Atentados em 13 de novembro de 2015, em Paris, que deixaram 130 mortos.
Por France Presse
Dezenas de sobreviventes dos atentados em 13 de novembro de 2015 em Paris, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico e que deixaram 130 mortos, fizeram tatuagens com os objetivos de "nunca esquecer" a fatalidade e "voltar a aprender a viver".
Naquele dia, a onda de terror começou nos arredores do Stade de France, ao norte da capital, durante uma partida entre França e Alemanha, e continuou em Paris na casa de shows Bataclan e em bares e restaurantes da cidade.
Veja a seguir a história de alguns sobreviventes e suas tatuagens:
Desde que foi "sepultada" sob uma montanha de corpos no Bataclan, Laura Levêque tem a "impressão de carregar sobre os ombros o peso de 130 cadáveres". "Logo, por que não deixar marcado na pele?", questionou a si própria.
"Fiquei coberta de sangue e (pedaços de) carne. Os mortos entraram em mim", disse Levêque à agência AFP. Porém, suas tatuagens ajudaram essa mulher, atualmente com 32 anos, a "recuperar o seu próprio corpo" e a "transformar o (momento) pavoroso em algo belo".
Agora, ela exibe um enorme corvo no ombro, rodeado de pequenos desenhos que remetem a um eclipse, além de uma ouroboros, uma cobra mordendo a própria cauda, que simboliza o "ciclo da vida", e "flores que crescem em um campo de batalha".
Três meses após a carnificina a que sobreviveu com apenas 19 anos, Nahomy Beuchet carrega em seu braço um desenho do Bataclan, acompanhado da data do ataque e das palavras "Peace, Love, Death Metal", que pode ser traduzido em português para "Paz, Amor e Metal (rock)".
Esse é o nome de um álbum do Eagles of Death Metal, a banda californiana que se apresentava no Bataclan quando os responsáveis pelo ataque entraram no local e massacraram 90 pessoas.
Para a jovem de 21 anos, que considera atualmente o tempo como sendo "um pouco abstrato", a tatuagem é "uma âncora histórica".
"Essa é a minha cicatriz", disse Manon Hautecoeur a respeito do leão e o emblema de Paris "Fluctuat nec mergitur" ("Atingida pelas ondas, mas não afundada"), que exibe em seu braço.
"Quando as suas feridas são 'apenas' psicológicas, você tem a impressão de não ser realmente uma vítima porque não possui lesões físicas", explica essa jovem de 20 anos que estava próximo ao restaurante Petit Cambodge, local também alvejado pelos terroristas.
David Fritz Goeppinger, que sobreviveu ao Bataclan, sente o mesmo. "Não estava ferido. Precisava de algo", conta esse jovem de 25 anos, que agora tem marcado em seu braço numerais romanos que representam a data do atentado.
Stephanie Zarev, 44 anos, tem uma fênix tatuada ao braço no qual foi atingida por partes de uma bomba de estilhaços, feita para mostrar que "apesar do terror existente naquela noite, ainda há muito para se viver".
Ruben, que desde julho faz parte do grupo que possui uma tatuagem do emblema da capital francesa, passou seis meses hospitalizado. "Queria ter algo registrado, mas sem que fosse algo que dissesse 'estive no Bataclan'".
Sophie foi atingida por duas balas em uma perna e atualmente não consegue mover o pé. Ela tatuou em sua coxa uma enorme e esquelética "Catrina", a tradicional caveira mexicana, além de um girassol no pé. "Eu não quis sublimar minhas feridas, mas sim iluminá-las", relatou a mulher de 33 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário