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sábado, 13 de abril de 2013

O CRACK E SEUS EFEITOS NO ORGANISMO DO USUÁRIO.


Crack

Os efeitos do crack no organismo

Forma menos pura da cocaína, o crack tem um poder infinitamente maior de gerar dependência, pois a fumaça chega ao cérebro com velocidade e potência extremas. Ao prazer intenso e efêmero, segue-se a urgência da repetição. Além de se tornarem alvo de doenças pulmonares e circulatórias que podem levar à morte, os usuários se expõem à violência e a situações de perigo que também podem matá-lo.

Clique na imagem ao lado e confira, em infográfico animado, os efeitos do crack no organismo e os riscos que ele impõe à saúde do usuário.


Consequências para a saúde
Jornal de Santa Catarina e A Notícia
Intoxicação pelo metal
O usuário aquece a lata de refrigerante para inalar o crack. Além do vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende com facilidade da lata aquecida. O metal se espalha pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.
Fome e sono
O organismo passa a funcionar em função da droga. O dependente quase não come ou dorme. Ocorre um processo rápido de emagrecimento. Os casos de desnutrição são comuns. A dependência também se reflete em ausência de hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência.
Pulmões
A fumaça do crack gera lesão nos pulmões, levando a disfunções. Como já há um processo de emagrecimento, os dependentes ficam vulneráveis a doenças como pneumonia e tuberculose. Também há evidências de que o crack causa problemas respiratórios agudos, incluindo tosse, falta de ar e dores fortes no peito
Coração A liberação de dopamina faz o usuário de crack ficar mais agitado, o que leva a aumento da presença de adrenalina no organismo. A consequência é o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Problemas cardiovasculares, como infarto, podem ocorrer
Ossos e músculos
O uso crônico da droga pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.
Sistema neurológico
Oscilações de humor: o crack provoca lesões no cérebro, causando perda de função de neurônios. Isso resulta em deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor, baixo limite para frustração e dificuldade de ter relacionamentos afetivos. O tratamento permite reverter parte dos danos, mas às vezes o quadro é irreversível
Prejuízo cognitivo: pode ser grave e rápido. Há casos de pacientes com seis meses de dependência que apresentavam QI equivalente a 100, dentro da média. Num teste refeito um ano depois, o QI havia baixado para 80
Doenças psiquiátricas: em razão da ação no cérebro, quadros psiquiátricos mais graves também podem ocorrer, com psicoses, paranoia, alucinações e delírios
Sexo
O desejo sexual diminui. Os homens têm dificuldade para conseguir ereção.
Há pesquisas que associam o uso do crack à maior suscetibilidade a doenças sexualmente transmissíveis, em razão do comportamento promíscuo que os usuários adotam
Morte 
Pacientes podem morrer de doenças cardiovasculares (derrame e infarto) e relacionadas ao enfraquecimento do organismo (tuberculose).
A causa mais comum de óbito é a exposição à violência e a situações de perigo, por causa do envolvimento com traficantes, por exemplo


Crack
       
O que é?
O crack é uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amónia e água destilada, que resulta em pequeninos grãos, fumados em cachimbos ( improvisados ou não). É mais barato que a cocaína mas, como seu efeito dura muito pouco, acaba sendo usado em maiores quantidades, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo passa a ser maior.
Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o crack provoca dependência física e leva à morte por sua acção fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco.
Quais são as reacções do crack? O que ele provoca no organismo?
O crack leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar.  Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.
Estudiosos como o farmacologista Dr. F. Varella de Carvalho asseguram que "todo usuário de crack é um candidato à morte", porque ele pode provocar lesões cerebrais irreversíveis por causa de sua concentração no sistema nervoso central.
O crack é uma droga mais forte que as outras?
Sim, as pessoas que o experimentam sentem uma compulsão ( desejo incontrolável) de usá-lo de novo, estabelecendo rapidamente uma dependência física, pois querem manter o organismo em ritmo acelerado. As estatísticas do Denarc ( Departamento Estadual de Investigação sobre Narcóticos) indicam que, em Janeiro de 1992, dos 41 usuários que procuraram ajuda no Denarc, 10% usavam crack e, em Fevereiro desse mesmo ano, dos 147 usuários, já eram 20%. Esses usuários, em sua maioria, têm entre 15 e 25 anos de idade e vêm tanto de bairros pobres da periferia como de ricas mansões de bairros nobres.
Como o crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar, pode tornar-se um viciado. Ele não é, porém, das primeiras drogas que alguém experimenta. De um modo geral, o seu usuário já usa outras, principalmente cocaína, e passa a utilizar o crack por curiosidade, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por falta de dinheiro, já que ele é bem mais barato por grama do que a cocaína. Todavia, como o efeito do crack passa muito depressa, e o sofrimento por sua ausência no corpo vem em 15 minutos, o usuário   usa-o em maior quantidade, fazendo gastos ainda maiores do que já vinha fazendo. Para conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas começam a usar qualquer método para comprá-lo. Submetidas às pressões do traficante e do próprio vício, já não dispõem de tempo para ganhar dinheiro honestamente; partem, portanto, para a ilegalidade: tráfico de drogas, aliciamento de novas pessoas para a droga, roubos, assaltos, etc.


