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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

CARNAVAL NA BAHIA-BRASIL, NOVO REI DO ARROCHA ANIMA FOLIÕES DO CAMPO GRANDE.



No meio da Passarela do Campo Grande, eis que surge o rei do arrocha. Você se enganou se pensou que é Pablo. Ele é Andresson Costa, que carrega seu próprio trio elétrico nas costas e leva a "multidão" pelas ruas do centro da cidade.
Com o lema "Eu sou o próprio cantor", Andresson levanta a galera da rua e também faz a média com as pessoas do camarote. Cansado de trabalhar com dedetização, ele resolveu usar o equipamento de outra forma, e se transformou em uma celebridade, não só nas ruas de Salvador, mas também na 25 de Março, em São Paulo.
"É muito bom sair no Carnaval. Mas melhor seria se me dessem uma oportunidade", diz o artista, que inicou a carreira há dois anos. Ele canta de tudo: desde os famosos arrochas românticos até adaptações para o ritmo, como o clássico "Biquini de bolinha amarelinha".
Apesar de não possuir banda nem trio, Andresson não segue sozinho. "A ideia é de se lenhar! Esse é o verdadeiro baiano", anima-se o promotor de vendas Lula Bahia. Apesar da fama, Andresson não esquece do seu ídolo Pablo, cujo DVD toca sem parar no equipamento de som.

Saiba como incrementar o visual durante a folia


Esmaltes - Ao estilo carnavalesco, a tendência é pintar quatro unhas de uma cor e deixar  a quinta com uma coloração diferente ou um desenho da preferência da cliente. A vendedora Regina Reis aderiu à tendência por achar diferente. "Eu tenho uma amiga que trabalha em salão. Vi que ela usava dessa maneira e gostei",  explica.
Óculos de sol - Os óculos escuros espelhados com bordas coloridas são sensação entre os homens. A  população se espelha em artistas famosos, que aderiram à moda e buscam os mesmos modelos. O cantor da banda Psirico, Márcio Vítor, por exemplo,  é um dos amantes do objeto. Além de bonitos, o óculos escuros são indicados para a  proteção dos olhos contra os raios UV. Especialistas recomendam verificar a certificação da peça.
Tiaras - Tiaras com cores chamativas também são tendência para o verão. Podem vir com figuras diversas, como caveiras - mesmo com a mudança da estação -, bigode, flores, laços e animais. As mais procuradas são as estreitas, mas também aparecem mais largas e com estampas em tecidos.

Bolsas - 
Independentemente do tamanho, elas também seguem a tendência do colorido. As novas bolsas deixaram as cores neutras para trás e abusam agora de tons chamativos. Normalmente, são vendidas com pequenos chaveiros, bolsas menores, enfeites de metal, que dão
charme ao acessório.
Brincos - O tamanho G também está nos brincos e pulseiras. Quanto mais colorido, melhor. O que promete no Carnaval  são os de cores fluorescentes e com formatos diversos.
Colares - Conhecido como maxicolar, este acessório visa destacar a região do busto. É recomendável que seja combinado com vestuário de cor lisa.

Dodô: Queda de energia e atraso marcam primeiro dia da folia



A folião que foi acompanhar o primeiro dia de Carnaval no circuito Dodô foi surpreendido pela falta de energia em diversos pontos do trajeto. A primeira interrupção aconteceu por volta das 20h e atingiu o trechos do Morro do Gato, Ipiranga e Av.Centenário, durando cerca de 30 minutos. De acordo com a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), uma serpentina teria causado um curto circuito, ocasionando a queda de energia.
Porém, o problema voltou a acontecer por volta das 23h, e os foliões que estavam na região do Farol da Barra tiveram como única fonte de energia elétrica os trios que passavam pelo local. A energia só foi reestabelecida no local por volta das 23h50.
Desorganização - Além dos períodos de escuridão, os foliões também tiveram que lidar com o atraso dos blocos, a partir da interrupção do trajeto do  trio do Harém, que ficou parado em frente ao Farol da Barra por cerca de 30 minutos.








