Ele atuava no TRF da 5ª Região e teria recebido dinheiro para soltar preso.
Após aposentadoria, teria trabalhado como advogado sem quarentena.
A Polícia Federal prendeu em Natal um desembargador aposentado acusado de intermediar e vender decisões judiciais.
Os investigadores contaram que o desembargador aposentado Francisco Barros Dias, que atuava numa turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, recebeu, por meio de um advogado, dinheiro em troca de decisões.
“Houve o pagamento por intermédio do advogado Francisco Wellington da Silva da quantia de R$ 150 mil, que foi posteriormente repassada ao então desembargador Francisco Barros Dias. Com base nesse pagamento houve o voto do então desembargador Francisco Barros Dias para a concessão da liberdade”, disse o procurador da República Renan Félix.
O voto do então desembargador ajudou a pôr em liberdade o empresário Rychardson de Macedo Bernardo, preso em uma operação em 2011, e que teve os bens bloqueados. Também foi uma decisão do magistrado que abriu caminho para o desbloqueio dos bens de Rychardson.
Em 2016, Rychardson fez delação premiada e contou o que fez para conseguir os benefícios ainda na cadeia.
Rychardson: Eu fui lá fora, conversei com o Wellington e ele disse: “Não, analisei seu caso, seu HC já vai ser votado, ele está com o Ministério Público regional, o desembargador abriu vista, já vai ser votado. Pra mim resolver esse problema, eu cobro R$ 350 mil: R$ 150 mil relacionado à sua liberdade e R$ 200 mil para a liberação das empresas”.
O irmão de Rychardson contou como foi a entrega de parte do dinheiro.
Rhandson: Eu fui até o Wellington e pra ele teria que ser entregue, no dia da votação, uma quantia de R$ 150 mil em dinheiro. E isso foi feito. Eu fui para Recife e minutos antes nos encontramos no estacionamento do tribunal da 5ª Região e foi entregue a quantia em dinheiro ao mesmo.
As investigações também revelam que o desembargador Francisco Barros Dias passou a atuar como advogado logo depois de se aposentar, em 2015, sem respeitar a quarentena de três anos. Os investigadores dizem que ele manteve o esquema de corrupção.
As investigações também revelam que o desembargador Francisco Barros Dias passou a atuar como advogado logo depois de se aposentar, em 2015, sem respeitar a quarentena de três anos. Os investigadores dizem que ele manteve o esquema de corrupção.
Os envolvidos podem ser denunciados à Justiça pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O JN não conseguiu contato com a defesa do desembargador Francisco Barros Dias nem com o advogado Francisco Wellington da Silva.