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domingo, 5 de março de 2017

2 anos após primeiros inquéritos, políticos vivem expectativa de nova 'lista do Janot'

Procuradores analisam delações da Odebrecht desde dezembro para embasar novas investigações ou inquéritos em curso; em março de 2015, Teori Zavascki autorizou investigação de 47 políticos.

Dois anos após o ministro Teori Zavascki autorizar ainvestigação de 47 parlamentares e ex-parlamentares de cinco partidos a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por supostos crimes de corrupção relacionados à Operação Lava Jato, o mundo político vive a expectativa da chegada ao Supremo Tribunal Federal (STF) de novos pedidos de inquérito baseados nas delações de 77 executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht.
Nos próximos dias, a PGR deve começar a apresentar à Justiça uma nova "lista do Janot", como foi apelidado o conjunto de solicitações de inquéritos enviado em março de 2015 pelo procurador. Agora, deverão ser mais de 200 pedidos com base nas delações da Odebrecht. Para isso, cerca de 950 depoimentos dos 77 delatores vêm sendo analisados desde dezembro, quando os dirigentes e ex-dirigentes da empreiteira falaram aos procuradores que cuidam do caso.
Entre os pedidos, deverá haver solicitações de novas investigações, acréscimo de detalhes a inquéritos já em andamento e, até mesmo, a possibilidade de denúncias, com provas documentais já entregues pela empresa (entenda abaixo as fases de um processo criminal).
Junto com parte dos pedidos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, poderá pedir o fim do sigilo sobre as delações, gravadas em vídeo. Outra parte ainda poderá continuar em segredo, se houver risco para as investigações futuras.
Procuradores da Lava-Jato analisam pedidos de inquérito baseados em delações da Odebrecht
Somente parte do material ficará no Supremo Tribunal Federal – aquela que eventualmente se referir a ministros e parlamentares, que, devido à prerrogativa de foro por função (o chamado foro privilegiado), só podem ser processados no STF.
Uma outra parte será enviada a vários outros tribunais. Se houver trechos relativos a governadores, por exemplo, estes vão para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Tribunais de Justiça estaduais (TJs) ou tribunais regionais federais (TRFs) receberão eventuais revelações sobre prefeitos e deputados estaduais. Pessoas sem foro privilegiado são investigadas na primeira instância da Justiça.
Nem todas as declarações dos executivos e ex-executivos da Odebrecht se relacionam à Petrobras. Por isso, parte do material será enviado para outros juízes, além de Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal, em Curitiba, assim como para outros ministros do STF que não Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.
Desde que foram prestados os depoimentos, em dezembro, o grupo de trabalho composto por dez procuradores que cuidam da Lava Jato têm trabalhado de forma ininterrupta na delação, inclusive durante o carnaval. A análise é considerada exaustiva porque envolve mapear a citação a cada político e separar os fatos ligados a cada um.
A nova "lista do Janot" deve ser mais extensa do que a primeira, apresentada em março de 2015. Estima-se que os delatores da Odebrecht tenham mencionado algo em torno de 200 políticos com e sem mandato atualmente.
Em 2015, o procurador-geral pediu – e o então relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki autorizou – inquéritos para investigar a participação de 47 políticos nos crimes apurados na operação.
À época, passaram à condição de investigados 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora integrantes de cinco partidos.
Equipe da Lava Jato trabalha em inquéritos da Odebrecht no Carnaval

As etapas dos processos

>> Na preparação dos pedidos de abertura de inquérito, os procuradores pesquisam se determinado episódio mencionado pelos delatores nos depoimentos já faz parte de outro inquérito que já esteja em andamento. Nesse caso, as novas provas entregues pelos executivos da Odebrecht devem ser juntadas a esses processos em andamento.
>> Se já não houver investigação sobre o caso, o grupo de procuradores ainda busca declarações contidas em delações mais antigas que possam reforçar as suspeitas para pedir a abertura de um novo inquérito.
>> Uma terceira possibilidade é o pedido de arquivamento de uma citação, se for considerado que não há indícios do cometimento de crime ou de sua autoria.
>> Quando chega à Justiça, o pedido de investigação ainda é analisado pelo magistrado responsável, que só então autoriza o início das diligências – que envolvem coleta de provas, depoimentos de testemunhas e também do próprio investigado.
>> Se ao final dessa fase, o Ministério Público considerar que há provas suficientes, apresenta uma denúncia, com acusações formais de crimes imputados.
>> Novamente, caberá ao Judiciário decidir se aceita a denúncia, o que leva à abertura de uma ação penal e torna o investigado réu num processo criminal.
>> É nessa fase que a defesa pode apresentar provas de inocência do acusado e tentar a absolvição.
>> A etapa final é o julgamento, que declara se há ou não culpa e qual a pena a ser aplicada.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Análise de DNA indica que frango do Subway não tem apenas frango