Circuito Barra-Ondina: confira as imagens do primeiro dia





























Em um primeiro momento, a produção do bloco informou que a parada inesperada tinha acontecido por conta de um problema no gerador do trio, informação que foi desmentida posteriormente. De acordo com os cordeiros que trabalhavam para o Harém, o bloco teve que parar pois os trabalhadores se recusavam a continuar o circuito sem o fardamento adequado, que segundo eles, não foi fornecido pela produção do bloco.
A equipe de reportagem de A TARDE tentou entrar em contato com a produção do bloco e com a coordenação da prefeitura para procurar saber mais informações sobre a denúncia feita pelos cordeiros, mas não teve resposta.
Para tentar amenizar o problema, a produção do Harém tentou encostar o trio mais próximo da calçada para dar passagem aos outros blocos, mas o Major da Polícia Militar, Carvalho Lima, mandou que o trio deixasse o local imediatamente. "Ele pode sair sem cordeiro ou não, essa questão não é nossa, o que não podemos deixar é que o bloco obstrua o caminho", disse o Major.
Cerca de 20 minutos depois, o bloco seguiu pela Avenida andando lentamente e com as cordas abaixadas, para a revolta dos associados que vaiaram o cantor Tuca Fernandes. O vocalista tentou continuar o show por duas vezes, mas só conseguiu emplacar uma música e seguir com o bloco após uma terceira tentativa.
Mudança - Contrariando a programação divulgada pela Empresa Salvador Turismo (Saltur), o primeiro bloco a desfilar nesta quinta foi o CocoBambu, puxado pela banda Asa de Águia, que completa 25 anos de carreira. O público, que foi pequeno neste primeiro dia de apresentações do Asa, acompanhou a homenagem feita por Durval à grande estrela da festa: a guitarra baiana.
De acordo com a programação do Carnaval 2013, o bloco Baby, de Gilmelândia, seria o primeiro a sair, mas o trio não apareceu. Segundo comunicado enviado à imprensa, a cantora afirmou que não ia sair em nenhum dos circuitos nos dias 7 e 8 de fevereiro, por conta da falta de patrocínio.
A Timbalada, que puxou o bloco Nana Banana foi a segunda da fila no circuito da Barra. Fantasiado de astro do Rock, Denny empolgou os timbaleiros com sucessos como "Levada do Timbau" e "Minha História".  Tomate, Chica Fé e Saulo Fernandes, que comanda a Banda Eva pela última vez este anol, foram as próximas atrações do circuito, que seguiu com Luiz Caldas homenageando a guitarra baiana.

Grupo A Tarde é destaque em evento de jornalistas


Em frente à bela vista das águas calmas do Porto da Barra, uma feijoada completa foi servida, na tarde desta quinta-feira, 7, para centenas de profissionais de comunicação, empresários e artistas baianos. Na oitava edição, a Feijoada Alô Imprensa, organizada pela autocomunicação, teve lugar no centenário Forte de São Diogo. A festa começou às 13h, com boa frequência de convidados, que saborearam o típico prato brasileiro ao som das bandas baianas Pirigulino Babilake e Swinga.
Por volta das 15h, a música foi interrompida para dar lugar  a uma bonita homenagem ao Grupo A TARDE, mantendo a tradição do evento de, a cada ano, destacar pessoas e empresas do Estado.
  Chamado ao palco, o diretor-geral do Grupo A TARDE, André Blumberg, recebeu das mãos do diretor de comunicação da Fiat, Marco Antônio Lage, o documento constatando a homenagem à empresa. A Fiat é a empresa patrocinadora do evento.
Para representar o Grupo A TARDE, estiveram presentes também Renato Simões Filho, integrante do Conselho de Administração, e Vaguinaldo Marinheiro, diretor de Redação do jornal. A escolha da empresa para figurar na lista de destaques da festa se deu, além do transcurso do centenário do jornal no ano passado, também "pelo serviço de qualidade prestado à população", segundo as palavras do idealizador e promotor da Feijoada Alô Imprensa, o jornalista Paulo Brandão.
Marco Antônio Lage avaliou a confraternização como importante para mostrar a importância do papel do jornalista durante o Carnaval. "O Carnaval de Salvador não teria tamanha visibilidade, do ponto de vista nacional, se não fosse pela cobertura jornalística", declarou o representante da Fiat.
Trilha sonora - As duas atrações musicais relembraram velhas músicas carnavalescas, além de tocar composições novas do cenário musical baiano. Os convidados puderam desfrutar da fartura de comida, bebida e música, com presença  no local até por volta das 20h. Dentre as presenças registradas no Forte São Diogo, estavam o ator de teatro e televisão Luís Miranda e o cantor e compositor Edu Casanova.
Profissionais de comunicação da imprensa escrita, radiofônica e televisiva compareceram em bom número.

