2 DE JULHO
Fanfarras, estudantes, militares, grupos de samba e batucadas...
Na Bahia, desde 1824, a conquista da independência é celebrada com muita festa nas ruas, sempre com muito verde e amarelo. Em outras épocas, no século XIX, os festejos do Dois de Julho também aconteciam nos bairros. Os próprios moradores construíam réplicas dos carros dos caboclos, organizavam o desfile e homenageavam os brasileiros que lutaram pela independência do Brasil.
O Dois de Julho é, sem dúvida, uma das datas mais significativas da Bahia. Mas, vai além do civismo. Para o povo baiano, que neste dia logo cedo está nas ruas esperando o carro do Caboclo e da Cabocla passar, é um cortejo de fé e uma celebração democrática, que abraça todas as legendas políticas, todas as manifestações religiosas e cada cidadão, seja de que raça for, do mais velho ao mais moço.
O desfile que sai da Lapinha de manhã, e percorre as ruas do Centro Histórico levando a multidão até o Campo Grande, encerra naturalmente todo o apelo da participação popular.
Para a Fundação Gregório de Mattos, responsável pela produção da festa, este é um dos eventos mais esperados do ano. A vasta programação se desdobra ao longo de vários dias: a chegada do Fogo Simbólico em Pirajá ainda no dia 1º, a Alvorada na Lapinha, a saída do Cortejo, o concurso que elege a fachada mais bonita entre as casas que se enfeitam no trajeto do desfile, a retomada do Cortejo durante a tarde, o acendimento da pira no Campo Grande.
Tudo isso, além de uma programação cultural diversificada, que leva aos pés do caboclo, na Praça Dois de Julho, o já tradicional Encontro de Filarmônicas, o Baile da Independência, e só termina no dia 5, quando a Orquestra do Maestro Reginaldo anima o desfile que marca a volta do Caboclo e da Cabocla ao Pavilhão da Lapinha.
FESTA Marco da consolidação da vitória do Brasil contra Portugal e da liberdade política do jugo Português, a festa do 2 de Julho é comemorada desde 1824, ano seguinte da independência na Bahia, tendo uma longa tradição no Estado. Além de ser feriado estadual, o 2 de Julho passou a ser considerado também Bem imaterial do Estado desde 26 de Junho do ano de 2006. Considerada uma das mais importantes festas populares e de expressão cultural da Bahia, ela é comemorada pelos mais diversos municípios do Estado, como Caetité, Cachoeira e Salvador. A festa também acontecia em tempo e espaços diferentes, como por exemplo,em dezembro no cabula, maio em Itapagipe, não acontecendo mais nos dias de hoje, o 2 de julho acontece unificado e unificando um povo. Em 1895 o percurso fora prolongado até o Campo Grande. As comemorações começam ainda no dia 1º de Julho, com a chegada do fogo simbólico à Pirajá, prossegue no dia seguinte com a alvorada na Lapinha e culmina com a saída do cortejo em direção à Praça Tomé de Souza, incluindo ainda discursos de saudação à data na Câmara dos Vereadores, mais um cortejo a tarde, hasteamento de bandeiras no Campo Grande e acendimento da Pira.
