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segunda-feira, 7 de março de 2016

Microcefalia: “Para nós é uma criança normal, apesar de a medicina não achar”

Por Elioenai Paes - iG São Paulo 
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Pedro Emanuel nasceu com microcefalia há duas semanas: "Nós o amamos muito, com certeza", declara pai do bebê

Pedro Emanuel tem duas semanas de vida e começará o tratamento multidisciplinar no RJ
Arquivo pessoal
Pedro Emanuel tem duas semanas de vida e começará o tratamento multidisciplinar no RJ
O lancheiro Robson Souza Pureza, de Terezópolis, no Rio de Janeiro, foi visitar os parentes em Salvador junto com a mulher, Raquel Silva de Andrade. No momento da viagem, em junho de 2015, a cidade estava passando por um surto de zika vírus, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Robson adoeceu, mas os sintomas persistiram por apenas poucos dias de maneira quase branda. Raquel também teve indisposições enquanto estava na cidade. De volta a Terezópolis, ela apresentou sinais de estar infectada pelo zika vírus, como coceiras no corpo e, quando foi ao médico tentar esclarecer, descobriu, de surpresa, estar grávida de dois meses.
Naquele momento, o zika vírus não estava associado como causador de microcefalia, e Raquel seguiu despreocupada com a gestação. Em uma ultrassonografia morfológica, no quinto mês de gravidez, uma alteração foi detectada no bebê. “Nós nos perguntávamos o que seria aquilo”, conta Robson. “Fizemos outra ultrassonografia morfológica e tornamos a ver o problema."
“Quando apareceu uma calcificação no cérebro, o médico disse que a cabeça dele não estava compatível com o tamanho da gestação”, explica. “Pelo tempo de gravidez, a cabeça devia estar um pouco maior”.
Pelas características da alteração, o médico que acompanhava Raquel pensou se tratar de sequelas de toxoplasmose, já conhecido como causador da malformação. O exame para detecção foi pedido e veio negativo para essa doença e também para o citomegalovírus, que também provoca microcefalia.
Um mês depois, conta Robson, eles começaram a ver notícias de que o zika vírus poderia estar causando o aumento de casos de microcefalia. “Depois que veio à tona na televisão e jornais que foi cair a ficha que ela podia ter sido causada pelo zika”.
Em um momento difícil de saúde pública do Rio de Janeiro, com muitas greves, Robson e Raquel tiveram de pagar todos os exames para identificar o problema no bebê. “E a gravidez dela foi de alto risco”. Com a dificuldade de fazer o acompanhamento em Terezópolis, eles tiveram de se locomover até a capital para ter acesso aos médicos.
Pedro Emanuel nasceu em 12 de fevereiro, com 49 centímetros, 3,347 kg e 31,5cm de perímetro cefálico. Ficou uma semana internado na UTI neonatal.
O amor pelo bebê é nítido. “Para nós, ele é uma criança normal, apesar de a medicina não achar. Nós o amamos muito, com certeza”, declara o pai.
Robson conta que Pedro Emanuel toma um remédio para evitar convulsões, e uma vitamina. Um dos braços do bebê ainda não responde aos movimentos normais para a idade. Dentro de três semanas, no entanto, eles devem começar o tratamento multidisciplinar no Rio de Janeiro.
"Cremos que Deus dá a cruz que podemos carregar, então nessa dificuldade estamos fazendo o nosso melhor. Ele é observado por nós 24h por dia, qualquer chorinho já estamos em cima para ver a reação", conta o pai. 
“Luto pelo filho ideal e construção de vínculo com o filho real”
Neuropsicóloga e especialista em cuidados com crianças com deficiência, Débora Moss explica que toda mãe sonha com um bebê perfeito. “Quando o filho não tem nenhuma deficiência, é muito mais fácil o ajuste à rotina do bebê do que se imaginava com o que está na frente”, conta. Há casos de mães de bebês com microcefalia com dificuldade para se adaptar à nova vida.
“Quando o bebê nasce com alguma deficiência, acontece um processo de luto. É abrir mão do filho que se sonhava, que se tinha expectativa”, explica Débora, que também é mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). “É um luto pelo filho ideal e a construção desse vínculo com o filho real. Isso acontece com qualquer mãe."
O acompanhamento psicológico é necessário para muitas mães que passam por essa situação. “Há a fase de negação, exatamente como as etapas do luto. Fase da raiva, depois um processo de aceitação e até mesmo de resiliência”, detalha a neuropsicóloga.
Segundo Débora, o ideal é fazer psicoterapia em grupo, já que dessa forma o psicólogo pode fazer um acolhimento de todas as angústias das mães, e há também a troca de experiência entre elas. “Há mães que já passaram por uma fase e outras que estão vivendo aquela ainda, então há a troca de experiências”.
Ouvir e acolher os sentimentos de culpa, de revolta e de dificuldade de fazer vínculo com o bebê evita a superproteção ao bebê, que pode ser nociva para seu desenvolvimento. “É normal ter sentimentos de ‘amo e odeio’, ‘não aceito e aceito’, ‘amo do jeito que é e não amo do jeito que é’. Há muitos sentimentos assim e, muitas vezes para se proteger disso, a mãe cria uma superproteção que gera angústia para elas e prejudica o bebê."
Saiba mais sobre o zika vírus e a microcefalia:
Assim como a dengue e o chicungunya, o mosquito aedes aegypti é o transmissor do zika vírus. Foto: iStock
A fêmea do Aedes aegypti pica alguém infectado e, depois de um tempo de replicação do vírus dentro dela,  passa a transmitir a doença na próxima vez que o inseto picar outra pessoa . Foto: iStock
Febre alta, dor atrás dos olhos, conjuntivite, vômitos, diarreia, dor abdominal, falta de apetite, inchaço e inflamação nos pés e braços, coceira e manchas pelo corpo e dores nas articulações são sintomas da doença . Foto: iStock
Não há vacina para a doença, o tratamento se concentra em aliviar os sintomas. O ideal é ficar de repouso, se hidratar e tomar analgésico receitado pelo médico . Foto: iStock
Relacionada ao zika vírus, a microcefalia podem apresentar atraso mental, déficit intelectual, paralisia, convulsões, epilepsia, autismo e rigidez dos músculos. A doença é grave e não tem cura. Foto: iStock
O zika vírus pode ter entrado no Brasil com torcedores estrangeiros durante a Copa do Mundo, em 2014, mas não há confirmação deste fato . Foto: iStock
Bairro onde se desenvolve o projeto com mosquitos geneticamente modificados  registrou apenas um caso de dengue desde julho. Foto: iStock
Da mesma forma que com a dengue, o foco para diminuir a epidemia é eliminar os criadouros do Aedes aegypti. Foto: iStock
Aplicar repelente contra insetos também é indicado . Foto: iStock
Assim como a dengue e o chicungunya, o mosquito aedes aegypti é o transmissor do zika vírus. Foto: iStock
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Uma das dificuldades enfrentadas pelas mães de bebês com microcefalia é que, muitas vezes, a forma em que eles se desenvolvem é diferente das fases esperadas para um bebê sem microcefalia.
“Um filho sem deficiência, muitas vezes dá sinais claros para a mãe nessa comunicação. Ele passa a falar em algum momento, consegue se comunicar”, explica Débora.
“Quando o bebê tem microcefalia, dependendo do grau ele tem mais dificuldades, às vezes a forma de se comunicar é não verbal, e muitas vezes não é rápida”, diz ela, ressaltando que cada bebê tem seu tempo.
“É uma criança que não tem nenhuma referência”, diz a psicóloga, explicando que, quando o bebê não tem microcefalia, se espera que ele aja de algumas formas em determinadas fases da vida.
“Não é algo que a mãe vê no primo ou sobrinho, que, quando tem alguma dúvida sobre o desenvolvimento da criança, vai na comadre, na vizinha ou na internet”, diz. No caso da microcefalia, explica a psicóloga, o bebê é único.
O acompanhamento psicológico para a família que cuida do bebê é importante para estabelecer um bom vínculo e livrar a mãe de qualquer tipo de culpa ou dificuldades. Além disso, o seguimento com uma equipe multidisciplinar é fundamental.
“É um trabalho com a criança e com a família. Ela vai ser avaliada para ver o que precisa naquele momento de vida dela. Conforme vai crescendo, outras demandas vão surgindo”, completa.
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    Como telas na janela ajudaram EUA vencer malária e podem ser úteis contra zika

