O caso Rugai não é o caso Richthofen", disse o defensor Thiago Anastácio, que conversou com a imprensa em frente ao fórum, antes do início do julgamento. "Nós vamos indicar duas pessoas que até mesmo vocês perguntarão: 'Por que não nos disseram isso? Por que essas pessoas não foram cabalmente investigadas?'".
Ainda de acordo com o advogado, a revelação desses nomes vai causar um "grande drama" nos trabalhos da equipe de acusação porque os documentos que indicariam os culpados "sempre estiveram no processo". "A questão é que esse processo nunca foi lido, debatido."
Questionado sobre os novos suspeitos, Anastácio afirmou que só serão releavados diante dos sete jurados, que vão decidir o futuro de Rugai, hoje com 29 anos. Ele pediu ainda que a população que não faça julgamentos precipitados. "Não acreditem que a bomba do caso Richthofen vai cair aqui. O caso do Gil Rugai não é o caso Richthofen. A defesa trará elementos que não são metafóricos. São dados que nunca foram revelados por serem estarrecedores."
“Vamos provar que o Gil é inocente, que não estava no local do crime quando ele ocorreu.” A promessa é de Marcelo Feller, advogado do ex-seminarista Gil Rugai, de 29 anos, acusado de atirar cinco vezes no pai, Luiz Carlos Rugai (40), e de efetuar outros seis disparos contra a madrasta, Alessandra de Fátima Trotino (33), em março de 2004, na casa em que o casal morava, em Perdizes, zona oeste de São Paulo.
Em tom de indignação, Feller põe em dúvida o trabalho pericial do Instituto de Criminalística e as provas apresentadas pelo Ministério Público ao longo dos últimos nove anos.
A missão do advogado será desconstruir a tese da promotoria de que o acusado se vingou do pai e da madrasta depois de ter sido expulso de onde morava por desviar R$ 150 mil da empresa da família, a Referência Filmes.
Feller anexou recentemente aos autos do processo comprovantes telefônicos que provariam que Rugai trabalhava em seu escritório enquanto alguém manipulava a pistola calibre 380 usada para tirar a vida do casal.
“Além disso, a defesa vai demonstrar que as provas da acusação foram pseudociência usada para tirar conclusões equivocadas e mentirosas.”
Fontes policiais teriam informado ao jornal City Press que o crânio da namorada do atleta havia sido "destroçado"
Pistorius é acusado formalmente pelo assassinato da namorada
A morte da modelo ocorreu na casa do atleta, no sofisticado condomínio fechado de Silverlakes
O atleta paralímpico suspeito de assassinato Oscar Pistorius comparecerá ao tribunal nesta terça-feira em uma audiência em que prestará seu depoimento e apresentará um pedido de fiança, no que promete ser o prelúdio de uma longa batalha de pesos-pesados legais.
O julgamento de Pistorius pela morte no Dia de São Valentim (Dia dos Namorados) de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, contará com alguns dos melhores advogados da África do Sul e com um promotor duro, famoso por ter conseguido a prisão do antigo chefe de polícia envolvido num escândalo de suborno.
O homem convocado pelo Estado para a acusação é Gerrie Nel, um advogado experiente e altamente qualificado, conhecido por ser meticuloso.
Ele possui uma carreira de sucesso, depois de ter saído vitorioso dos muitos casos importantes que participou.
Nel é famoso por ter enviado para a cadeia o ex-presidente da Interpol e ex-chefe da polícia da África do Sul Jackie Selebi, depois de provar que ele tinha aceitado subornos de redes de crime organizado.
Ele vai argumentar que Pistorius planejou o assassinato de sua namorada, de 29 anos, que foi baleada quatro vezes, inclusive na cabeça, na casa do atleta na madrugada de quinta-feira.
O crime de assassinato premeditado pode levar à prisão perpétua, e normalmente não é fácil para os suspeitos conseguirem a liberdade condicional através de pagamento de fiança.
