“Ficamos com medo de linchamento”, diz guitarrista da banda que tocava em boate
Sinalizador ateou fogo no teto da casa noturna, provocando a morte de 232 pessoas
O guitarrista da banda Gurizada Fandangueira, Rodrigo Martins, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha que a banda está com medo de sofrer linchamento em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Eles temem serem responsabilizados pelas 232 mortes no incêndio provocado por um sinalizador usado pela banda no show, que queimou o teto da casa noturna Kiss na madrugada deste domingo.
“Ficamos com medo de linchamento”, disse ele ao ser questionado sobre a reação da população.
Ele afirmou que essa responsabilização é injusta porque ninguém na banda teria a intenção de provocar o acidente, que vitimou o sanfoneiro do grupo, Danilo Jaques.
“O baterista tentou ajudar. Ele se soltou da gaita [sanfona]. Alguns dizem que ele voltou para pegar a gaita e não foi mais visto”, afirmou Martins.
De acordo com ele, os rodies da banda (ajudantes de palco) eram os responsáveis pelo uso dos sinalizadores em seus shows.
Ele concluiu a entrevista afirmando que os seguranças da casa noturna impediram a saída de algumas pessoas acreditando que a razão fosse alguma briga no interior da boate.
“Mas eles foram atropelados pelas pessoas que precisavam sair”, concluiu.
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Investigação
Segundo testemunhas, a casa não teria saídas de emergência suficientes. Segundo a Polícia Civil de Santa Maria, o local possui uma única saída de acesso. No entanto, ainda é cedo para confirmar as denúncias.
O caso foi registrado no 1º DP, de Santa Maria, que irá investigar a apontar os culpados no caso. Uma delegada chegou a comentar as denúncias em entrevista à Rádio Gaucha. Segundo a policial, um dos proprietários da boate Kiss se apresentou ao DP e iria ser ouvido. "Somente após os depoimentos poderemos questionar essas informações",
Familiares iniciam velório coletivo no Rio Grande do Sul
Delegado que investiga incêndio em Santa Maria já ouviu um dos três proprietários da boate e um dos integrantes da banda que teria provocado o fogo
Familiares iniciaram, no final da tarde deste domingo, o velório dos mortos no incêndio que atingiu a boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul. O velório coletivo está sendo realizado em um ginásio do Centro Desportivo Municipal, ao lado do pavilhão para onde os corpos retirados da casa noturna foram levados. Alguns corpos deverão ser sepultados ainda neste sábado.
No local, segue também a fila para a identificação dos corpos . De acordo com a lista provisória mais recente divulgada pela Secretaria de Segurança do Estado, 185 dos 233 mortos no incêndio já foram identificados . Além da movimentação de familiares e amigos, muitos voluntários caminham pelo local, distribuindo água e comida.
A maioria dos mortos na boate era de jovens, já que a cidade abriga várias instituições de ensino superior. Muitos deles morreram por asfixiamento por inalação de fumaça tóxica.
O delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pela investigação do incêndio, informou que um dos três proprietários do estabelecimento ainda não foi localizado pela Polícia para dar depoimento e outro já foi ouvido. "Um deles foi ouvido, e outro desapareceu", disse o delegado, sem detalhar o teor do depoimento.
Meinerz afirmou ainda que um dos integrantes da banda que tocava no estabelecimento - cuja apresentação supostamente teria dado origem ao incêndio, durante espetáculo de pirotecnia - foi ouvido pelos policiais que investigam o caso. Ele não forneceu detalhes desse depoimento porque não acompanhou o testemunho do músico. Outro membro da banda morreu no incêndio.
Os integrantes da banda podem ser indiciados por homicídio culposo - quando não há intenção de matar. "Doloso não, culposo sim. É culpa de quem usou a pirotecnia. A banda sim (poderá ser indiciada), porque a atuação deles é que deu vazão ao incêndio e é preciso checar se eles podiam fazer aquilo ou não", afirmou o delegado em entrevista à Agência Estado.
Segundo Meinerz a faísca do sinalizador utilizado no palco pela banda foi puxada pelo exaustor da boate e isso causou o incêndio por cima da espuma, o que pode ter gerado fumaça tóxica.
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Visita da presidenta e luto
A presidenta Dilma esteve em Santa Maria nesta tarde , após interromper viagem ao Chile. Acompanhada dos ministros da Educação, Aloizio Mercadante; dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e da Saúde, Alexandre Padilha, além do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), Dilma conversou com parentes das vítimas e feridos na tragédia. O governo federaldecretou luto oficial de três dias pelas vítimas , e o Rio Grande do Sul, sete dias.
A presidenta acertou com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o envio de uma força-tarefa federal para ajudar nos desdobramentos do incêndio .
De acordo com a Defesa Civil, outras 117 pessoas ficaram feridas no incêndio. O Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul informou que o alvará de funcionamento da boate estava vencido , mas em processo de renovação e que o local tinha instalações de prevenção a incêndios, o que permitia seu funcionamento.
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