Frango: menos de 50% da carne no sanduíche do Subway é feita de frango: Sanduíche de frango do Subway© image/jpeg Sanduíche de frango do Subway

São Paulo – Uma análise revelou que o frango usado pela rede de restaurantes Subway está longe de ser apenas frango. O relatório, feito pela CBC Marketplace (programa de TV investigativo do Canadá), afirma que a ave dentro de sanduíches da cadeia de fast food contém menos de 50% do DNA do animal. Na realidade, a maior parte da carne é feita de soja.
O estudo da CBC analisou seis tipos de sanduíches de cinco empresas diferentes: McDonald’s, Wendy’s, Tim Hortons, A&W e Subway. Os testes foram realizados pelo laboratório de DNA Forense da Universidade de Trent, no Canadá.
Na primeira rodada de análises de DNA foram testadas duas amostras de cinco dos produtos e uma amostra do frango do Subway. Depois, os pesquisadores isolaram três porções pequenas de cada uma dessas amostras para mais uma bateria de testes.
Matt Harnden, cientista do laboratório, disse à CBC que a maioria dos sanduíches tinham pontuações muito próximas de 100% de DNA de frango.
Contudo, no caso do Subway, os resultados foram tão inesperados que os pesquisadores decidiram fazer análises mais profundas. Eles pegaram cinco amostras do frango assado de um dos lanches e mais cinco porções de frango em tiras de outro sanduíche da marca.
O resultado final surpreendeu os cientistas. O frango assado tinha apenas 53,6% de DNA de frango e o frango em tiras tinha ainda menos de DNA do animal (42,8%). O restante do DNA do alimento, segundo Harnden, é basicamente soja.
Cada frango testado contém uma média de 16 ingredientes, entre eles cebola em pó e mel. Além disso, o frango dessas redes de fast food tinha cerca de 25% menos proteína do que é encontrado em seu equivalente caseiro.

Subway rebate

O Subway condenou a análise nessa quarta-feira, 1, e sugeriu que o frango usado nos testes da CBC foi diluído em altos níveis de soja.
“O teste incrivelmente falho feito pelo Marketplace é um enorme desserviço para nossos clientes”, disse Suzanne Greco, presidente do Subway, em um comunicado, aponta o Washington Post. “A alegação de que nosso frango é apenas 50% de frango é 100% errada.”
A rede de fast food também liberou os resultados de seu próprio estudo, que foi feito um dia antes da publicação da análise da CBC. Dois laboratórios independentes, Maxxam Analytics e Elisa Technologies, testaram os frangos usados nos sanduíches do Subway e avaliaram a quantidade de soja nas amostras. Segundo a análise, a proteína vegetal faz parte de menos de 1% da porção coletada.
“Esses resultados são consistentes com os baixos níveis de proteína de soja que adicionamos com as especiarias para ajudar a manter os produtos úmidos e saborosos”, afirmou o Subway.
A CBC respondeu à empresa ao publicar o relatório completo de seis páginas em seu site. “Os testes de DNA não mentem (especialmente quando realizados várias vezes), e qualquer pessoa com acesso a um laboratório de DNA poderia realizar esses testes”, escreveu Robert Hanner, biólogo da Universidade de Guelph, no Canadá, no site da CBC.
O programa ainda explicou em seu site que os testes de DNA não revelam uma porcentagem exata da quantia de frango nas porções. Porém, de acordo com especialistas entrevistados pela CBC, o teste é um bom indicador da proporção animal e vegetal em alimentos.
Exames de DNA geralmente não são usados para indicar a massa percentual de algum alimento. Caso fosse possível separar a matéria vegetal da carne, em que 50% do DNA é da ave e 50% do DNA é da soja, as duas metades não equilibrariam uma escala.

Arquivado em:CIÊNCIA

quarta-feira, 1 de março de 2017

Responsáveis por erro no Oscar 2017 nunca mais trabalharão na premiação, diz Academia de filmes




Responsáveis por erro no Oscar 2017 nunca mais trabalharão na premiação, diz Academia de filmes

Presidente Cheryl Boone Isaacs diz que funcionário da PwC estava distraído nos bastidores e que relação da Academia com empresa de auditoria está 'sob revisão'.