    Por BBC 
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    Especialistas defendem que a medida seja usada em países afetados por surto causado pelo mosquito Aedes aegypti

    BBC
    Uso de telas em portas e janelas ajudou EUA a vencer a malária
    Joao Fellet
    Uso de telas em portas e janelas ajudou EUA a vencer a malária

    Pacientes com surtos de febre enchiam os leitos dos hospitais. Agricultores deixavam de semear as lavouras, incapazes de sair da cama. Doentes recorriam a plantas medicinais para baratear o tratamento. As cenas descrevem os efeitos da malária no sul dos Estados Unidos no começo do século 20.
    Especialistas dizem que a ofensiva contra a doença – que a extirpou da região por volta de 1950 – pode trazer valiosas lições ao combate à zika, enfermidade também transmitida por mosquitos.
    Eles defendem que uma das medidas mais simples e efetivas na vitória dos americanos contra a malária seja replicada nos países que hoje tentam controlar as infecções pelo Aedes aegypti: instalar telas em portas e janelas.
    Autor de um livro sobre doenças que foram eliminadas dos Estados Unidos, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Valderbilt (Tennessee) Clifton Meador diz que até 1930 cerca de um terço dos habitantes do sul do país sofriam de malária crônica "por morar em casas sem telas nas janelas".
    A doença era bastante comum em áreas afetadas pela Guerra Civil americana (1861-1865) – acredita-se que soldados tenham ajudado a disseminá-la. Outras enfermidades prevalentes na região na época eram a pelagra (deficiência de vitamina B3) e a ancilostomíase (transmitida pelo contato da pele com o solo infectado).
    Foto mostra família do sul dos EUA exposta a picadas do mosquito no início do século passado
    U.S. National Library of Medicine
    Foto mostra família do sul dos EUA exposta a picadas do mosquito no início do século passado