“Não tenho família. Uso crack há quinze anos. Há quinze anos estou morto...”
Essa frase, dita ao repórter Caco Barcellos por um homem de trinta e poucos anos, ex-trabalhador e que atualmente vaga sem rumo pelo centro de São Paulo juntamente com dezenas de outros viciados, resume em poucas palavras o impacto dessa droga sobre milhares de brasileiros. A presença insidiosa do crack em poucos anos se espalhou por quase todos os cantos do país e destruiu ou vem arruinando um grande número de vidas. Como chegamos a essa triste situação?
Crack
Arbusto de coca (Erythroxylon coca), cujas folhas são usadas por populações andinas 
para a elaboração de chás que aumentam a resistência ao frio, à fome e ao cansaço.
Delas também se extrai a cocaína
Duzentos milhões de pessoas – ou 5% da população mundial entre 15 e 64 anos – são usuários de drogas ilícitas, segundo um relatório de 2006 do Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes. Destes, cerca de 13 milhões são viciados em cocaína, um alcaloide retirado das folhas de coca (Erythroxylon coca), um arbusto andino utilizado há mais de um milênio por habitantes da região para aumentar a resistência ao frio, à fome e ao cansaço.
A cocaína foi primeiramente isolada das folhas de coca em 1855 pelo químico alemão Friedrich Gaedcke (1828-1890). Nos anos que se seguiram à sua extração, a substância passou a ser utilizada para o tratamento de diversas patologias e para uso recreacional.
Talvez a aplicação mais celebrada desse alcaloide tenha sido criada pelo farmacêutico e veterano da Guerra Civil norte-americana John Pemberton (1831-1888): em 1885, ele patenteou um tônico cerebral cuja fórmula foi posteriormente alterada e deu origem à famosa Coca-Cola.
Nos últimos anos do século 19, tornaram-se frequentes relatos que associavam o uso da cocaína com dependência, comportamento psicótico, convulsões e mortes. Por isso, bebidas que contivessem cocaína em sua formulação foram banidas da Europa e dos Estados Unidos por volta de 1915.
O consumo ilícito de cocaína não se mostrou relevante até o final da década de 1960, quando seu uso se tornou mais frequente, associado muitas vezes com a contracultura, movimento social que questionava os valores e comportamentos instituídos. Contudo, o custo elevado da cocaína, em comparação com alucinógenos como a maconha, restringiu a sua disseminação. Além disso, como a cocaína se decompõe em seu ponto de fusão (196°C), ela não pode ser fumada e deve ser consumida por inalação ou injetada por via intravenosa.

