Ministro da Defesa, Reymi Ferreira, também cita suspeita de tráfico de influência na obtenção da licença da companhia LaMia.
Por G1
09/12/2016 17h49 Atualizado há 20 minutos
Tripulante da Avianca revela diálogo piloto de voo acidentado da Chapecoense (Foto: Luis Benavides/AP)
O ministro da Defesa da Bolívia, Reymi Ferreira, disse nesta sexta-feira (9) que o acidente com o avião da Chapecoense na Colômbia, que deixou 71 mortos e 6 feridos, foi um "homicídio".
"Não foi um acidente. Na realidade foi um homicídio", disse Ferreira em entrevista à rádio paraguaia ABC Cardinal. Segundo ele, se o piloto Miguel Quiroga tivesse cumprido com as normas, não se estaria lamentando a tragédia.
A aeronave levava a Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana na cidade colombiana de Medellín. Entre as vítimas estão, além dos integrantes da Chapecoense, convidados da equipe.
"Há uma norma internacional que estabelece que você tem que ter pelo menos uma hora e meia de autonomia a partir do cálculo da chegada a seu destino. E ele tinha, de acordo com o plano de voo exatamente a mesma quantidade de combustível para as quatro horas e vinte minutos que supostamente iria durar o voo”, afirmou.
O ministro disse ainda que o erro já tinha sido cometido antes. "E isso não foi feito uma vez. Essa companhia aérea, esse piloto, fez isso cinco vezes", afirmou.
Gerente preso
O gerente da LaMia, companhia aérea responsável pelo avião que caiu na semana passada, será mantido em prisão enquanto durar a investigação sobre o caso, disse uma funcionária na quinta-feira, segundo a Reuters.
Gustavo Vargas foi detido na última terça-feira e levado para delegacia, onde passou mal e teve que ser internado até a tarde de quarta-feira. O empresário é acusado de abandono do dever, uso indevido de influências e homicídio culposo, entre outros.
Segundo o ministro boliviano, um dos temas que tem que ser investigado é o processo de obtenção de licença pela LaMia.
"É preciso investigar que relação existia entre o gerente da LaMia (Vargas) e seu filho, que era um dos responsáveis da direção-geral da Aeronáutica Civil, que é a que outorga as permissões de licenças de aeronáutica. Esse é um elemento em que possivelmente há tráfico de influência", disse à rádio.
"Na Bolíva, a autorização de uma companhia aérea, ao menos desse tipo, demora muitíssimo. E chama atenção a rapidez e os poucos requisitos que foram pedidos. Há uma suspeita da parte do governo e do Ministério Público, que nesse caso está investigando, de que teria havido um tráfico de influência”, acrescentou.
Ação judicial
Autoridades bolivianas suspenderam na semana passada a licença da LaMia. No fim de semana, o comandante da Força Aérea Boliviana, Celier Aparicio, afirmou que existe ação judicial aberta contra a companhia aérea devido a uma dívida correspondente a manutenção, no valor de 335.550 bolivianos (o que equivale a cerca de R$ 162.240).
Na quinta-feira, promotores da Bolívia, da Colômbia e do Brasil se reuniram para discutir a investigação do acidente com o avião, segundo o Jornal Nacional.
O Brasil não irá participar do processo de abertura, degravação e leitura dos dados das caixas-pretas de voz e de dados do avião, de fabricação britânica em uma parceria entre a British Aerospace, BAE Systems e Avro Internacional.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) decidiu não enviar um representante para acompanhar a abertura das caixas. A informação foi confirmada ao G1 pelo centro de comunicação da Aeronáutica.
(Foto: Arte G1)
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