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Goleiro defendeu duas cobranças na disputa por pênaltis diante da Holanda e encara a Alemanha na decisão, no Maracanã, em jogo com clima tenso na arquibancada pelas provocações entre as torcidas
“Brasil, decime que se siente.” Não houve um argentino, autêntico ou simpatizante, que não gritou essa frase a plenos pulmões antes e durante a partida contra a Holanda, nesta quarta-feira, na Arena Corinthians, pelas quartas de final da Copa do Mundo. A música, uma provocação direta aos brasileiros, ganhou mais força nas arquibancadas por conta da vexatória eliminação da seleção treinada por Luiz Felipe Scolari, que levou 7 a 1 da Alemanha.
“O Messi você vai ver / A Copa vai nos trazer”, diz outro trecho da música. E eles seguem com motivos para cantar, para desespero dos brasileiros. Foi nos pênaltis, após um 0 a 0 de poucas emoções na fria noite de Itaquera, que Romero compensou a apatia do camisa 10 argentino e pegou duas cobranças para eliminar a Holanda.
A desejada final entre Brasil e Argentina não aconteceu. E os hermanos disputam com a Alemanha, no próximo domingo, no Maracanã, uma final de Copa do Mundo que não vinha desde 1990, quando perderam para a mesma Alemanha. À Holanda, caberá disputar o prêmio de consolação, o terceiro lugar do torneio, com o Brasil no sábado, em Brasília.
E aí, Argentina, diga o que sente?
Provocação x vaias
A disputa por superioridade no primeiro tempo foi intensa dentro e fora de campo. Nas arquibancadas, brasileiros devolviam as provocações dos argentinos com vaias e gritos de “olé” quando a Holanda tocava a bola.
Entre os jogadores, muita força defensiva mas poucas chances para abrir o placar. O primeiro chute a gol ocorreu aos 12 minutos, com Sneijder mandando por cima da meta de Romero. Messi deu a resposta logo depois em cobrança de falta defendida por Cillesen.
Atrações antes de a bola rolar, Messi e Robben foram discretos na etapa inicial. O argentino até encontrou certo espaço para atuar, mas optou por acionar os jogadores mais abertos pelas pontas, Lavezzi e Perez, que cruzavam na área em busca de Higuaín. O holandês recebia marcação dupla de Zabaleta e Demichelis e não encontrava espaços para suas arrancadas.
Com apenas três chances de gol criadas em 45 minutos, as duas seleções proporcionaram algumas cenas lamentáveis, como o chute de Demichelis em Sneijder, que sequer foi advertido pelo árbitro turco Cuneyt Çakir, e o choque de cabeça entre Mascherano e Wijnaldum, que deixou o volante argentino atordoado.
Nas arquibancadas, a chance de cenas lamentáveis crescia, com a troca de provocações cada vez maior entre argentinos e brasileiros.
À flor da pele
Enquanto Argentina e Holanda seguiam pouco operantes ofensivamente, esfriados também pela fina garoa em São Paulo, o segundo tempo acirrou ainda mais os ânimos do público. A troca de xingamentos era inevitável. “Siete! Siete!”, diziam e gesticulavam os argentinos enquanto os brasileiros tentavam rebater com gritos de “pentacampeão”. A movimentação dos stewards, os seguranças privados que a Fifa utiliza nos jogos, foi mais intensa do que as Messi e Robben em campo. Um deles, em vez de apaziguar os ânimos, subiu o tom de voz e apontou o dedo para um torcedor próximo à tribuna de imprensa da Arena Corinthians.
O grito de gol não substituiu as ofensas por pouco aos 29 minutos, quando Pérez avançou pela direita e achou Higuaín na área, mas o camisa 9 mandou a bola na rede pelo lado de fora. Emoção igual apareceu novamente aos 45, com Robben dentro da área em finalização bloqueada por Mascherano.
Os mais atuantes
Após 90 minutos sem gols, o foco na troca de farpas ficou menor, dando lugar à tensão e às tentativas de incentivo. Com ataque novo, formado por Palacio e Aguero (que entraram no fim do segundo tempo), a Argentina seguiu bloqueada pela boa atuação da zaga adversária. Com Huntelaar no lugar de Van Persie (em atuação pífia), a Holanda buscou mais presença de área mas seguia apostando na individualidade de Robben.
O holandês passou a se movimentar mais em campo e, pela direita, tentou um chute de longa distância aos 8 minutos do primeiro tempo da prorrogação, mas Romero segurou. Messi seguiu mais centralizado na tentativa de acionar seu ataque dentro da área, mas sem sucesso. Nem o fato de ter seu nome gritado pela torcida acordou o camisa 10.
Enquanto isso, os stewards seguiam em movimentação intensa pelas arquibancadas. Antes do fim da primeira etapa extra, dois torcedores foram retirados pela segurança nas cadeiras localizadas atrás do gol defendido por Cillesen.
Em campo, nova cena lamentável, com Kuyt nocauteando Zabaleta após uma trombada. Nas arquibancadas, a faísca entre os rivais se reacendeu. Um rapaz com a camisa do Corinthians xingava todos os argentinos que mostravam em sua direção o número sete com as mãos. Gol que é bom, nada. Palacio e Maxi Rodriguez contribuíram para o 0 a 0 ao arrematarem fraco nas mãos de Cillesen as melhores chances sul-americanas.
Herói não entrou
O goleiro Krul, que foi a campo nas quartas de final contra a Costa Rica apenas para as penalidades e garantiu a Holanda na semifinal, desta vez ficou no banco, já que o técnico Louis Van Gaal já havia usado as três substituições. O titular Cillesen bem que tentou, mas não parou as quatro cobranças argentinas.
Sorte melhor teve Romero, que compensou a apatia de Messi e fez a diferença ao defender as cobranças de Vlaar e Sneijder, garantindo seu país na decisão e levando à loucura os argentinos entre os 63.267 presentes na Arena Corinthians, novo recorde de público do estádio.
FICHA TÉCNICA
HOLANDA 0 X 0 ARGENTINA
Local: Arena Corinthians, em São Paulo
Data: 9 de julho de 2014, quarta-feira
Horário: 17h (de Brasília)
Árbitro: Cuneyt Çakir (Turquia)
Assistentes: Bahattin Duran e Tarik Ongun (ambos da Turquia)
Cartões amarelos: Huntelaar e Martins Indi (Holanda); Demichelis (Argentina)
Data: 9 de julho de 2014, quarta-feira
Horário: 17h (de Brasília)
Árbitro: Cuneyt Çakir (Turquia)
Assistentes: Bahattin Duran e Tarik Ongun (ambos da Turquia)
Cartões amarelos: Huntelaar e Martins Indi (Holanda); Demichelis (Argentina)
HOLANDA: Cillesen, Vlaar, De Vrij e Martins Indi (Janmaat); De Jong (Clasie), Blind, Kuyt, Wijnaldum e Sneijder, Robben e Van Persie (Huntelaar).
Técnico: Louis Van Gaal
Técnico: Louis Van Gaal
ARGENTINA: Romero, Zabaleta, Garay, Demichelis e Rojo; Mascherano, Biglia e Perez (Palacio); Lavezzi (Maxi Rodriguez), Messi e Higuaín (Aguero).
Técnico: Alejandro Sabella.
Técnico: Alejandro Sabella.
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