População prestou primeiros socorros, diz sobrevivente de incêndio em boate
Garota acredita que cerca de 10 conhecidos tenham morrido na boate em Santa Maria (RS)
A estudante Kelen Ribeiro da Silva, sobrevivente do incêndio que tomou a boate Kiss, em Santa Maria (RS), afirmou em entrevista a Radio Gaúcha que cerca de dez de seus conhecidos estão entre os 232 mortos. De acordo com ela, a população se mobilizou e prestou os primeiros socorros em frente à casa noturna.
Kelen afirma ter visto o primeiro foco do incêndio, provocado por um sinalizador utilizado pelo vocalista da banda que se apresentava naquele momento: “Eu estava assistindo ao show quando comecei a sentir um cheiro estranho. Estava de costas para o palco. Ao procurar, eu e minha amiga vimos um pequeno foco de fogo na espuma do teto. Em um minuto a gente já saiu. Foi graças a isso que conseguimos sair antes da fumaça se alastrar”.
De acordo com ela o foco foi tão pequeno no início que “ninguém imaginou que ia acontecer o que aconteceu”: “Acho que é por isso que muita gente não saiu rapidamente”.
Ela negou que tenha sido impedida de sair da boate pelos seguranças, que só teriam pedido calma. “Não tinha correria, pisoteio. Havia pessoas caminhando rápido em direção à saída, mas não todo mundo”.
Nascida em Santa Maria, mas moradora de Florianópolis, Kelen disse que todos os seus amigos próximos sobreviveram, mas alguns conhecidos acabaram morrendo. “Dos mais chegados, não aconteceu nada, mas pelo menos uns dez conhecidos foram a óbito”, disse.
Socorro
Kelen afirmou que muitos sobreviventes foram ajudados pela própria população, que, ao ver ocorrido, parava para ajudar. “A gente saiu, atravessou a rua e estava uma fumaceira preta preta, que deve ter matado a maioria das pessoas. Foi espírito de coletividade total. Meninos carregando pessoas desmaiadas, outras meninas no estacionamento do mercado em frente à boate prestando primeiro socorros, como torniquete, abanando, dando água...”
Segundo a estudante, a ajuda extra foi necessária até que as ambulâncias chegassem ao local.
Tragédia similar na Argentina provocou mudanças em boates
Após incêndio em casa noturna de Buenos Aires, autoridades e empresários do ramo acertaram adoção de normas de segurança
As medidas incluíram mais sinalização interna das discotecas indicando a saída de emergência; menos tolerância no tocante ao limite de público autorizado para cada local e a colocação de cartazes indicando a quantidade permitida de pessoas no recinto. Locais com mais de um andar devem também agora atualizar, regularmente, informações sobre a resistência do prédio, segundo documento da Agência Governamental de Controle publicado (AGC) no site do governo da cidade de Buenos Aires.
As medidas foram definidas após reunião com empresários do ramo, músicos, arquitetos, engenheiros e os grupos que representam os pais das vítimas daquela tragédia na República Cromañón. Cabe à AGC verificar que as normas de segurança estão sendo cumpridas, de acordo com informações oficiais. Internet Além de novas exigências para as casas noturnas, também foram definidas e intensificadas as normas de segurança para bares, teatros independentes, clubes com música ao vivo e salões para tango, por exemplo.
As exigências de segurança deverão ser respeitadas antes da abertura do local e durante seu funcionamento. De acordo com o governo da cidade, os "cidadãos poderão saber o estado de habilitação e funcionamento dos locais na internet". O documento diz que eventos de grande público, como recitais e festas, deverão ter "autorizações especiais".
As novas regras de segurança incluíram decretos, resoluções e leis. Muitos dos debates contaram com a participação dos familiares das vítimas e foram transmitidos ao vivo pelas principais emissoras de televisão do país. Efeito Cromañon Na prática, a tragédia na casa noturna portenha gerou uma série de medidas batizadas de "Efeito Cromañon".
Logo após o episódio, que ocorreu no dia 30 de dezembro de 2004, várias casas noturnas foram interditadas no país. Levantamentos indicaram, na ocasião que das quase duzentas casas noturnas da cidade, somente 61 atendiam às novas exigências de segurança. Investigações policiais e judiciais revelaram que a discoteca República Cromañón tinha o certificado de bombeiros vencido, cerca do triplo de público permitido e problemas com a saída de emergência.
A perícia apontou que o uso de pirotecnia provocou o incêndio, que gerou uma fumaça mortal. O grupo de rock teria o hábito de usar pirotecnia em seus shows, o que não teriam feito naquela noite, sugerindo que a iniciativa poderia ter partido do público. A tragédia provocou prisões de empresários, dos músicos e renúncias de políticos na cidade. Ainda hoje o caso comove a Argentina.
Na internet, especialistas publicaram documentos sobre o que deveria ser feito para que novas tragédias como esta não ocorram no país. Num deles, da Universidade de Palermo, especialistas dizem que a população também deve estar "mais atenta" sobre os locais que frequentam, tentando saber se cumprem ou não as exigências de segurança.
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