Cores neon e maxipeças bombam na Avenida


Neste Carnaval, a moda que bomba em Salvador está marcada por duas características: acessórios grandes e coloridos, com incidência das cores neon. Pelas ruas e lojas, os considerados "maxiobjetos" são os mais procurados pelas mulheres. A tendência vale para  colares, brincos, cintos, óculos, pulseiras e tiaras.
Os adereços começaram a ser usados desde dezembro do ano passado. Pelo aumento das vendas, comerciantes garantem que os acessórios do momento continuarão ditando a moda da estação e agora incrementam o visual durante o Carnaval.
Roupas - O clima litorâneo da capital baiana leva a preferência de cores mais descontraídas e peças informais marcam a moda da primavera-verão, segundo a consultora de moda e imagem, Rosa Levita. "Por isso, cores cítricas, branco e neons são tendências do momento", declara.

No vestuário, o minisshort é utilizado em qualquer evento, com variados estilos: desfiado, manchado, de renda com forros coloridos, com pedraria e brilhos. As regatas e camisas são mais soltas e sem recorte. "A camisa transparente também está forte neste verão", indica a consultora.
Do stand da vendedora Sueli Bain, os objetos com cores fortes e chamativas saem com bastante frequência. "A mercadoria não fica por muito tempo. As peças, geralmente, são compradas em São Paulo e fazem sucesso", disse.

No dia do samba, Circuito Osmar tem atrações diversificadas





Foi dada a largada para o Carnaval 2013 no circuito Osmar. Nesta quinta-feira, 7, dois grandes eventos abriram a festa: o primeiro foi a entrega da chave da cidade ao rei Momo, o  agente comunitário Leandro França dos Santos, conhecido como "Léo Boy", que foi eleito pelo segundo ano consecutivo com seus 138 kg. A chave foi entregue pelo governador Jaques Wagner e pelo prefeito ACM Neto.
Após a cerimônia, uma das atrações mais esperadas do dia tomou a avenida, com milhares de seguidores. O Chiclete com Banana, que saiu em um trio independente, iniciou o desfile com a música inédita "Amore". Bel Marques recebeu ACM Neto e Léo Boy, que saudaram a multidão de iniciaram oficialmente a festa.
"Nosso Rei Momo já está com a chave, então é ele quem manda durante os próximos seis dias", afirmou Neto. Uma queima de fogos marcou o início do reinado de Léo Boy, que agradeceu aos seus súditos e autorizou a retomada do show.

O Chiclete seguiu seu desfile em direção à Praça Castro Alves, onde participou do encontro de trios com a banda Oito7Nove4, de Rafa e Pipo Marques. "Todo ano espero o Chicletão passar. Acho boa a ideia de sair sem cordas, porque contribui para diminuir a violência, muitas vezes praticada pelos cordeiros", afirma a fã de carteirinha Ione Brandão, que seguiu o trio até o final da passarela.
O trio também levou famosas ao circuito, como a atriz Giovanna Ewbank - sem o marido, o também ator Bruno Gagliasso - e a modelo Nicole Bahls, que fizeram a alegria dos homens que seguiam no chão.
Apesar da multidão, o clima de paz reinou no Campo Grande, principalmente durante a passagem do Microtrio, que resgatou os antigos carnavais com muita música, confetes, bonecões - que imitavam Ronaldinho Gaúcho, Jorge Amado, carmen Miranda e a boneca Emília, entre outros - e arrastou um público de crianças e adultos.
Dia do Samba - Depois foi a vez do samba ganhar o circuito no dia dedicado a ele. O tradicional bloco Alerta Geral mudou a cor da avenida para azul e branco, com os tradicionais chapéus de "bamba".
No repertório - comandado pelos cantores Dudu Nobre, Juliana Ribeiro, Neto Bala e Delcio Luiz e pelos grupos Fundo de Quintal e Fora da Mídia - clássicos do estilo mais brasileiro, como "Madalena", "É hoje", "Coisinha do pai" e "Vai lá, vai lá".
E o ritmo se manteve presente na avenida, com a chegada do É o Tchan. No lugar das músicas de pagode que a fizeram nacionalmente conhecida, a banda resolveu entrar na passarela resgatando o início da carreira, quando ainda era Gera Samba e tocava o samba de roda da Bahia. Com o bloco Pagode Total, a banda mostra sucessos como "Marinheiro Só" e "Ilha de Maré", sem deixar de lado o famoso "du du du pá" de Compadre Washington.
A capoeira também teve lugar no dia dedicado ao samba. Com o Bloco da capoeira, Tonho Matéria transformou a avenida em uma autêntica roda, com quase todas as pessoas do bloco praticando a luta. Destaque para a vice-prefeita Célia Sacramento, que dançou em cima do trio ao som de "Andar com fé" e "Oju Obá", ambas de Gilberto Gil, apesar de já ter feito uma participação no Alerta Geral.
Grandes nomes do samba brasileiro também desfilaram no Campo Grande, entre eles Edil Pacheco, Nelson Rufino e Grupo Movimento. Se o primeiro dia foi recheado de atrações, os próximos cinco prometem muitos encontros e música boa na avenida.