GUERRA No dia 7 de setembro de 1822, dom Pedro I proclama a independência em uma viagem de volta de Santos para São Paulo. Esse dia é considerado a data da emancipação do Brasil como nação, o dia da Independência. Entretanto, durante algum tempo ocorreram lutas em diversos pontos do território brasileiro contra tropas portuguesas, que defendiam a continuidade da dominação de Portugal sobre o Brasil. Essas lutas pela consolidação da independência prolongaram-se do final de 1822 a metade de 1823. Além do Rio de Janeiro, estenderam-se pelas províncias da Bahia (até julho de 1823), Pará (outubro de 1823), Maranhão, Piauí, Ceará (agosto de 1823) e Cisplatina ( região Sul do País). A libertação de Salvador do domínio de tropas portuguesas foi longa e difícil. Na realidade, as lutas contra as forças portuguesas do Brigadeiro Madeira de Melo, a mais alta autoridade militar da província, começaram a crescer desde 1821. Com a independência proclamada por Dom Pedro, os conflitos aumentaram. A historia da batalha do 2 de Julho se inicia ainda no ano de 1821, ano em que fora constituída a Junta Governativa (Junta Provisória do Estado da Bahia), resultantes da Assembléia Revolucionária que se reunia para administrar as Províncias de acordo com as Cortes de Lisboa, e o Brasil condecorado Reino Unido de Portugal. Até ai, no país, portugueses e brasileiros se encontravam "unidos". Mas essa condição não duraria muito tempo. Logo D. João VI recebe um mandato para voltar a Portugal e é nesse momento que começa a luzir um interesse de separação da então ex - colônia de Portugal com o país colonizador. O Brasil não aceitaria ser "prisioneiro" de nação alguma. Em 29 de Setembro de 1821 é feito um decreto onde se estabeleceriam decisões políticas para o Brasil, construídas pelas Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituinte da nação Portuguesa juntamente com o rei. A exemplo de algumas questões colocadas neste decreto estariam: o retorno ao antigo sistema monopolista da exportação dos produtos brasileiros aos portos de Lisboa, Porto e Viana e, o estabelecimento de Lisboa como único centro político e administrativo do Brasil. A insatisfação dos brasileiros aumenta, em relação à sua condição perante a Portugal. Os Portos já havia sido abertos para as nações vizinhas, em 28 de janeiro de 1808, logo o Brasil já exportava e importava independentemente do aval de Portugal para outras nações; o País acreditava em uma autonomia. Em 12 de novembro de 1821 há um confronto entre o exército Português com o Nacional, a Praça da Piedade vira local de guerra e o ano de 1821 termina com muita tensão. A 31 de Janeiro de 1822 é feita uma nova Junta Governativa, e em 15 de Fevereiro do mesmo ano, a tensão volta à cidade. É nomeado Governador das Armas do Exército Português o Tenente-Coronel Madeira de Melo, pela carta Régia de 9 de dezembro de 1821. No mesmo dia 15, o então Brigadeiro toma o cargo frente ao governador das Armas interino, Manoel Pedro de Freitas Guimarães. O objetivo de Portugal com essa atitude era manter o império colonial português no Brasil com o reforço militar de Portugal. A notícia deveria ter passado pela Câmara Municipal, pela Junta Governativa e até mesmo pelo interino, não sendo estes avisados, tendo que aceitar as decisões vindas de Portugal. Luis Henrique Dias Tavares, em a Independência do Brasil em Portugal, coloca que proprietários de escravos, terras, engenhos e arraiais de gado, reclamavam dos juros de agiotagem português; a Bahia hospedava tropas do exército português superiores em números de oficiais, soldados, armas, e munições aos oficiais brasileiros que viviam negados e espezinhados nos regimentos. Foi dessa maneira que a Bahia recebeu a notícia da nomeação do tenente-coronel Madeira de Melo O governo da Bahia atendia a uma subordinação da então Junta de Governo Provisório às Cortes, que defendia o ideal constitucionalista, que veio a tomar os brasileiros nesta luta pela independência. Era aceitar uma monarquia absoluta ou uma monarquia constitucional, a segunda idéia era mais bem vista. Começa novamente um clima de tensão na cidade, e o então governador das armas português ameaça reagir a qualquer movimentação subversiva suspeita, sem ao menos comunicar à Junta. Em 19 e 20 de fevereiro de 1822, num novo confronto, ocorrem tiros no Forte de São Pedro, para onde correram as tropas portuguesas, vindas do Forte São Bento. As Mercês, a Praça da Piedade e o Campo da Pólvora viram campo de batalha, o exército português tenta invadir quartéis como Forte de São Pedro, que não é tomado e, o Convento da Lapa. Neste último episódio