John Volanthen conta que o procedimento de busca adotado foi nadar pelas passagens do complexo de cavernas e, onde houvesse um espaço com ar, mergulhadores iam para a superfície para gritar e tentar sentir o cheiro dos 12 meninos e do treinador.
A voz do britânico John Volanthen foi a primeira a ser ouvida pelos 12 garotos e o técnico de futebol, após ficarem nove dias presos na caverna na Tailândia. Em entrevista à BBC, ele negou ter encontrado o grupo "por sorte" e revelou que foi "pelo cheiro" que os achou vivos.
"Tem sido dito por muitos representes da mídia que foi sorte. Eu digo que não foi esse o caso", afirmou John Volanthen. Ele explicou que o procedimento de busca adotado foi nadar pelas passagens do complexo de cavernas e, onde houvesse um espaço com ar, os mergulhadores iam para a superfície para gritar e tentar sentir o cheiro.
"Foi esse o caso. Sentimos o cheiro das crianças antes de vê-los ou de ouvi-los", contou John Volanthen.
Ele e o também britânico Richard Stanton foram chamados por autoridades tailandesas, junto com o especialista em cavernas Robert Harper, para ajudar nas buscas. O trio chegou ao país três dias após o grupo desaparecer.
Volanthen, um consultor de TI (tecnologia da informação), e Stanton, um ex-bombeiro, fazem parte da Equipe de Resgate em Cavernas South e Mid Wales, e já participaram de uma série de operações em países como Noruega, França e México.
Volanthen e Stanton filmaram o momento em que encontraram o grupo. É possível ouvir o mergulhador perguntando quantas pessoas estavam ali, agrupadas dentro da caverna. Ele fica visivelmente feliz ao saber que todos os 13 estão vivos.
Nas imagens, os garotos aparecem falando "obrigado" em inglês. Um deles pergunta se eles vão "para o lado de fora" do complexo de cavernas, chamado de Tham Luan Nang e que costuma ficar inundado durante o período de chuvas, de setembro a outubro. "Não, hoje não. Tem que mergulhar (para sair da caverna)", disse Volanthen.
"Vocês são muito fortes. Muito fortes", disse o mergulhador ao encontrar as crianças.
Volanthen disse que, antes de deixar o grupo para planejar o resgate, tentou elevar o ânimo dos garotos. Quando os encontrou, não tinha nenhum alimento com ele - e os meninos estavam famintos, pedindo comida.
Sem comida e com muitas dificuldades
"A gente não tinha nenhuma comida para dar a eles. Tínhamos luz para dar", disse Volanthen.
O mergulhador falou das dificuldades que enfrentaram. Ele contou à BBC que a visibilidade da água era muito baixa e que era possível avistar alguns centímetros apenas, durante os mergulhos.
"Tinha também muito detrito na caverna, de tentativas anteriores de resgate. Fios, cabos, tubos, canos, todo tipo de coisa", recorda.
Ele lembra ainda que o frio era um problema. "Algumas das crianças eram muito pequenas e a gente estava bem preocupado como os menores iam fazer a jornada pela água."
Questionado se, ao sair da caverna para preparar o resgate, acreditava que veria os meninos vivos novamente, Volanthen disse: "Prometi que voltaria". Ele diz que o relativo bom estado de saúde dos meninos o surpreendeu.
Depois do treino de futebol, o grupo decidiu ir às cavernas com o treinador para comemorar o aniversário de um deles. Compraram lanche e foram explorar o complexo de cavernas. Acabaram presos por causa das chuvas e inundações, muito comuns nessa época do ano na Tailândia.
Racionaram o pouco alimento que tinham e beberam a água que pingava da caverna. O treinador, um ex-monge budista, meditava com as crianças para mantê-las calmas.
Os garotos têm idade entre 11 e 16 anos e foram todos resgatados com vida, numa dramática e complexa operação cujo planejamento e execução durou oito dias e contou com a ajuda de mergulhadores e especialistas de diferentes países.
Um mergulhador tailandês morreu durante a operação, e o chefe das ações de resgate admitiu que tinha poucas esperanças de conseguir resgatar o grupo.
Imagens divulgadas pelo governo da Tailândia mostraram seis dos 12 meninos num quarto de hospital, onde estão recebendo tratamento médico e psicológico. Todos perderam peso, mas se recuperam bem.
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