Capital catarinense terá ‘toque de recolher’ no carnaval


Em plena abertura do carnaval, a população de Florianópolis continuará refém da onda de violência que assombra a cidade nos últimos nove dias. Mesmo com a promessa de aumento do efetivo da segurança pública nas ruas e bairros, uma espécie de "toque de recolher" deverá diminuir o ambiente de festa nas noites no centro da cidade, local preferido pelos foliões.
A prefeitura determinou que os ônibus circulem das 6 horas às 23 horas até que cessem os ataques. Os ônibus que percorrerem as linhas, especialmente as que contemplam a população residente nos morros próximos da cidade, terão o acompanhamento de escolta policial a partir de sexta-feira (8), conforme iniciativa da prefeitura que locou 20 carros para auxiliar a PM. "Não é justo que as comunidades mais carentes sejam segregadas", justificou o prefeito César Souza Júnior. Florianópolis é a segunda cidade catarinense com maior número de atentados desde o dia 30 de janeiro.
A polícia de Joinville, que registrou o maior número de casos, e de Brusque, que nesta quinta-feira teve seus dois primeiros ataques, também já deflagrou esquema especial de segurança para a circulação de ônibus urbanos, principal alvo dos bandidos.
Casos. No Estado já são 74 ocorrências em 24 cidades - 31 ataques foram contra ônibus. Pelo menos 110 pessoas estão entre os suspeitos e envolvidos nos crimes, e a polícia prendeu 22 pessoas. A noite de quarta e madrugada desta quinta estão entre as mais violentas desde o início das ações criminosas. Foram nove ocorrências em menos de seis horas. Em São João Batista, na Grande Florianópolis, dois homens incendiaram um ônibus de uma banda de música que estava estacionado em frente a casa do proprietário.
A mando da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), em protesto à política disciplinar nas penitenciárias catarinenses, Brusque, Bom Retiro e Garuva entraram na lista de cidades afetadas pelos crimes. Também foram feitos atentados contra policiais. Em Itajaí foram disparados 12 tiros contra a residência de um cabo. No bairro Saco dos Limões, coquetel molotov foi lançado em um carro de um cabo da PM que conseguiu controlar o fogo. Um homem suspeito foi preso logo em seguida. Em Navegantes três veículos foram incendiados em um ferro velho.
Em Bom Retiro, às margens da BR-282, na região Serrana do Estado, marginais atearam fogo em um ônibus de uma empresa privada. Em Joinville um caminhão foi incendiado na madrugada. O proprietário disse que o veículo estava parado havia três meses e descartou a hipótese de curto-circuito, pois estava sem bateria. Em Garuva, quase na divisa com o Paraná, no centro da cidade, outro carro foi incendiado na garagem da casa do seu proprietário. Em São Miguel do Oeste, cidade próxima da fronteira com a Argentina, foram incendiados dois ônibus. A PM não confirma se a ação está associada aos ataques.

