “Eu não uso drogas, só maconha. Mas não quero isso pro bebê. Eu tenho planos de sair daqui, só não sei quando. Ela tem que ir ao médico, ver como está à criança. Dar uma vida a ela melhor do que a que eu tive. Ver meu filho crescer com saúde e ser feliz,” finaliza.
A situação vivida pelos dois casais entrevistados pela Tribuna é visível em vários bairros da cidade. É comum encontrar pela cidade casais de namorados que moram nas ruas e demonstram felicidade como se estivessem vivendo em um lar. Apesar de viverem nas ruas, não deixam de ter carinho e amor um com os outros.