Organização retira seu pessoal da cidade do norte afegão depois da morte de 19 pessoas em bombardeio supostamente realizado por forças americanas. MSF nega ter sido usada como escudo humano por talibãs.
A organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) deixou neste domingo (04/10) Kunduz, depois que um ataque aéreo na madrugada de sábado matou ao menos 19 pessoas no hospital da entidade na cidade do norte afegão.
Assim, a MSF fecha o único hospital da província capaz de tratar ferimentos de maior gravidade. "O hospital da MSF não funciona mais. Todos os pacientes críticos foram transferidos para outras instalações hospitalares, e nenhum pessoal da MSF está trabalhando em nosso centro médico", afirmou a porta-voz da MSF Kate Stegeman.
De acordo com a organização, alguns de seus funcionários foram para hospitais na região. "Neste momento, não posso confirmar se o nosso centro de trauma em Kunduz será reaberto ou não", acrescentou a porta-voz.
Ataque aéreo
A decisão vem um dia após o hospital ter sido atingido por uma série de bombardeios, que deixaram mortos 12 funcionários e sete pacientes, incluindo três crianças. O grupo afirma que os EUA são responsáveis pelos ataques aéreos.
Segundo o chefe da missão da MSF no norte do Afeganistão, Heman Nagarathnam, o edifício foi atingido várias vezes e os "pacientes não puderam escapar, tendo morrido queimados, enquanto estavam deitados em suas camas".
De acordo com a organização de ajuda humanitária, mais de 80 membros do pessoal da MSF, como também 105 pacientes e seus cuidadores estavam no hospital no momento do ataque.
Nenhum "escudo humano"
A Otan admitiu que forças americanas que apoiam os afegãos na luta contra os talibãs podem estar por trás do bombardeio. Autoridades americanas também afirmaram que conduziram ataques aéreos nas proximidades da instalação e que estão investigando o caso. Ao mesmo tempo, autoridades afegãs disseram que helicópteros dispararam contra os talibãs que estariam usando o edifício como "escudo humano".
A MSF rejeitou a declaração, afirmando que nenhum combatente talibã atacou o hospital. "Os portões do complexo hospitalar estiveram fechados durante toda a noite, de forma que ninguém que não pertencesse ao quadro de pessoal ou que não fosse paciente ou cuidador estava dentro do hospital quando o bombardeio aconteceu", declarou a organização Médicos Sem Fronteiras, em nota neste domingo.
Disputada Kunduz
A cidade de Kunduz continua palco de combates entre os talibãs e as tropas afegãs, que contam com o apoio aéreo americano. A tomada de Kunduz, na segunda-feira passada, foi a conquista militar mais importante dos talibãs desde que o grupo insurgente foi afastado do poder em 2001, após a ofensiva liderada pelos EUA.
Na quinta-feira, o Exército afegão recuperou o controle da cidade no norte do país, mas combates entre as forças governamentais e os insurgentes radicais continuaram nos últimos dias. Com a ajuda da Otan, as tropas do governo afegão tentam agora reconquistar o controle total de Kunduz.
No Afeganistão, a Aliança Atlântica conta com 4 mil militares em missões de assistência e treinamento. A Otan também participa da campanha de apoio às tropas afegãs.
CA/afp/ap/rtr
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