morreria a Sóror Joana Angélica tentando impedir a entrada do exército, a 19 de fevereiro. Salvador é então tomada pelo exército de Madeira de Melo. Chega ao Brasil tropas de reforço para o exército Libertador, que partira do Rio de Janeiro em 14 de Julho 1822, comandada pelo Capitão Rodrigo Antônio de Lamare. Os navios que comandava tinham bandeira portuguesa, o que deu condições para prosseguir após ludibriar navios portugueses que chegavam com reforços ao litoral da Bahia e conseguindo um desembarque a 25 de outubro do referido ano, por Maceió. As tropas partiram para Recife, com o objetivo de buscar mais contingente para o exército, indo em direção à Sergipe (São Cristóvão) e Inhambupe, onde ordena, por carta ao Coronel Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, que sejam reunidas todas a forças num sítio denominado Feira do Capuame, para entrada das tropas em Salvador. Quando isso aconteceu já havia sido proclamada a Independência do Brasil a 7 de Setembro de 1822. Depois de reunir todo o seu exército, o coronel Joaquim Pires de Carvalho passa o comando para o General francês Pedro Labatut, começa assim a defesa e luta pela independência. Labatut organiza seu exército formado por oficiais de milícias ou proprietários de terras e engenhos, brancos pobres, lavradores, plantadores de fumo e mandioca, crioulos livres (nascidos no Brasil, filhos de escravos africanos) escravos crioulos e escravos africanos doados pelos senhores de engenho, juntamente com os Voluntários do Pedrão, batalhão formado por vaqueiros sob o comando do Frei Maria do Sacramento Brayner. Este exército vem tomando o interior, chegando cada vez mais perto de Salvador. Madeira de melo ainda tenta uma contrapartida, tentando fechar o cerco entre a Ilha de Itaparica e Barra do Paraguaçu, sendo ai impedido e combatido pela única mulher a se registrar no exército brasileiro, Maria Quitéria de Jesus, e seus companheiros do Batalhão dos Periquitos, comandado por José Antônio da silva Castro. O General Labatut é deposto após uma conspiração de militares brasileiros e o comando das tropas libertadoras é dado a Joaquim de Lima e Silva. Labatut é preso na Casa de Câmara e Cadeia de Maragogipe (Masmorra do Paço), por conta de desentendimentos com a aristocracia por montar um batalhão de escravos dando condições dos mesmo fugirem. "Aparentemente, o general confiscara e recrutara à força os escravos de alguns senhores portugueses que estavam ausentes, principalmente a família Teixeira Barbosa, e em decorrência disso corriam boatos que qualquer escravo que se oferecesse voluntariamente seria liberto." Sob o comando de Lima e Silva, a partir de junho de 1823, com a ajuda da marinha, o mesmo fecha as portas de entrada de materiais de primeira necessidade à cidade de Salvador, então tomada pelos portugueses. Assim, com fortes ataques e passando necessidades, o Brigadeiro Madeira Melo faz um apelo à coroa, sendo finalmente derrotado no memorável 2 de Julho de 1823. Estava declarada a Independência do Brasil na Bahia. O Coronel Joaquim de Lima e Silva entra em Salvador triunfante junto aos seus combatentes, entre eles negros libertos e escravos. Algumas batalhas ficaram na história, como a de Pirajá em 08 de Novembro de 1822, em que o exército brasileiro resiste aos ataques portugueses e são derrotados pelo general Labatut, homenageado com o Panteon, localizado no próprio bairro. BATALHA DE PIRAJÁ – 08 DE NOVEMBRO DE 1822 Pirajá constituía para a força brasileira ponto chave da defesa, por sua posição dominante. Por ela passava a tradicional estrada das Boiadas, ligando Salvador com o norte da Bahia . A posse de Pirajá representava, para os patriotas , o domínio da enseada de Itapagipe e, o corte da entrada de víveres e de gado para o abastecimento de Salvador . Ciente da relevância de Pirajá ,Madeira de Melo procurou controlá-lo. O seu plano de ação para 8 novembro de 1822, consistia em atacar o Exército Patriota em sua base de operações, Pirajá, dividindo-o em duas partes, destruir uma parte e obrigar o restante a retirar-se na direção do norte. Dessa forma ,esperava romper o cerco de Salvador e ter acesso ao sertão. Ao amanhecer do dia 8, a Infantaria portuguesa desembarcou em Itacaranha e Plataforma, chefiada pelo Coronel João de Gouveia Osório, comandante da Legião Constitucional Lusitana. Ao mesmo tempo outras tropas atacaram Cabrito, ameaçando a retaguarda brasileira. Para lá acorreram reforços. Os nossos bravos, apoiados no Coqueiro, Bate-Folha e em São Caetano, resistiram. Dirigiu o combate o Tenente - Ajudante Alexandre de Argollo Ferrão. Nas encostas de Pirajá, a luta