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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Morre aos 93 anos Shimon Peres, ex-presidente e líder de Israel


Ele, Yitzhak Rabin e Yasser Arafa ganharam o Nobel da Paz em 1994. Peres morreu duas semanas após ser internado por sofrer um AVC.
27/09/2016 23h18 - Atualizado em 28/09/2016 05h24
Do G1, em São Paulo


Morreu na noite desta terça-feira (27), aos 93 anos, o ex-presidente e ex-primeiro-ministro israelense Shimon Peres. Ele havia sido internado no dia 13, após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). Peres foi um dos ganhadores do Nobel de 1994 pelos chamados Acordos de Paz de Oslo, concluídos com Yitzhak Rabin e Yasser Arafat.
O líder israelense estava sedado e sob respiração assistida na unidade de tratamento intensivo do hospital Tel-Hashomer de Ramat Gan, na região de Tel Aviv, onde morreu.
Conhecido por defender um Oriente Médio no qual Israel possa conviver em paz com os vizinhos árabes e palestinos, e firme apoiador de uma cooperação econômica para chegar a tal fim, ocupou as pastas ministeriais mais importantes do governo israelense.
Peres também é reconhecido por ter sido o principal defensor do programa nuclear israelense e de sua indústria aeronáutica, um dos principais fatores para vencer os países árabes em pelo menos cinco guerras.
Shimon Peres, em foto de 2012 (Foto: U.S. Embassy Tel Aviv/Creative Commons)
Chegada a Israel
Nascido em Vichnev, cidade que na época pertencia à Polônia e agora faz parte do território da Belarus, em 1923, Peres tinha 11 anos quando se mudou para o que então era a Palestina sob Mandato Britânico, onde se radicavam milhares de judeus com a intenção de estabelecer um Estado.
Peres viveu alguns anos em um kibutz próximo ao lago Tiberíades, onde fez o bacharelado, antes de aderir às juventudes operárias socialistas.
Então primeiro-ministro israelense Shimon Peres mostra a Bill Clinton, presidente dos EUA, como é o seu nome em hebraico, durante intervalo de reunião na Casa Branca, em 1996 (Foto: Government Press Office Israel/Creative Commons)
Na década de 1950 se tornou o "pupilo" do criador do Estado Judeu em 1948, Davi Ben Gurion, para se lançar na política ativa em 1959, quando foi eleito pela primeira vez deputado no Parlamento, cargo renovado sucessivamente.
Aos 29 anos, quatro depois de seu encontro com David Ben Gurion, foi nomeado diretor-geral do ministério da Defesa, responsável pelas poderosas fábricas de armas e indústrias aeronáuticas israelenses.
No Partido Trabalhista, do qual foi dirigente histórico durante anos, conseguiu apenas alternar a liderança do governo após o pleito de 1984, quando ocorreu um virtual empate com o conservador Likud, de Yitzhak Shamir. Peres assumiu o posto de primeiro-ministro, no qual ficou até 1986.
Após ser ministro do exterior no governo do trabalhista Yitzhak Rabin, assassinado em 1995, Peres exerceu novamente a função de primeiro-ministro de forma interina. Rabin e Peres foram os artífices da histórica declaração de princípios para negociar a paz, assinada por Israel com os palestinos em 1993. Um ano mais tarde, os dois e o líder palestino Yasser Arafat receberam o Prêmio Nobel da Paz.
Shimon Peres (centro) recebe o Nobel da Paz com Yasser Arafat e Yitzak Rabin (Foto: Israel/Government Press Office)
Apesar de, durante o processo de Oslo (1993-2000), Peres ter sido visto como uma "pomba" da política israelense, após a explosão da última intifada ele se aliou com o carismático líder da direita Ariel Sharon - um "falcão". Sua reputação internacional como pacifista, no entanto, foi pouco afetada.
Entre 2007 e 2014 assumiu a presidência israelense, instituição representativa sem poder executivo, mas com responsabilidade para fazer articulações entre os três poderes do Estado e o povo.
Peres soube usar seus sete anos de mandato para promover uma mensagem a favor da paz, e em várias ocasiões rompeu sua neutralidade institucional a ponto de ser visto como o único opositor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Peres expressou a todo momento sua opinião em questões sensíveis como o processo de paz com os palestinos, as relações estratégicas com seu aliado americano ou o programa nuclear iraniano.
No dia 13, quando se sentiu mal, Peres trabalhava como de costume. Ele gravou um vídeo estimulando as pessoas a consumirem produtos israelenses. A Rádio do Exército divulgou que ele chegou ao hospital consciente, mas reclamando de dor. Então se decidiu sedá-lo para proteger seu cérebro.

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