O ajudante Gabriel Soares Marques, 20 anos, morreu após cair de um ônibus em movimento e ser atropelado pelo coletivo na manhã desta sexta-feira (6), em Salvador. O acidente aconteceu no bairro do Calabetão, no final de linha da Praça da Esperança, por volta das 6h30.
De acordo com a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), a vítima tentou embarcar no ônibus da empresa OP Trânsito, do consórcio Integra, quando as portas do coletivo já estavam fechadas. Gabriel não conseguiu se segurar e caiu, sendo atropelado pelo veículo que fazia a linha 1398 - Estação Pirajá/Calabetão, de número de ordem 27029.
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A vítima, Gabriel Soares Marques, tentou embarcar no ônibus em movimento e caiu. Ele trabalhava em uma transportadora(Foto: Yne Manuella/Correio)
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Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Um representante da OP Trânsito informou ao CORREIO que o motorista do ônibus entrou em contato com a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após o acidente, e que fugiu do local para não ser linchado pela população, conforme orientações da própria empresa.
Há 20 dias, Gabriel tinha começado a trabalhar como ajudante na transportadora Star Log. Segundo o pai da vítima, Carlos José dos Santos, o jovem pegava esse mesmo ônibus todos os dias para ir ao trabalho. "Eu não moro com a família, sou separado da mãe dele, e estava em casa quando recebi a notícia que ele tinha caído do ônibus", disse Carlos José ao CORREIO.
Segundo o pai de Gabriel, o jovem estava empolgado com a contratação e cheio de planos - entre eles a compra de uma motocicleta. "Ele estava doido querendo trabalhar, e ficou super feliz quando consegui esse emprego para ele. E aí aconteceu uma fatalidade dessa", lamentou.
A mãe da vítima não teve condições de ir ao local do acidente. "Eu falei com ela por telefone, e ela está muito abalada. É uma coisa muito chocante para uma mãe, perder um filho de 20 anos, único filho homem, ainda mais dessa forma", comentou seu Carlos José.
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Gabriel tinha 20 anos e estava a caminho do trabalho no momento do acidente (Foto: Yne Manuella/Correio)
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A estudante Amanda Portugal, 16 anos, estava dentro do coletivo no momento do acidente e diz que o motorista do ônibus não costuma parar no ponto de ônibus onde Gabriel estava porque sempre vai muito cheio no horário das 6h, e que costuma pegar os passageiros em uma área localizada antes do ponto.
"Ontem ele [o motorista] fez a mesma coisa - passou, parou aqui, pegou quem estava ali, subiu e passou correndo para não passar no ponto porque estava muito gente, e lá ninguém para. O motorista não para no ponto normal", disse a estudante ao CORREIO.
"Hoje ele estava vindo e o cara [Gabriel] estava no ponto que ele não para e correu, mas pelo que eu vi o ônibus não atropelou. Não deu pra atropelar", comentou Amanda. "Ele pulou, tentou se segurar, não conseguiu e bateu a cabeça no chão".
Segundo a adolescente, Gabriel tentou entrar pela porta do meio do coletivo, que estava fechada. "O motorista espera quem paga entrar primeiro, sentar e se acomodar. Depois ele abre a porta do meio para o povão entrar", explicou Amanda. "Acho que ele [Gabriel] não queria se atrasar, deu um pulo e caiu. Muitos fazem isso - pulam, se seguram e com a força eles abrem a porta do meio fechada".
Ao ver o corpo da vítima, Amanda desmaiou e precisou ser carregada pelo pai. "Ele estava muito torto, e vi muito sangue saindo de um lado do rosto. E o motorista correu porque ia ser linchado", ressaltou.
Além dos pais, Gabriel deixa uma irmã. O motorista do ônibus se encontra na 11ª Delegacia (Tancredo Neves), onde vai ser ouvido sobre o caso. O corpo da vítima foi encaminhado ao Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde deverá passar por uma perícia antes de ser liberado para os familiares.
* Com informações do repórter fotográfico Mauro Akin Nassor