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sexta-feira, 13 de julho de 2018

A greve contra todos

Por João Borges
 
Produção industrial despenca, efeito da greve dos caminhoneiros
Aqueda de 3,8% no setor de serviços fecha o ciclo de informações sobre os impactos negativos imediatos na atividade econômica decorrentes da greve de 11 dias dos caminnhoneiros em maio.
Naquele mês a indústria produziu 10,9% menos e o comércio perdeu 0,6% em vendas, segundo os dados mensais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estopim da greve foi o preço do diesel, que atingiu níveis insuportáveis para caminhoneiros autônomos, que já sofriam com a escassez de demanda por frete numa economia vinda de dois anos de recessão e ainda em moderada recuperação.
Mas a greve do diesel foi também um protesto contra o governo Temer. Obteve amplo apoio da sociedade, insatisfeita com o estado geral da política e com avanços limitados e insuficientes na economia. Uma combinação variada de fatores explica a força do movimento que paralisou o país.
Mas, se avaliada pelos resultados, podemos dizer que a greve foi contra todos. Até mesmo os caminhoneiros, em tese beneficiados com um desconto de R$ 0,46 no preço do litro do combustível, mas que não foi integralmente repassado para o preço na bomba.
Vamos lá: em abril, o setor de serviços havia registrado o primeiro resultado positivo do ano, alta de 1,1%. No segmento transportes terrestres, foi registrado aumento de 4,5%. Um resultado coerente com a recuperação – melhor do que se previa – na produção industrial, nas vendas no varejo e no próprio setor de serviços em abril.
O resultado de maio do setor de serviços mostra queda de 15% no segmento de transportes terrrestres, efeito direto da paralisação de 11 dias. Mas que não vai se dissipar integralmente com o fim da greve.
Afinal, a greve derrubou todo o movimento de recuperação da economia, que era lento e insuficiente. Mas era real.
Com a economia rodando ainda mais devagar, haverá menos cargas a serem transportadas. Com demanda menor, fica mais difícil que se prevaleça na realidade a ideia maluca de tabelar o frete.
Militar orienta trânsito ao lado de fila de caminhões parados em rodovia durante a paralisação de maio (Foto: Reuters)Militar orienta trânsito ao lado de fila de caminhões parados em rodovia durante a paralisação de maio (Foto: Reuters)
Militar orienta trânsito ao lado de fila de caminhões parados em rodovia durante a paralisação de maio (Foto: Reuters)

Resumo da paralisação

Um breve resumo da greve:
  • Atingiu frontalmente o já debilitado governo Temer, governo que fez um acordo ruim, com custos fiscais elevados;
  • Petrobras sofreu desgaste de imagem e perdeu seu presidente, Pedro Parente;
  • Derrubou a atividade econômica esperada para este ano e projetou mais incertezas para o futuro, incertezas que levaram a altas expressivas do dólar;
  • Terá impacto negativo sobre a lenta recuperação do emprego;
  • Empresas suspenderam investimentos;
  • Desaceleração da economia significa menor consumo, menor lucratividade das empresas, que se traduz em menor arrecadação de impostos para governos federal, estaduais e prefeituras;
  • Inflação subiu, onerando o orçamento das famílias.
 (Foto: Editoria de Arte / G1) (Foto: Editoria de Arte / G1)
(Foto: Editoria de Arte / G1)

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