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Peixes e carnes tostadas também podem causar câncer assim como as processadas; veja o que acontece e como ajudar seu organismo a se defender desses "ataques"
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta semana um comunicado que diz que consumir mais que 50 gramas de carne processada por dia aumenta em 18% o risco de desenvolver câncer colorretal. Essa informação é sabida desde 2010, quando houve consenso entre pesquisadores que a carne processada aumenta o risco de desenvolver câncer.
A notícia, porém, causou comoção e muitas pessoas temem comer qualquer tipo de carne – mesmo as não-processadas – por medo de todas elas causarem câncer. Mas não é bem assim: quem gosta ainda pode comer aquele bife acebolado ou a carne de panela sem peso na consciência. Mas é preciso alguns cuidados.
Carnes processadas
Nas carnes processadas, os agentes cancerígenos estão nos nitritos e nitratos, aditivos químicos que são tóxicos ao corpo e, em quantidade alta, têm capacidade de alterar o DNA das células e fazer com que elas se repliquem desordenadamente, causando câncer.
O nutrólogo Roberto Navarro diz que, se a recomendação que a OMS só divulgou agora fosse seguida à risca, todos parariam de comer qualquer tipo de carne processada.
Até peixe pode causar câncer
Roberto Navarro explica que as outras carnes, a vermelha, de frango ou de peixe sofrem outro alerta. Para que elas não se tornem cancerígenas, é preciso que passem por um cozimento brando. “Quando são tostadas e formam aquele ‘pretinho’, a nitrosamina, um composto cancerígeno, é liberada”, alerta ele.
Tostou? Liberou nitrosamina, que é cancerígena
Isso vale para bifes muito grelhados, churrascos ou qualquer outro tipo de preparo que toste as carnes. Tostou? Liberou nitrosamina, que é cancerígena. A recomendação é que as carnes sejam preparadas por meio de cozimento brando, e não tostadas, assim a nitrosamina não é liberada.
No caso da carne vermelha, Navarro explica que há outra recomendação que diz para não consumir mais do que 400 gramas por semana.
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As carnes são cancerígenas quando são tostadas e, sobre ela, forma aquele ‘pretinho’, que é a nitrosamina, um composto cancerígeno"
A nitrosamina é chamada, assim como os nitritos e nitratos, de agentes promotores da mutação do DNA. Maléfica, ela é capaz de entrar do DNA e destruir sua estrutura. As células mais velhas, então, morrem e passam o código genético para as mais novas. Por causa da ação da nitrosamina, esse código passado é alterado. Essas novas células, então, se replicam diferentemente da célula-mãe, formando tumores.
Alimentação que protege contra câncer
Quando os médicos falam da importância de manter uma boa alimentação para preservar a saúde, o assunto não é brincadeira. O corpo tem mecanismos de defesa que, quando o DNA é mutado por causa desses compostos cancerígenos, "obrigam" o DNA a voltar ao seu estado original. O combustível para esse “exército de defesa” está na alimentação.
Antioxidantes
Os compostos cancerígenos favorecem a oxidação das células e liberam radicais livres, que atacam o DNA. Por sua vez, se a alimentação for rica em compostos antioxidantes, essas substâncias atacam os agentes agressores e o corpo consegue se defender com mais eficácia.
>> Conheça alimentos antioxidantes:
FRAMBOESA. Foto: Getty Images
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“A nossa maior defesa é produzir enzimas que evitem esse ataque ao DNA”, explica Navarro. “Quem tem uma dieta rica em antioxidantes tem menos câncer”.
E esses antioxidantes são os alimentos com selênio, vitamina C, vitamina E e compostos bioativos, como polifenois e flavonoides. “Aqueles pigmentos que dão cor aos alimentos são antioxidantes, por isso falamos de comer um prato colorido”, recomenda.
Fígado também tem papel essencial
Além dos antioxidantes, o fígado – órgão nobre e que funciona como uma “usina” no corpo humano – é responsável por tentar neutralizar esses nitritos, nitratos e nitrosamina ingeridos por meio da alimentação. “Ele procura bloquear o efeito”, diz o médico.
Para trabalhar bem, o fígado também depende da alimentação. Compostos enxofrados ou sulfidrílicos são fundamentais como insumo para o fígado produzir suas enzimas que mandam substâncias tóxicas embora.
E onde estão esses compostos? Nos vegetais verde-escuros, como a couve, espinafre, rúcula, agrião e brócolis, bem como nos cogumelos comestíveis, no alho e na cebola. Inserir esses alimentos na dieta ajuda a balancear o problema causado pelas carnes.
Como fechar a conta
Se a pessoa come muitas carnes processadas, muitas carnes tostadas e não ingere antioxidantes e compostos sulfidrílicos ou enxofrados, a conta não vai fechar e ela terá um risco alto de desenvolver câncer, segundo Navarro.
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Quem tem uma dieta rica em antioxidantes tem menos câncer"
“O que vai contar é o desbalanço. Se eu me exponho muito e reparo pouco, vou ter câncer. Quando me exponho, preciso ver qual é minha capacidade de defesa”, alerta ele.
Genética também conta
Navarro explica também que há o papel genético em todo esse contexto. Algumas pessoas, por razões genéticas, têm mecanismos de defesa mais apurados. Essas são aquelas que comem carne processada, bebem, fumam e não mantêm hábitos saudáveis, mas chegam ao final da vida sem desenvolver câncer. Outras, que se descuidam dos bons hábitos com menor intensidade, mas geneticamente não têm capacidade tão alta para se defender desses agentes cancerígenos, podem desenvolver câncer.
O nutrólogo explica, por fim, que estudos dizem que a proteína animal é importante apenas na fase de crescimento. “Depois que a pessoa cresce, ela pode viver tranquilamente com a proteína vegetal”, conta, para aqueles que quiserem reduzir ou parar o consumo de carne.
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