O atleta de 26 anos, que tem as duas pernas amputadas, vai enfrentar uma difícil batalha para provar a existência de circunstâncias excepcionais que possibilitem a sua fiança, caso contrário ele passará um longo período de prisão preventiva.
Especialistas afirmam que é altamente improvável que Pistorius utilize sua deficiência para argumentar a favor de liberdade sob fiança.
"Oscar tem demonstrado ao mundo que é muito habilidoso e quase tão bom, se não melhor, do que pessoas sem deficiência física", afirmou Stephen Tuson, professor de direito penal da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul.
Pistorius também precisará provar que não constitui um perigo, que não irá fugir, não irá interferir em testemunhas ou investigações ou tentar subornar funcionários da justiça, e que sua libertação não irá provocar distúrbios públicos.
O advogado de defesa William Booth, que não está envolvido no caso, acredita que ele será libertado sob fiança.
"Sinto que há uma possibilidade muito forte de que o tribunal fixe uma fiança, mas com condições bastante rigorosas e com um valor bastante elevado".
Com ou sem fiança, Pistorius enfrenta um longo caminho, em um caso que pode levar anos para chegar ao tribunal.
Sua família negou veementemente que o velocista tenha matado sua namorada intencionalmente.
Mas os promotores devem argumentar que o assassinato foi premeditado.
Esse tipo de morte é planejada, concebida e executada, e, na África do Sul, pode muitas vezes envolver um matador profissional.
"Normalmente, quando você tem álcool (relacionado), ou um triângulo amoroso, ou brigas domésticas que crescem e saem do controle, eu não consideraria um assassinato premeditado", disse Tuson.
Booth concordou que será difícil provar o crime de assassinato premeditado.
"A meu ver, vai ser muito difícil para a promotoria estabelecer (que houve assassinato premeditado) porque obviamente ele não foi para a casa dela e eles terão que trazer provas que indiquem que houve planejamento".
Para defendê-lo, Pistorius reuniu uma equipe forte de advogados, liderados por Roux Barry, descrito por Tuson como um "profissional muito talentoso e ético que faz o melhor para todos os seus clientes".
A equipe de Pistorius também conta com Kenny Oldwage, que defendeu o motorista responsável pela morte, em um acidente em 2010, do neto do ex-presidente Nelson Mandela. O motorista foi absolvido.
Pistorius também contratou um dos principais patologistas forenses do país, Reggie Perumal.
Perumal foi chamado para testemunhar sobre o tiroteio realizado pela polícia no ano passado contra 34 mineiros na mina de Marikana, assim como pela morte misteriosa do ex-general do Exército do Zimbábue Solomon Mujuru.
No comando das relações públicas estará Stuart Higgins, ex-editor do tablóide britânico The Sun, cuja longa lista de clientes inclui a British Airways, o Chelsea FC e o Manchester United.
Já a família de Reeva Steenkamp se preparava nesta segunda-feira para o funeral da modelo, enquanto sua mãe suplicava por respostas sobre a morte da "pessoa mais linda que já viveu".
A modelo será cremada na terça-feira em sua cidade natal, Port Elizabeth, em uma cerimônia privada restrita à família e aos amigos mais próximos.
Um dia antes da despedida oficial de sua filha, seus pais estavam tendo um dia calmo após a chegada de familiares e amigos nos últimos dias.
"Hoje eles estão tentando apenas ficar calmos para amanhã", afirmou o porta-voz da família e tio de Reeva, Michael Steenkamp, à AFP.
O luto e as emoções ainda estão à flor da pele e a menção do nome de Reeva "ainda traz lágrimas aos seus olhos", segundo ele.
"Uma coisa que realmente ajudou a situação é que nós não vemos televisão ou ouvimos rádio", explicou. "Nós simplesmente ignoramos isso completamente".
Em uma entrevista publicada nesta segunda-feira, a mãe de Reeva descreveu sua morte como "horrenda".
"Por que a minha menina? Por que isso aconteceu? Por que ele fez isso?", se perguntou June Steenkamp ao Times da África do Sul. "Para quê?", completou.