Amigos da jornalista Sandra Moreyra, que morreu nesta terça-feira (10), lamentaram a morte da companheira de trabalho. Sandra tinha 61 anos e lutava contra um câncer.
Em outubro deste ano, a jornalista anunciou no Twitter que descobriu que estava de novo com câncer: "Novamente estou sendo posta à prova. Mais um tratamento pra fazer. Eu amo a vida. E vou em frente”, postou ela. Sandra enfrentava o terceiro câncer nos últimos sete anos, desta vez no mediastino.
Veja a repercussão:
Chico Pinheiro - Em sua página no Twitter, o apresentador do Bom dia Brasil deixou um recado para Sandra. “Querida colega, obrigado por sua existência! Que Deus a acolha e que seu exemplo nos ajude a seguir adiante. RIP!”
Geneton Moraes Neto - O jornalista também compartilhou uma mensagem: “Sandra Moreyra - que nos deixou hoje - era uma daquelas repórteres "de nascença": Taxa de afetação:zero."
Isabela Scalabrini – A jornalista lembrou um post que Sandra deixou em seu Twitter quando anunciou que enfrentaria a doença pela terceira vez: "Muito muito triste com a morte da querida amiga Sandra Moreyra. Grande pessoa, alegre, sorridente. Suas matérias eram especiais! Ela era especial... Quando foi internada pela última vez, em outubro, Sandra Moreyra mostrou a força de sempre! Que lição! Saudades."
Christine Fernandes – “RIP #SandraMoreyra grande jornalista. Muito fã. Que vc seja bem recebida noutro plano melhor ainda!!!”
Christine Fernandes deixou uma mensagem em sua conta do Twitter (Foto: Reprodução)
Pezão lamenta
O governador Luiz Fernando Pezão também lamentou a morte. "Timbre inconfundível. Narrativa irretocável. Sandra Moreyra é se sempre será dona de um estilo único de se fazer jornalismo. A carioquice fica orfã e o telespectador também. Torço para que a sua receita de vida inspire as novas gerações de profissionais da imprensa. Todo o meu carinho à família desta grande dama do telejornalismo brasileiro."
Sandra traduziu 'o melhor da carioquice'
Em nota, o prefeito Eduardo Paes também manifestou luto pela morte da jornalista. "Hoje a imprensa brasileira perde um dos seus grandes talentos e o Rio se despede de uma carioca apaixonada. Sandra Moreyra, com sua voz forte e seu texto preciso, soube traduzir em reportagens o melhor da nossa carioquice. Em suas crônicas televisivas, transmitia com estilo único a alegria e irreverência do carnaval de rua e da passarela. Em nome da cidade que ela tanto exaltava, desejo força e conforto à família e aos amigos dessa querida jornalista de todos nós", registrou Paes.
Botafogo decreta luto
Botafogo, clube de coração da jornalista Sandra Moreyra, decretou luto de três dias. "Filha do botafoguense Sandro Moreyra, Sandra sempre demonstrava seu amor pelo Botafogo. (...) O Botafogo decreta luto oficial de três dias e manifesta sua solidariedade a familiares e amigos neste momento tão triste e difícil."
40 anos de carreira
Com 40 anos de carreira, Sandra participou de coberturas jornalísticas de importantes momentos do país.
Ela cobriu a morte de Tancredo Neves, o Plano Cruzado, o acidente radioativo em Goiânia, com Césio 137, a tragédia do iate Bateau Mouche, a Rio-92 e a ocupação do Complexo do Alemão.
A cobertura que a jornalista considerava mais marcante foi o enterro dos mortos na chacina de Vigário Geral, em 1993.
“Na hora de escrever o texto, a matéria tinha uma carga de emoção tão forte, da dor daquelas pessoas, da violência, que pensei: 'Tenho que botar isso nas palavras mais simples'. Quando a matéria entrou no ar, foi um soco no estômago", relatou ao site Memória Globo.
"Ela estava muito mais forte do que eu poderia imaginar, porque consegui exatamente isso, lidar com a realidade sem querer ser mais do que ela, sem querer aparecer mais. No dia em que fiz aquela matéria foi quando senti: ‘Puxa vida, cresci. Que bom!”, completou.
A repórter começou a carreira na Globo em Minas Gerais, na década de 1980. Logo depois, voltou para o Rio de Janeiro e passou a fazer reportagens para o RJTV, Jornal Nacional, Globo Repórter e Bom Dia Brasil.
Entre 1999 e 2004, atuou na GloboNews na parte gerencial e administrativa do jornalismo.
PerfilSandra Maria Moreyra nasceu no
Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 1954, com jornalismo correndo nas veias.
O avô, Álvaro Moreyra, era escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, e dirigiu importantes revistas nos anos 1950, como Fon-Fon e Paratodos.
Seu pai, Sandro Moreyra, fez história como um dos mais importantes cronistas esportivos do jornalismo brasileiro. Sua mãe, Lea de Barros Pinto, era professora. Sandra era casada, tinha dois filhos, Cecilia e Ricardo, e um neto, Francisco. Ela era irmã da também jornalista e diretora da GloboNews, Eugenia Moreyra.
Em 1975, após um concurso, começou seu primeiro estágio, no Departamento de Pesquisa do Jornal do Brasil. Formou-se em 1976, foi contratada e, em 1978, foi para a reportagem geral do jornal, onde de fato começou sua carreira de repórter.
Em 1979, deixou o Jornal do Brasil para acompanhar o marido que trabalhava numa empresa de engenharia e foi transferido para a Argélia. Engravidou, voltou para o Brasil e começou a trabalhar numa agência de publicidade, onde teve seu primeiro contato com o vídeo.
Ida para a TV Globo
Após passagens pela TV Aratu, na época afiliada da Globo, pela TV Bandeirantes e pela TV Manchete, entrou na Globo em 1984, como repórter em Minas Gerais.
No ano seguinte, participaria ativamente da cobertura da eleição e morte de Tancredo Neves. No dia da morte do primeiro presidente civil eleito após a ditadura militar,
Sandra Moreyra apareceu no Jornal Nacional acompanhando o cortejo fúnebre.
Em 1986, a jornalista deixou Minas e voltou para o Rio e se tornou uma das principais repórteres da editoria, cobrindo todo o tipo de pauta na Região Metropolitana.