Opositores cumpriam prisões domiciliar e foram levados na madrugada desta terça-feira (1º). União Europeia condenou as detenções.
Por G1
O Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) da Venezuela voltou a deter na madrugada desta terça-feira (1º) os políticos opositores Leopoldo López e Antonio Ledezma, que estavam em regime de prisão domiciliar, informaram fontes próximas aos dois dirigentes. (Veja no vídeo acima)
Os dois líderes opositores fizeram apelos na última semana para que as pessoas não votassem no domingo na eleição da polêmica Assembleia Constituinte, convocada por Maduro e rejeitada pela oposição e por vários países.
"Acabam de levar Leopoldo de casa. Não sabemos onde ele está, nem para onde o levaram. (Nicolás) Maduro é responsável se algo lhe acontecer", escreveu Lilian Tintori, a esposa de López, no Twitter. A oposição vem convocando manifestações pelo país contra a instalação da Assembleia Constituinte após a eleição realizada no último domingo (30).
A União Europeia condenou as detenções, de acordo com a France Presse.
O deputado Richard Blanco, coordenador do partido Alianza Bravo Pueblo (ABP), indicou por sua vez através desta mesma rede social que o Sebin também levou "o prefeito Ledezma" nesta madrugada, segundo a Efe.
Vários representantes da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) divulgaram no Twitter um vídeo que mostra Ledezma sendo retirado de sua residência por funcionários do Sebin.
Alguns dirigentes do Vontade Popular (VP), o partido de López, bem como do ABP, a legenda de Ledezma, reiteraram essas informações, responsabilizaram o presidente Nicolás Maduro pela integridade física de ambos e asseguraram desconhecer o local para onde eles foram levados.
Prisões anteriores
Ledezma, de 62 anos, foi detido em fevereiro de 2015 acusado de conspiração e formação de quadrilha e, após dois meses na prisão militar de Ramo Verde, nas proximidades de Caracas. Ele recebeu uma "medida cautelar" e, por motivos de saúde, passou a cumprir a pena em sua residência desde 2015. Quase dois anos e meio após sua detenção, Ledezma ainda não foi condenado.
López, de 46 anos, por sua vez, passou mais de três anos na mesma prisão e seus advogados denunciaram que ele foi torturado em várias ocasiões. Ele cumpria prisão domiciliar desde 8 de julho, depois de passar três anos e cinco meses na mesma prisão militar. López cumpria uma pena de quase 14 anos, condenado pela acusação de instigar a violência nos protestos de 2014 contra Maduro, que deixaram 43 mortos, de acordo com a a France Presse.
A ONG Foro Penal afirma que a Venezuela tem 490 "presos políticos", após a onda de detenções nos protestos iniciados em abril para exigir a saída de Maduro.
Escalada na tensão
No domingo (30), 545 deputados foram eleitos para compor a Assembleia Constituinte que redigirá a nova constituição para substituir a que foi aprovada em 1999, durante o governo do antecessor de Maduro, o presidente Hugo Chaves.
A proposta de promover a constituinte é, segundo Maduro, uma maneira de consolidar as conquistas do chavismo e trazer paz à Venezuela. Para a oposição, o objetivo é manter Maduro no poder. Na prática, a constituinte deve atrasar a próxima eleição, que está prevista para 2018.
A Constituinte será instalada na quarta-feira (2), dia em que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou um grande protesto em Caracas para denunciar sua "ilegitimidade".
A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica e um aprofundamento da crise política nos últimos meses. As manifestações são diárias desde de abril, após o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) assumir as funções do Parlamento, que é de maioria opositora. Com a forte oposição interna e da comunidade internacional, a medida foi revista, mas o clima seguiu tenso.
A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, divulgou afirmou que 121 pessoas morreram, incluindo as 10 deste domingo (quando aconteceu a votação da constituinte) e quase 2 mil ficaram feridas.
Segundo ela, há evidências de que 25% das 121 mortes ocorridas desde 1º de abril nos protestos contra o governo resultaram da “ação das forças de segurança". Já 40% dessas mortes foram provocadas por civis armados que atuam contra os manifestantes.
Sanções americanas
Na segunda-feira (31), o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções contra o presidente Nicolás Maduro. Segundo comunicado, todos os ativos de Maduro que estejam sujeitos à jurisdição dos EUA estão congelados, e todos os americanos estão proibidos de fazer negócios com ele. Ao anunciar as sanções, as autoridades americanas chamaram Maduro de ditador. O presidente venezuelano rejeitou as sanções, dizendo que não recebe "ordens imperialistas".