Primeira fase do exame será aplicada para 83,7 mil candidatos na tarde deste domingo (19). Universidade estadual oferece 3,3 mil vagas em 70 cursos de graduação.
Por Letícia Baptista*, G1 Campinas e região
A Unicamp testará pela primeira vez, no vestibular 2018, uma tecnologia capaz de identificar sinais de celular e radiofrequência para evitar "colas eletrônicas" durante o processo seletivo. A primeira fase do exame será aplicada na tarde deste domingo (19) para 83,7 mil candidatos distribuídos em 31 cidades do estado de São Paulo, além de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Belo Horizonte.
O sistema, em fase experimental, tem uma rede de sensores que serão instalados em salas e banheiros do Ciclo Básico II, no campus em Campinas (SP). Na sequência, diz o engenheiro Eduardo Neger, um software transfere as informações captadas por eles nos espaços para uma central de controle, em tempo real. A quantidade de pontos testados não foi informada por segurança.
"A gente tinha muita demanda de universidades para bloqueio de sinal de celular nos vestibulares, mas isso é proibido pela Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações], a não ser em presídios. Encaramos o desafio de desenvolver um sistema não invasivo para calcular os níveis de radiofrequência sem vasculhar as informações pessoais. Usamos puramente a física", explica.
O sistema garante privacidade, uma vez que não produz imagens dos locais. "Essa é uma fraude que a gente imagina ser mais comum que possa existir, porque o candidato vai ao banheiro e ninguém pode acompanhá-lo, e ali ele pode ter momento de comunicação. Aí não adianta ter detector de metal, se a gente não conseguir identificar esse tipo", avalia o professor Leandro Manera, da Faculdade de Engenharia Elétrica, sobre o método usado nas edições anteriores.
Diretor da empresa responsável por desenvolver a tecnologia em parceria com o Laboratório de Inteligência Espectral da Unicamp, Neger ressalta ainda que, além de identificar sinais de Wi-FI ou Bluetooth, o sistema pode identificar sinais de aparelhos não homologados pela Anatel. Com isso, a tecnologia permite que os fiscais de prova identifiquem com mais facilidade a possível fraude.
"Um dia antes da prova a gente vem e tira uma foto do espectro dos níveis de frequência da sala vazia para depois compararmos. Se aparecer alguma coisa que não tinha antes, aí é um indício de que tem algum problema", explica o engenheiro sobre a simulação feita neste sábado.
O coordenador de logística do vestibular, Kleber Pirota, valorizou o sistema e lembrou que na semana passada ele foi testado durante uma avaliação para residência no Hospital de Clínicas.
"Se atender às necessidades, a ideia é levar o sistema para todas as provas realizadas pela Comvest", destaca.
O coordenador executivo da comissão organizadora, José Alves Freitas de Neto, afirma que o custo da segurança já faz parte da taxa cobrada no ato de inscrição. "Se não precisássemos gastar tanto com tecnologia para coibir fraudes, a universidade poderia dirigir esses recursos para outras finalidades. E inclusive os vestibulandos seriam beneficiados porque a taxa poderia cair", ressalta.
O vestibular
Na primeira fase, a avaliação é formada por 90 questões de múltipla escolha: 13 de língua portuguesa e literaturas de língua portuguesa, 13 de matemática, 9 de história, 9 de geografia (inclui filosofia e sociologia), 9 de física, 9 de química, 9 de biologia, 7 de inglês e 12 interdisciplinares.
Cada pergunta tem quatro alternativas. O tempo máximo da prova é de 5h, enquanto o mínimo de três 3h30 - quando o estudante pode deixar a sala de exame, informou a assessoria da Comvest.
A universidade oferece 3,3 mil vagas em 70 cursos de graduação. Entre os cursos mais concorridos estão medicina (278,9 c/v), arquitetura e urbanismo (97,6 c/v) e ciências biológicas (51,8 c/v).
* Sob supervisão de Fernando Pacífico.
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