Segundo assessoria do órgão, recurso será analisado pela presidente da Corte, Cármen Lúcia, durante o plantão de feriado prolongado.
Por G1, Brasília
A Advocacia Geral da União (AGU) informou nesta sexta-feira (3) que recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para permitir ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), dar nota zero a redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que os corretores das provas julguem apresentar trechos contrários aos direitos humanos.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o recurso será analisado pela presidente da Corte, Cármen Lúcia, durante o plantão - a Corte iniciou feriado prolongado na quinta (2). O primeiro dia do Enem será neste domingo (5) e inclui a prova de redação.
A ação da AGU, que representa o governo junto à Justiça, busca derrubar uma decisão da Justiça Federal que proíbe a atribuição automática de nota zero a textos que ferirem direitos humanos.
Ainda valem nota zero automática a presença de impropérios e a inclusão de trechos desconectados no texto, que há alguns anos rendia apenas desconto na nota, pela fuga parcial do tema, mas desde 2013 rende a nota zero para evitar que os estudantes debochem na prova.
Na ação, o Inep e a AGU argumentam que o Enem segue a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição Brasileira. “A educação está associada aos direitos humanos, assunto que deve ser objeto de avaliação na prova como um todo, e não apenas em determinada competência”, diz a peça.
MINORIA CONTRA OS DIREITOS HUMANOS
Ter a redação anulada por causa de trechos com desrespeito aos direitos humanos foi problema para uma minoria em 2016. Das quase 5,9 milhões de redações anuladas no ano passado, 0,08% levaram zero por esse motivo.
O número exato de candidatos que defendeu ideias contrárias aos direitos humanos ao abordar o problema da intolerância religiosa e, por causa disso, teve a prova anulada, foi 4.798.
Motivos para tirar nota zero na redação
Das 291.806 provas que zeraram no ano passado, só 4.798 tiveram como razão o desrespeitos aos direitos humanos
Prova em branco
206.127
206.127
Fonte: MEC/Inep
No total, 5.881.213 provas de redação do Enem 2016 passaram pela correção. Dessas, 291.806 acabaram com a nota zero por uma série de motivos, a grande maioria (70,6% dos casos) porque o candidato ou não compareceu para fazer a prova, ou compareceu, mas deixou a redação em branco. O segundo principal motivo para a nota zero no Enem 2016 foi a fuga ao tema, que representou 16% dos casos.
ARGUMENTO CONTRA DECISÃO
No texto, a AGU argumentou que desde 2013 o Inep adota o critério e que ele está claro no manual de redação.
"Pode-se dizer que determinadas ideias e ações serão sempre avaliadas como contrárias aos direitos humanos, tais como: defesa de tortura, mutilação, execução sumária e qualquer forma de “justiça com as próprias mãos”, isto é, sem a intervenção de instituições sociais devidamente autorizadas (o governo, as autoridades, as leis, por exemplo); incitação a qualquer tipo de violência motivada por questões de raça, etnia, gênero, credo, condição física, origem geográfica ou socioeconômica; explicitação de qualquer forma de discurso de ódio (voltado contra grupos sociais específicos)", conforme trecho do Manual de Redação do Enem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário