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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Vazamento de milhões de documentos revela paraísos fiscais de ricos e poderosos

Por BBC  - Atualizada às 
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Investigação batizada de Panama Papers aponta a existência de 107 offshores ligadas a investigados pela Operação Lava Jato

BBC
Mossack Fonseca, empresa que revelou documentos, é sediada no Panamá
Carlos Jasso/Reuters
Mossack Fonseca, empresa que revelou documentos, é sediada no Panamá
Um grande volume de documentos confidenciais vazados revelou a forma que algumas das pessoas mais ricas e poderosas do mundo usam paraísos fiscais para ocultar fortunas.
Os 11 milhões de documentos pertecem ao escritório de advocacia panamenho Mossak Fonseca e mostram como a empresa ajudou clientes a evitar sanções e o pagamento de impostos e a lavar dinheiro.
O escritório afirma que opera há 40 anos legalmente e que nunca foi acusado de nenhum crime.
Os documentos mostram ligações com 72 chefes de Estado atualmente no poder ou que já ocuparam o cargo, incluindo ditadores acusados de saquear seus próprios países.
Os dados envolvem pessoas ligadas às famílias e sócios do ex-presidente do Egito Hosni Mubarak, o ex-líder líbio Muammar Gaddafi e o presidente da Síria, Bashar al-Assad.
Também levantam a suspeita de haver um esquema de lavagem de diheiro comandado por um banco russo e pessoas muito próximas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Gunnlaugsson.
Eles foram obtidos pelo jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" e compartilhados com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
O programa BBC Panorama está entre as 107 organizações de mídia que vêm analizando os documentos. A BBC não conhece a identidade da fonte que os forneceu.
Gerard Ryle, diretor do ICIJ, diz que os documentos tratam do cotidiano de negócios do Mossack Fonseca nas últimas quatro décadas. "Acredito que o vazamento será o maior golpe que o mundo de empresas offshore já sofreu por conta da dimensão dos documentos", afirmou.
Esse nome é dado a empresas abertas por pessoas e empresas em um país diferente do que se reside, normalmente com condições fiscais mais favoráveis.
Os documentos indicam a existência de 107 empresas offshore ligadas a pessoas envolvidas na Operação Lava Jato, segundo o portal UOL, que integra o ICIJJ. No Brasil, essa prática não é ilegal se tiver sido declarada à Receita Federal.
Empresas associadas a Putin estão em nome de um amigo de infância e padrinho de sua filha
The Presidential Press and Information Office - 02.11.2015
Empresas associadas a Putin estão em nome de um amigo de infância e padrinho de sua filha
Acordos suspeitos
Os documentos lançam suspeitas sobre as atividades do Bank Rossiya, ao qual a União Europeia e os Estados impuseram sanções após a anexação da Criméia pela Rússia, em 2014. Eles apontam pela primeira vez como o banco opera.
O dinheiro teria sido movimentado por meio de empresas offshore, duas das quais tem como dono um dos amigos mais próximos de Putin. Eles indicam que as companhias Sonnete Overseas, International Media Overseas, Sunbarn and Sandalwood Continental lucraram com transações falsas, serviços de consultoria inexistentes e compras suspeitas de ativos.
A International Media Overseas e a Sonnette Overseas são de propriedade do violoncelista Sergei Roldugin, amigo de infância do presidente russo e padrinho da sua filha, Maria. Segundo os documentos, Roldugin faturou milhões de dólares em acordos suspeitos.
Mas documentos das empresas de Roldugin afirmam: "A companhia é uma barreira corporativa criada principalmente para proteger a identidade e confidencialidade do verdadeiro beneficiário da companhia".
Conexão islandesa
Os dados da Mossack Fonseca também mostram que o premiê da Islândia, Sigmundur Gunnlaugsson, tinha um interesse não revelado nos acordos de ajuda financeira fechados com bancos do país.
Gunnlaugsson é acusado de esconder milhões de dólares em investimentos aplicados nestes bancos por meio de empresas offshore. Documentos mostram que ele e sua mulher, Anna Sigurlaug Pálsdóttir, compraram a empresa Wintris em 2007.
Ele não declarou sua participação na empresa quando assumiu como primeiro-ministro em 2009 e vendeu 50% da companhia para sua mulher por US$ 1 (R$ 3,6) oito meses depois.
Uma empresa offshore também foi usada para investir milhões de dólares ganhos com herança, segundo um documento assinado por sua mulher em 2015.
Agora, Gunnlaugsson enfrenta pedidos para que renuncie. O premiê diz que não infringiu nenhuma regra e que ele e Pálsdóttir não se beneficiaram financeiramente das decisões tomadas à frente do cargo.
Premiê islandês teria se beneficiado de acordos para salvar bancos do país
Creative Commons/Control Arms
Premiê islandês teria se beneficiado de acordos para salvar bancos do país
Protocolos
A Mossack Fonseca diz ter sempre cumprido os protocolos internacionais e tomado as medidas necessárias para garantir que as empresas que auxilia não sejam usadas para evasão fiscal, lavagem de dinheiro, terrorismo financeiro e outros propósitos ilícitos e lamenta qualquer uso indevido de seus serviços.
"Há 40 anos, a Mossack Fonseca opera acima de qualquer suspeita em nosso país e em outras jurisdições onde temos operações. Nossa empresa nunca foi acusada de cometer ou ter conexão com um crime", afirma a companhia.
"Se detectamos uma atividade suspeita ou ato indevido, o relatamos rapidamente às autoridades. Assim como, quando as autoridades nos trazem evdiências de uma possível conduta errada, cooperamos totalmente."
Mossack Fonseca diz que empresas offshore existem em todo o mundo e são usadas para uma série de fins legítimos.
    Leia tudo sobre: Panama Papers • Mossack Fonseca • Vladimir Putin

    Cunha sobre pedido de prisão de Lula: "Pareceu um pouco exagerado"

    Por Estadão Conteúdo 
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    Presidente da Câmara, que é investigado pelo Conselho de Ética, acredita que houve exageros dos promotores paulistas

    Estadão Conteúdo
    Agência Câmara
    "Parece um pouco exagerado, pelo que estou vendo de comentários", afirmou Eduardo Cunha
    Mesmo sem ler detalhes do pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva feito pelo Ministério Público de São Paulo, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acredita que aparentemente houve exageros dos promotores paulistas. "Parece um pouco exagerado, pelo que estou vendo de comentários", declarou.
    Em um momento de acirramento dos ânimos políticos, o peemedebista criticou ações exageradas. "Tudo aquilo que é exagerado nunca é bom, acho que tudo tem seu ritmo, seu caminho, e dentro tem que se respeitar a legalidade", ponderou.
    Ele disse não esperar um clima mais acalorado nas manifestações de domingo (13). "As manifestações vão ocorrer porque já iriam ocorrer. Pode acirrar o clima se isso gerar confronto do outro lado, mas acho que não. Acho que o que está para acontecer já está mais ou menos predeterminado: quem vai, vai", comentou.
    Impeachment
    Em um dia de reuniões preparatórias para a convenção do PMDB e discussões paralelas sobre a permanência ou não do partido no governo, Cunha afirmou que o prazo de 45 dias para concluir na Câmara o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é possível, desde que não se considere fatores como obstrução ou recursos judiciais.
    "Se seguir o rito, interpretar o que está ali, 45 dias é um prazo razoável, mas não dá para afirmar que será em 45 dias", afirmou.
    Na próxima quinta-feira (17), assim que o Supremo Tribunal Federal (STF) concluir o julgamento dos embargos de declaração do rito do impeachment, o presidente da Câmara dará prosseguimento à eleição da comissão processante.
    Veja imagens do protestos após ação da Polícia Federal contra Lula:
    Houve briga de manifestantes a favor e contra o ex-presidente em frente à casa de Lula, em São Bernardo do Campo, e a polícia precisou agir. Foto: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO CONTEÚDO - 4.3.16
    Em frente à casa de Lula, houve manifestação pró e contra o ex-presidente. Foto: Rodrigo Robatini/Futura Press - 04.03.2016
    Um grupo de pessoas a favor do ex-presidente decidiu ir até a residência de Lula para prestar apoio. Foto: Rodrigo Robatini/Futura Press - 4.3.16
    Policiais precisaram agir para evitar confronto entre manifestantes pró e contra Lula. Foto: Rodrigo Robatini/Futura Press - 4.3.16
    Movimentação em frente à residência do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo (SP), na manhã desta sexta-feira (4). . Foto: Rodrigo Robatini/Futura Press - 4.3.16
    Atrás de cordão de isolamento, manifestantes brigam com policiais em frente à casa de Lula, em São Bernardo do Campo . Foto: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO CONTEÚDO - 4.3.16
    Manifestantes a favor de Lula esperaram o ex-presidente em frente à sua casa. Foto: RAFAEL BELZUNCES/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO - 04.03.16
    No aeroporto de Congonhas também houve protesto e tumulto contra Lula. Manifestantes levaram o Pixuleco, boneco de Lula com roupa de presidiário e bola de chumbo no pé . Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 4.3.16
    Houve muita gritaria e confusão no aeroporto, local onde o ex-presidente está prestando depoimento. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 04.03.16
    O ex-deputado do PT, Professor Luizinho, protesto em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 04.03.16
    Dezenas de pessoas, aos gritos, pediram a prisão do ex-presidente durante o protesto. Foto: Reprodução
    Em frente à Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, zona sul de SP, manifestantes fazem tumulto. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 04.03.16
    Do lado de fora do aeroporto de Congonhas, manifestantes também entraram em confronto. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 04.03.16
    O ex-deputado petista Devanir Ribeiro, amigo de Lula, é escoltado por policiais após confusão no aeroporto. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 04.03.16
    Do lado de fora do aeroporto, manifestantes também protestam contra o ex-presidente. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 04.03.16
    Protesto no aeroporto de Congonhas teve tumulto, gritaria e confusão. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press - 4.3.16
    Houve briga de manifestantes a favor e contra o ex-presidente em frente à casa de Lula, em São Bernardo do Campo, e a polícia precisou agir. Foto: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO CONTEÚDO - 4.3.16
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