assumiu grandes proporções. Segundo o Barão do Rio Branco, patrono de cadeira na AHIMTB, "o comandante da posição, Tenente - Coronel José de Barros Falcão, que trouxera ajuda de Pernambuco, possuía cerca de 1.300 homens, assim distribuídos: Batalhão de Pernambuco; Batalhão de Milicianos do Rio de Janeiro; Legião de Caçadores da Bahia; Corpo Henrique Dias; uma companhia do 1º Regimento de Infantaria da Bahia . Comandantes respectivos : Major José da Silva Santiago, Capitão Guilherme José Lisboa, Tenente Alexandre de Argollo Ferrão, Major Manuel Gomes da Silva, Alferes Francisco de Faria Dutra, e uma bateria de Artilharia do Rio de reforço. . O efetivo de Madeira de Mello englobava os 1º e 2º batalhões da Legião Constitucional, os 4º e 10º regimentos de Infantaria, e um contingente de Artilharia. Combateram 5 horas, sem um resultado decisivo. Depois, um violento ataque de Madeira de Melo quase rompeu a linha brasileira, ameaçada de ser dividida em duas partes. As colunas inimigas já progrediam sobre as alturas de Pirajá. Foi quando o Coronel Barros Falcão, para evitar o envolvimento ordenou a retirada. Contou Accioli, contemporâneo do episódio, que o corneteiro Luís Lopes, num rasgo de iniciativa, ao invés de obedecer, tocou, com toda a firmeza: "Cavalaria, avançar!" As tropas portuguesas vacilaram, surpresas e, em seguida, ouviram o segundo toque: "Cavalaria, degolar!" Hesitantes, os inimigos recuaram ,enquanto os brasileiros, animados, avançavam, perseguindo-os a ponta de baionetas, levando-os de roldão até a praia onde embarcaram em desordem.. Na batalha de Pirajá, o nascente Exército Brasileiro conseguira firmar o seu valor, elevando o seu moral, ao derrotar forças experimentadas e mais bem equipadas. Os portugueses renunciaram definitivamente à conquista das posições de Pirajá, conformando-se em manter Salvador em seu poder, reconhecendo o poder e o prestígio do governo de Cachoeira .Os seus suprimentos se limitavam ao recebidos por mar, do apoio da esquadra inimiga .
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070419154948AAwocss
CURIOSIDADES:
Batalhões organizados pelos brasileiros:
1. Voluntários do Príncipe – Chamado de “Batalhão dos Periquitos”, por causa do verde na gola da farda, foi organizado e comandado por José Antônio da Silva Castro. 2. Companhia do Belona – Comandado por Inácio Joaquim Lisboa 3. Companhia de Mavorte – Organizada pelo Capitão-mor Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque de Ávila Pereira e comandada por José Joaquim de Sousa Leite. 4. Belona Cachoeirense – Organizada por José Joaquim Ferreira e comandada por Inácio Joaquim Pitombo. 5. Pitangas – Organizada e comandada por Manuel Marques Pitombo. 6. Couraças ou Encourados do Pedrão – Vaqueiros reunidos pelo Frei José Maria do Sacramento Brayner. Fonte: TAVARES,Luis Henrique Dias “A Independência do Brasil na Bahia”. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977. Coleção Retratos do Brasil. p. 119.
Fortalezas existentes em Salvador pela guerra da Independência:
1. Quartel de Santo Antônio da Mouraria – Ficava depois do Convento da Lapa, no espaço hoje ocupado pela praça de esportes do Colégio Central. Era na época quartel da Legião de Caçadores. 2. Quartel da Palma – Ocupava o antigo Convento da Palma e aquartelava oficiais e saldados da Legião dos Caçadores. 3. Quartel de São Bento – Ficava no Largo de São Bento, no prédio onde existiu, muitos anos depois, o Hotel Nova Cintra. Abrigava o Regimento número 12 da Legião Constitucional Lusitana. 4. Forte de São Pedro – Quartel do Regimento da Artilharia. As suas muralhas eram altas e o Forte ficava protegido por um fosso. Tinha um terrapleno (terreno aplanado) inferior e outro superior. 5. Quartel do Carmo – No convento dos carmelitas calçados. Aquartelava a Legião Constitucional Lusitana. 6. Fortaleza do Barbalho – Abrigava tropas portuguesas. 7. Forte Santo Antônio Além do Carmo – Abrigava tropas portuguesas. 8. Quartel da Cavalaria – Na Casa dos Órfãos de São Joaquim. 9. Trem Militar – Arsenal de armas e munições no Largo dos Aflitos. Hoje é Quartel da Polícia Militar. 10. Hospital Militar – No lado esquerdo da Catedral Basílica, no espaço do antigo Colégio dos padres da Companhia de Jesus. Além dessas fortalezas, fortes e quartéis, e do hospital, havia corpos da guarda no Palácio dos Governadores, no Trem Militar, no Hospital Militar e no Arsenal da marinha. Fonte: TAVARES, Luis Henrique Dias “A Independência do Brasil na Bahia”. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977. Coleção Retratos do Brasil. P. 37.
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