Surge o crack

A segunda metade dos anos 1980 marca uma reviravolta nessa história. A partir dessa época, o consumo de cocaína se elevou graças ao surgimento do crack (também conhecido como rock ou pedra), um derivado sintético criado a partir de alterações das características químicas do cloridrato de cocaína, a forma normalmente consumida dessa droga.
Crack
Pedras de crack, obtidas a partir de alterações das 
características químicas da forma normalmente consumida da cocaína
crack possui um custo mais barato em relação a outras drogas. Uma pedra – dose suficiente para causar dependência em muitos consumidores – pode ser comprada em alguns lugares por apenas um real, embora o preço seja dezenas de vezes mais alto em pontos de venda para a classe média e alta. Além disso, o crack atrai muitos de seus usuários por causar efeitos bastante rápidos, obtidos alguns instantes após a inalação da droga através de cachimbos, muitas vezes improvisados.
Os efeitos da “viagem” do crack começam a se manifestar apenas 15 segundos após a primeira tragada, tempo necessário para que a droga alcance os pulmões e, dali, o cérebro. Contudo, esses efeitos são efêmeros e duram apenas cerca de 15 minutos. Para efeito de comparação, a cocaína consumida na forma endovenosa produz as primeiras reações em 3 a 5 minutos e seus efeitos se estendem por um período de 30 a 45 minutos.
Nesse ponto surge mais uma das armadilhas do crack: à medida que ele é consumido, a duração de seus efeitos torna-se ainda mais passageira. Dessa forma, é comum que os usuários voltem a utilizar a droga alguns minutos depois, podendo consumir em um só dia 15 ou mais pedras, ampliando assim os efeitos nocivos dessa droga. Além disso, os usuários rapidamente consomem seus recursos para obter o crack e podem se entregar à criminalidade para obter o dinheiro para conseguir mais drogas.

Ação no sistema nervoso

Como a cocaína, o crack é um poderoso estimulante do sistema nervoso central que causa uma elevação nos níveis de dopamina, um neurotransmissor associado com uma região cerebral conhecida como centro de recompensa. Normalmente a dopamina é liberada por neurônios em resposta a sensações prazerosas (como o cheiro da comida de nossas mães!) e reciclada quase imediatamente.
O crack e a cocaína impedem a reciclagem de dopamina que, assim, tem seus efeitos amplificados, o que causa uma sensação de grande prazer, euforia e poder.
Além disso, o crack também provoca um estado de excitação, hiperatividade, insônia, perda de sensação do cansaço e falta de apetite. Concomitantemente, após o uso intenso e repetitivo, o usuário de crack experimenta cansaço, intensa depressão e perda de peso.
Crack
Usuário improvisa cachimbo com lata de alumínio para fumar crack em Brasília
O uso repetitivo de crack e cocaína pode afetar de forma prolongada o centro de recompensa e outras regiões cerebrais. A tolerância aos efeitos dessas drogas também pode se desenvolver, o que contribui para o consumo de doses cada vez maiores dessas substâncias.
Além disso, o consumo dessas drogas contrai vasos sanguíneos, causa dores musculares, dilata as pupilas e aumenta a temperatura corporal, o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea, podendo causar ataques cardíacos e derrames. Cefaleia, complicações gastrointestinais, irritabilidade, reações violentas e efeitos psicológicos como paranoia e psicose também são observados.

Milhões de reais

Do ponto de vista do traficante, o crack é, obviamente, um grande negócio, pois um quilo de cocaína – que custa em torno de 5 a 20 mil reais, segundo diferentes estimativas – pode ser convertido em dez mil porções de crack, que rendem cerca de 500 mil reais. Assim, o tráfico movimenta diariamente centenas de milhões de reais nas cidades brasileiras dos mais diversos tamanhos.
Obviamente, muita gente ganha dinheiro com o comércio do crack e verdadeiros milionários surgiram desde que essa droga apareceu no Brasil nos anos 1990.
Todos ganham muito dinheiro: do traficante de pasta básica de coca a todos os envolvidos na rede de produção, distribuição e comercialização do produto final – as pedras de crack.
No lado oposto, vemos milhões de jovens e adultos com suas vidas destruídas, expostos à violência vagando – como o ex-trabalhador citado no início – como mortos vivos expostos à violência, à prostituição e à degradação. No meio desses dois grupos estão – pelo menos por enquanto – familiares desesperados, profissionais de saúde pública muitas vezes atordoados e, infelizmente, governantes ainda desinteressados... Até quando?
Jerry Carvalho Borges
Fonte: biblioteca.planejamento.gov.br

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