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terça-feira, 8 de julho de 2014

Garotos Mundialistas: Veja tudo que a jovem Alemanha ensina para o Brasil e à CBF.





POR DASSLER MARQUES
Depois de alguns meses, a seção Garotos Mundialistas chega ao 32º país retratado e em momento especial. Nesta terça-feira, o Brasil tem seu maior desafio nesta Copa do Mundo diante da Alemanha, em semifinal no Mineirão. Mesmo desfalcada de um de seus maiores valores, o meia-atacante Marco Reus (89), a equipe alemã voltou à semifinal com um futebol rápido, direto, tecnicamente notável e líder em passes na competição. Com referências com três torneios no currículo, como Phillip Lahm e Bastian Schweinsteiger, ambos ainda com 30 e 29 anos respectivamente.
Enquanto o Brasil tem média de 27,8 anos, a Alemanha tem elenco com 25,7 anos, fruto de um trabalho com 14 anos de duração e sem paralelos na CBF. Veja cinco pontos abaixo em que os alemães têm a ensinar aos brasileiros, ocorra o que ocorrer em Belo Horizonte. 
Escolher os melhores no berço
Em 2011, a Alemanha Sub-21 bateu a Inglaterra por 4 a 0 na decisão do Europeu da categoria. Ali, os alemães unificaram a conquista continental no Sub-17, Sub-19 e Sub-21, equipe base para a Copa do Mundo 2010. Quatro seguem titulares: Neuer, Boateng, Khedira e Özil. Identificar os melhores jogadores desde o berço e formá-los pode auxiliar em muitos aspectos.
Como é no Brasil? Cinco dos titulares prováveis do Mineirão nunca jogaram pela base da CBF.
Investimento e participação na formação
A Federação Alemã criou mais de 360 centros de formação integrados a escolas para jogadores até os 14 anos – e abertos inclusive a garotos de outras nacionalidades que moram no país. Assim, a Alemanha consegue participar do processo com os jovens desde cedo, oferecer maior atenção a seus estudos e ajuda-los no encaminhamento às academias dos clubes.
Como é no Brasil? não existe nada semelhante.
Academias viraram obrigação nos clubes
Todos os clubes das duas primeiras divisões, obrigatoriamente, tiveram que estabelecer academias de formação para os garotos a partir dos 14 anos. Mesmo equipes tradicionais, como o Borussia Dortmund, não preenchiam os requisitos. Em paralelo, a Federação Alemã também estabeleceu maior controle sobre os treinadores e demais profissionais que participam das divisões de base. O investimento em uma década superou R$ 1,4 bilhão.
Como é no Brasil? Há menos de dois anos, a CBF recebeu via emenda na Lei Pelé a determinação de criar o Certificado de Clube Formador para tentar assegurar algumas dessas diretrizes. Ainda hoje, porém, há grandes clubes brasileiros sem cumprir esse protocolo.
Mapear jogadores com dupla nacionalidade
Já tem mais de uma década o trabalho alemão de buscar jogadores com dupla nacionalidade e tratar de acrescentá-los à seleção. Presente no Mundial 2002, por exemplo, o polonês Miroslav Klose foi um caso embrionário. Mas com os centros para jovens de até 14 anos, também, a Alemanha trouxe para perto de si os milhões de filhos de imigrantes que chegaram ao país. Com origem turca, por exemplo, Mesut Özil foi uma das maiores vitórias.
Como é no Brasil: A primeira ação a ser feita nesse sentido foi há alguns meses. O coordenador de base, Alexandre Gallo, viajou pela Europa para visitar garotos brasileiros que jogam nos clubes europeus. Alguns deles foram convocados pela primeira vez.
Escolher um treinador que participe desse processo
Joachim Löw iniciou sua carreira como treinador de base e se demonstra alinhado ao projeto que a Federação Alemã instituiu em 2000. É por isso que se mantém no cargo há praticamente oito anos, mesmo sem um grande título, mas com um time que tem seu estilo, encanta e não está interessado em vencer a qualquer custo. A renovação é constante, por vezes até exagerada.
Como é no Brasil: Luiz Felipe Scolari já chegou a dizer que o papel da CBF deve se restringir apenas a escolher os melhores jogadores. De seus 23 convocados, 17 terão 30 anos ou mais em 2018. Assim, será difícil mudar o panorama atual de que só seis presentes neste Mundial têm experiência de Copa.
O prodígio: Julian Draxler
Eleito pelo jornal inglês Guardian em janeiro como um dos dez jogadores mais promissores da Europa, Draxler (93) já parece pronto para romper a fronteira e se tornar realidade. Mais jovem entre os convocados de Joachim Löw para o Mundial, ainda espera uma oportunidade para estrear, mas a concorrência em seu setor tem sido enorme. Mesmo sem jogar no Brasil, o meia-atacante rápido, prático e habilidoso apresenta suas credenciais a serviço do Schalke 04 para justificar o cartaz. Já são 101 jogos, com 15 gols marcados e 17 assistências, mesmo após temporada marcada por lesão. 
Veja outras seleções na série Garotos Mundialistas:

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