Órgão de navegação aérea e Ministério Público querem saber porque ela não vetou decolagem em Santa Cruz de la Sierra, apesar de detectar problemas em plano de voo.
Celia Castedo Monasterio, a funcionária que alertou que o avião da LaMia não tinha combustível suficiente para chegar a outro aeroporto em caso de emergência, irá responder a um processo penal da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea (Aasana).
Ela também está sendo investigada pelo Ministério Público da Bolívia, que avalia “falta de cumprimento de deveres” e “atentado contra a segurança dos transportes”.
Um documento com o relato da funcionária – que está afastada de seu trabalho – foi obtido pelo Jornal Hoje, e aponta que ela alertou a LaMia que o tempo de voo era igual à autonomia do avião, que isso não era adequado, e que fazia falta um plano alternativo.
A principal advertência se referia ao tempo de voo previsto entre Santa Cruz de La Siera e o aeroporto da cidade colombiana de Medellín (quatro horas e 22 minutos), que era o mesmo registrado para a autonomia de combustível que tinha a aeronave.
Segundo o jornal “El Deber”, de Santa Cruz de la Sierra, a Aasana avalia se houve negligência por parte de Monasterio, e querem que ela explique porque permitiu a saída da aeronave se existiam tantas observações a respeito do plano de voo. Com base em suas observações, ela poderia ter vetado a decolagem em Santa Cruz de la Sierra.
SAIBA MAIS
Segundo a funcionária, que tem 30 anos de experiência, ao ouvir suas queixas o despachante da Lamia respondeu que conversou com o piloto e não haveria problemas. “Não, senhora Celia, essa autonomia me passaram, é suficiente. Assim, não apresento mais nada. Faremos (o voo) em menos tempo, não se preocupe”, foi a justificativa que ela alega ter ouvido.
O acidente ocorreu na madrugada de terça-feira (29). A aeronave, um Avro RJ-85, bateu em uma montanha ao ficar sem combustível a 17 km da pista do aeroporto José María Córdova, em Medellín. Das 77 pessoas a bordo, 71 morreram. Houve seis sobreviventes. A aeronave havia sido fretada para levar o time da Chapecoense para Medellín.
Em entrevista na quarta-feira (30), o secretário de Segurança Aérea da Colômbia, Freddy Bonilla, afirmou que os tanques da aeronave estavam vazios. E que o piloto chegou a declarar emergência por falta de combustível às 21h52 (horário local), 0h52 no Brasil. Áudio divulgado pela imprensa colombiana mostra o piloto apontando que havia tido uma "falha elétrica" e "total" momentos antes da queda.