Brian Cullinan (à esquerda) e Martha Ruiz da PwC conferem resultado após confusão no Oscar 2017 (Foto: Reuters) Brian Cullinan (à esquerda) e Martha Ruiz da PwC conferem resultado após confusão no Oscar 2017 (Foto: Reuters)
Brian Cullinan (à esquerda) e Martha Ruiz da PwC conferem resultado após confusão no Oscar 2017 (Foto: Reuters)
Os dois funcionários da empresa de auditoria PwC responsáveis pelo erro na entrega do prêmio de melhor filme do Oscar 2017 nunca mais irão trabalhar na premiação, disse nesta quarta-feira (1º) a presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Cheryl Boone Isaacs, à AP.
Na entrevista, a presidente afirmou que Brian Cullinan, quem entregou o envelope errado que resultou no anúncio equivocado de "La la land: Cantando estações" como melhor filme, estava distraído nos bastidores. E que ele e sua parceira, Martha Ruiz, foram permanentemente removidos de qualquer participação com a Academia de filmes.
Cheryl Boone Isaacs disse também que a relação da Academia com a empresa PwC, que faz a contagem de votos e a revelação dos vencedores do Oscar há 83 anos, está "sob revisão".

De indicado a vencedor e apresentador

A presidente da Academia elogiou os atores Warren Beatty e Faye Dunaway, e o apresentador Jimmy Kimmel, por terem contornado a situação. E também louvou o produtor Jordan Horowitz, de "La la land", que, em suas palavras, "foi de indicado a vencedor e apresentador em questão de minutos".
Boone Isaacs lamentou ainda que os "últimos 90 segundos" da transmissão acabaram ofuscando o que ela descreveu como "o show mais brilhante e maravilhoso".
Barry Jenkins, diretor de 'Moonlight', abraça Jordan Horowitz, produtor de 'La la land', após lerem o nome errado do melhor filme no Oscar 2017 (Foto: Lucy Nicholson/Reuters) Barry Jenkins, diretor de 'Moonlight', abraça Jordan Horowitz, produtor de 'La la land', após lerem o nome errado do melhor filme no Oscar 2017 (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)
Barry Jenkins, diretor de 'Moonlight', abraça Jordan Horowitz, produtor de 'La la land', após lerem o nome errado do melhor filme no Oscar 2017 (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)

Um erro – e pedidos de desculpas

Beatty e Dunaway apresentaram a categoria final do Oscar 2017, no domingo (26). Ao abrir o envelope que deveria ser de melhor filme, Beatty ficou olhando para o papel com o nome do vencedor, como se algo estivesse errado. O ator permaneceu 20 segundos sem saber o que fazer: a plateia pensou que era uma brincadeira. Até deu risada. O ator de 79 anos é conhecido pelo bom humor.
Então, Faye pegou o papel da mão do ator e leu: "La la land". Foi quando a equipe do filme se abraçou e foi receber a estatueta. Os produtores (Fred Berger, Jordan Horowitz e Marc Platt) discursaram e ficaram por 2 minutos e 23 segundos no palco, mas foram avisados da confusão. "Há um erro, 'Moonlight', caras, vocês ganharam melhor filme. Isso não é uma brincadeira, acho que eles leram a coisa errada", disse Horowitz.
Na segunda-feira (23), a PwC assumiu a falha. "Nos desculpamos sinceramente a 'Moonlight', 'La la land', Warren Beatty, Faye Dunaway e ao público do Oscar pelo erro que foi feito durante o anúncio de melhor filme. Os apresentadores receberam envelopes da categoria errada por engano e, quando descoberto, foi imediatamente corrigido. Nós estamos investigando como isso pode ter acontecido, e nos lamentamos profundamente que isso tenha acontecido. Agradecemos a graça com que os indicados, a Academia, a ABC, e Jimmy Kimmel cuidaram da situação", diz o comunicado.
A Academia de filmes também se desculpou posteriormente. "Lamentamos profundamente os erros cometidos durante a apresentação da categoria de melhor filme durante a cerimônia do Oscar de ontem à noite. Pedimos desculpas a todo o elenco e equipe de 'La la land' e 'Moonlight', cuja experiência foi profundamente alterada por esse erro. Saudamos a tremenda graça que exibiram sob as circunstâncias. Para todos os envolvidos – incluindo os nossos apresentadores Warren Beatty e Faye Dunaway, os cineastas, e os nossos fãs assistindo no mundo inteiro – pedimos desculpas".

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