    No livro From Med School: shoes, window screens, and meat (Da escola de medicina: sapatos, telas de janelas e carne), Meador atribui a erradicação das três doenças a campanhas que mudaram os hábitos da população.
    No caso da malária, isso significou pôr telas em portas e janelas. A ofensiva envolveu também a drenagem de áreas de procriação do Anopheles, o mosquito transmissor da doença, e a aplicação de inseticida em casas e criadouros.
    Hoje grande parte das casas e edifícios nos Estados Unidos tem telas que impedem a entrada de mosquitos. E em muitas residências com ar condicionado, as janelas jamais são abertas. Pela internet é possível comprar telas a partir de US$ 2,40 (R$ 9) no país.
    Anopheles e o Aedes aegypti têm hábitos distintos. Enquanto o primeiro costuma se alimentar no crepúsculo ou à noite, o transmissor da zika e da dengue é mais ativo durante o dia.
    Apesar disso, ambos costumam picar humanos dentro de suas casas ou arredores. Por isso especialistas dizem que telas são um método eficiente para evitar infecções pelos dois mosquitos.
    Menina com malária no colo da mãe, ocorrência da doença era crônico no sul dos EUA
    U.S. National Library of Medicine
    Menina com malária no colo da mãe, ocorrência da doença era crônico no sul dos EUA

    O uso de telas contra a zika foi defendido numa reunião sobre a doença na sede da Organização Panamericana de Saúde, em Washington, na quarta-feira (2).
    Diretor do Centro para o Controle de Doenças e Prevenção (CDC) do governo americano, Lyle Peterson citou os itens entre uma série de produtos que deveriam ser usados imediatamente para evitar picadas, sobretudo entre mulheres grávidas.
    "Há métodos promissores de controle do vetor (Aedes aegypti) sendo desenvolvidos para o longo prazo", ele disse, "mas precisamos agir agora com os produtos que já existem".
    Os demais itens mencionados por Peterson – responsável pela divisão de zoonoses do CDC – são mosquiteiros (usados para cobrir camas), inseticidas para uso doméstico, repelentes e camisinhas (estudos indicam que o zika também pode ser transmitido sexualmente).
    Cartaz americano sugeria
    U.S. National Library of Medicine
    Cartaz americano sugeria "não se banhar fora de casa entre o pôr e o nascer do sol" por causa de mosquito
    Em reportagem publicada no jornal The New York Times em fevereiro, especialistas disseram que telas nas janelas e o ar condicionado eram as maiores armas dos Estados Unidos contra a zika.
    "A transmissão explosiva pelo (Aedes)aegypti só ocorre em áreas tropicais que têm muitas casas sem telas", disse ao jornal Scott Ritchie, médico do Instituto Autraliano de Saúde e Medicina Tropical.
    No Brasil, porém, especialistas dizem que o alto custo da eletricidade limita o uso do ar condicionado, e haveria obstáculos à instalação massiva de telas.
    "O uso de telas e mosquiteiros é correto, mas todas as ações que envolvem custos para o cidadão são difíceis de implantar no Brasil", diz o virologista Davis Ferreira, vice-diretor do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
    Ferreira afirma que, no país, os principais locais de disseminação de doenças por mosquitos são áreas bem pobres, como favelas. Mesmo se o governo assumisse a tarefa, diz ele, o custo da instalação seria bastante alto. E haveria outros desafios, como levar os itens a áreas controladas por criminosos.
    "Seria praticamente impossível pôr telas em todas as casas numa favela como a Rocinha (RJ), que tem 200 mil habitantes." Ferreira afirma, no entanto, que em áreas urbanizadas e de classe média a disseminação do método seria menos complexa e poderia gerar ótimos resultados.
      Leia tudo sobre: bbc • eua • igvigilante • aedesaegypti

      Piloto ameaça derrubar avião com 200 pessoas a bordo após mulher pedir divórcio

      Por iG São Paulo 
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      Italiano, 40 anos, não teve identidade revelada, mas já era conhecido da polícia depois que sua esposa o denunciou

      Um piloto italiano ameaçou derrubar o seu avião com 200 passageiros a bordo se sua esposa pedisse divórcio. O homem foi detido pela polícia alguns minutos antes de decolar no aeroporto de Fiumicino, Itália.
      O homem estava prestes a fazer um voo entre Roma e Japão, mas acabou sendo substituído sem que os passageiros ficassem sabendo. A esposa avisou a polícia que ele estava planejando se matar.
      O incidente aconteceu em janeiro, mas só foi divulgado agora. O piloto italiano, 40 anos, não teve identidade revelada, mas já era conhecido da polícia depois que sua esposa o denunciou por maus tratos.
      O piloto foi suspenso e ainda está passando por testes psiquiátricos. O sindicato dos pilotos italianos disse que outro incidente também aconteceu há três anos, quando um piloto da Alitalia foi suspenso depois que sua esposa deu um o alarme do mesmo tipo.
        Leia tudo sobre: avião • divórcio • itália
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