28.jan.2019 às 17h12Atualizado: 28.jan.2019 às 21h33
Rubens Valente
BRUMADINHO (MG)
Os equipamentos trazidos de Israel para Brumadinho (MG) "não são efetivos para esse tipo de desastre", disse o comandante das operações de resgate, o tenente-coronel Eduardo Ângelo.
"O ministro de Israel se pronunciou a respeito das dificuldades que eles tiveram. O imagiador que eles têm pegam corpos quentes, e todos os corpos [na região] são frios. Então esse já é um equipamento ineficiente". Para embaixador de Israel, há ciúmes nas críticas à atuação do país.
Missão israelense que deixou o país rumo a Brumadinho neste domingo (27). Divulgação/Divulgação
Missão israelense que deixou o país rumo a Brumadinho neste domingo (27). Divulgação/Divulgação
Indagado sobre que outros equipamentos israelenses podem ser usados nas buscas, o comandante afirmou: "Dos equipamentos que eles trouxeram, nenhum se aplica a esse tipo de desastre".
O militar reconheceu que o detector de imagens poderia ser eficaz para localização de sobreviventes, pois capta o calor humano. Porém, nenhum sobrevivente foi localizado pelas buscas das últimas 48 horas. "O que faz [constitui] a imagem é a temperatura. Quando a temperatura está homogênea, é como se não houvesse nada no solo".
O comandante, porém, disse que o apoio dos israelenses é importante e funciona "como mão-de-obra". "As equipes de campo estão acompanhadas pelas equipes dos bombeiros de Minas Gerais."
O comandante voltou a dizer que são pequenas as chances de localização de sobreviventes.
"O que a literatura fala é que depois de 48 horas, a chance é quase nula. Mas existem registro de pessoas que foram encontradas vivas dias depois, mas é um ponto fora da curva. A experiência mostra que a cada dia que passa, a chance é menor".
Após o mal-estar gerado, em entrevista à imprensa na noite desta segunda (28), o porta-voz dos Bombeiros, tenente Pedro Aihara, afirmou que os equipamentos ainda não foram utilizados, mas que serão benéficos.
“Os equipamentos oferecem, sim, recursos positivos ao trabalho realizado pelo Corpo de Bombeiros. Todavia é necessária alguma adaptação em relação às condições em que esses equipamentos estão acostumados a trabalhar”, disse.
Por exemplo, em Israel, os equipamentos se deslocam em superfície lisa e há dificuldade no deslocamento na lama. “Estamos vendo qual é a melhor forma de utilizar”, completou.
“Qualquer informação no sentido de que esses equipamentos não serem efetivos é uma informação extremamente equivocada. Estive com o coronel Angelo e a cooperação com Israel está sendo efetiva.”
Segundo Aihara, o local selecionado para o trabalho dos israelenses é justamente onde os corpos estão sob maior profundidade e os equipamentos terão maior potencialidade.
Corpos são trazidos de helicóptero para o gramado em frente a Igreja Nossa Senhora das Dores, no povoado de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG); curiosos e familiares dos desaparecidos se aglomeram no local buscando identificar as vítimas. Folhapress/Pedro Ladeira
Corpos são trazidos de helicóptero para o gramado em frente a Igreja Nossa Senhora das Dores, no povoado de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG); curiosos e familiares dos desaparecidos se aglomeram no local buscando identificar as vítimas. Folhapress/Pedro Ladeira
Os 136 militares israelenses que ajudam nas buscas em Brumadinho se concentram em localizar sobreviventes. Eles chegaram na noite de domingo (27) em Belo Horizonte com 16 toneladas de equipamentos.
Houve ainda videoconferência com equipes em Israel para ajustar os equipamentos à realidade da tragédia. Eles trabalham em conjunto com os bombeiros brasileiros na área do refeitório da Vale, onde havia muitas pessoas no momento do rompimento da barragem.
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