Bahia 247 - A Polícia Federal aguardará manifestação do Supremo Tribunal Federal ((STF) para decidir se abre inquérito contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima, por pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a burlar parecer técnico e liberar as obras do La Vue, um prédio de luxo no Porto da Barra, em Salvador, onde ele detinha um apartamento. A policia resolveu esperar porque na representação em que pedia ao STF autorização para investigar Geddel constam acusações também contra o presidente Michel Temer e contra o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O delegado responsável pelo caso entendeu que havia indícios suficientes para pedir abertura de inquérito contra Geddel, mas não fez qualquer menção as denúncias do ex-ministro da Cultura contra Temer e Padilha. Para a polícia, cabe ao STF dar os contornos da investigação. Ou seja, o tribunal deverá definir se o inquérito é extensivo ao ministro da Casa Civil e ao presidente da República ou se terá que se limitar ao agora ex-ministro da Secretaria de Governo.
Em depoimento prestado espontaneamente à Polícia Federal, Calero acusou Temer, Padilha e Geddel de pressioná-lo a liberar as obras do La Vue,. Segundo o ministro, primeiro Geddel o abordou e, de forma descabida exigiu a liberação das obras do La Vue, mesmo contra parecer técnico do Iphan. Geddel teria dito que queria a liberação das obras logo porque era dono de um dos apartamentos do prédio. Geddel teria exigido que o então colega de governo atropelasse a lei num tom agressivo.
Depois do episódio, o presidente da República entrou em cena. Os dois tiveram duas conversas sobre a liberação do La Vue. Numa delas, no Palácio do Planalto, Temer teria dito que a decisão do Iphan de embargar as obras do La Vue estavam criando dificuldades no gabinete dele. Disse ainda que Geddel estava nervoso. O processo sobre o La Vue deveria ser mandado para a Advocacia-Geral da União, que a ministra Grace Mendonça já tinha uma "solução" para o caso.
Na reunião do Palácio do Planalto, Temer disse que "a decisão do Iphan havia criado dificuldades operacionais em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU (Advocacia-Geral da União), porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução". Padilha também teria reforçado a pressão para Calero abrir mão do processo e deixar a solução para a AGU.
Nenhum comentário:
Postar um comentário