Onda de violência se espalha por cidades de SC


A segunda noite de atentados em Santa Catarina foi ainda mais violenta que a primeira. Da madrugada de terça (13) para quarta-feira, os criminosos realizaram ataques em Navegantes, Criciúma, Florianópolis, Itajaí e Blumenau. Na lista de crimes, estão ônibus incendiados, apedrejados e tiros contra presídios. Por outro lado, a polícia deteve 23 pessoas.
De acordo com o delegado-geral de Polícia Civil, Aldo Pinheiro, os depoimentos colhidos com os detidos reforçam o eixo de trabalho das investigações até aqui."Uma parte dos atentados ocorre por ação de organizações nos presídios e outra parte é de vândalos ou oportunistas que se aproveitam da situação para confrontar o Estado", disse.
O governador de Santa Catarina Raimundo Colombo (PSD) falou pela primeira vez sobre a crise. Colombo fez coro às autoridades policiais e entende que parte dos crimes pode ser motivada pelo recrudescimento do Estado nas cadeias. "No ano passado tivemos mais de 500 fugas e 11 mortes. Em 2012, foram 125 fugas e apenas duas mortes. Estamos preparados e trabalhando para dar toda a segurança à população", declarou.
Colombo também disse que o governo estadual manteve contatos com o Ministério da Justiça. Segundo o governador, o ministério se colocou à disposição para ajudar os catarinenses. "Mas não temos a necessidade. Nossa polícia tem como controlar a situação", garantiu.
Diante da onda de violência que assola Santa Catarina, o Ministério Público do Estado montou um grupo de trabalho para atuar na inteligência de combate ao crime. A ideia é agir em conjunto com as Polícias Civil e Militar e outros órgãos de segurança para apontar de onde partiu a ordem para os atentados, quem comanda as ações e, com base nessas informações, montar uma estratégia para coibir novos ataques.
O procurador-geral de Justiça, Lio Marcos Marin, acredita que até o início da próxima semana as investigações terão resultados significativos. "Por enquanto, há muita especulação e poucas afirmações. Os fatos são muito recentes. Precisamos de mais alguns dias para dar a resposta precisa à sociedade", disse Marin.
Marin não acredita que os atentados possam ter origem em alguma facção criminosa aos moldes do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, que atue nos presídios catarinenses. Na opinião dele, o que existe em Santa Catarina são pequenos grupos, com um certo grau de organização, que se beneficiam do vazamento de informação para fora do sistema prisional. "Ao nosso ver, não ocorre uma organização nas dimensões em que se imagina ou que é noticiado", opinou.
Linhas de investigação
As investigações do Ministério Público seguem na linha de que a violência dos últimos dias é uma retaliação dos presos. Na primeira hipótese, seria uma reação ao corte de regalias nas prisões, desagradando aos detentos. Na segunda hipótese, os atentados seriam uma resposta a maus-tratos e torturas supostamente impostas por agentes prisionais. "Nada disso foi comprovado, mas as investigações já começaram", disse.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) catarinense, Paulo Roberto de Borba, a crise instalada na segurança pública do Estado expõe a necessidade de uma revisão completa no modelo de segurança adotado até hoje. "Quando ouvimos de um ministro da Justiça, que ele preferia morrer a ser preso, é porque algo está muito errado", disse, em referência a fala do ministro José Eduardo Cardozo a empresários.
Borba ressalta que o momento de violência aguda ocorre também em outras regiões do País e não é um fato isolado de Santa Catarina. "A segurança pública é uma abordagem estadual e nacional, precisa ser feita de maneira integrada. No momento atual, temos que ter calma para resolver a crise. Depois, precisamos repensar toda a segurança pública", resumiu.
Os ataques, até agora, não feriram ninguém da população. Os comerciantes da capital seguem o ritmo normal de trabalho e não sofreram qualquer ameaça ou imposição de toque de recolher por parte dos criminosos.
Segundo Marcos Arzua, diretor executivo da Federação do Comércios de Santa Catarina (Fecomércio-SC), o movimento nas lojas continua igual, o volume de vendas segue dentro do esperado para esta época do ano e nenhum impacto foi sentido no dia a dia das lojas. "Nós acreditamos que o episódio dos atentados seja um caso esporádico. Não é o tipo de crime que costuma ocorrer em Santa Catarina. Acreditamos que as medidas públicas vão surtir efeito rapidamente e tudo voltará ao normal", afirmou.
Arzua ressalta que não há uma orientação direta aos comerciantes para mudarem o comportamento por causa dos atentados, no entanto, afirma que se os empresários perceberem qualquer manifestação de violência "devem prezar pela segurança deles próprios, dos empregados, dos clientes e do estabelecimento".
A única autoridade policial até agora a reconhecer a existência de uma facção criminosa nos presídios catarinenses é o delegado Renato Hendges, presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) em Santa Catarina e com atuação na Polícia Civil há mais de quatro décadas. Para ele, a origem da crise tem como nascedouro as condições do sistema prisional. "Negar que não existe essa organização é uma hipocrisia. São cinco ou seis líderes, bandidos perigosos que comandam a organização. Essa organização tem um comando verticalizado e ações criminosas em vários níveis", disse.
No entanto, faz questão de frisar que as ações em Santa Catarina não têm ligação alguma com os ataques do PCC em São Paulo. "Aqui é uma reação ao tratamento nas prisões. Eles resolveram fazer um rebelião externa. Não tem nada a ver com o PCC", garante.
Hendges ainda afirma que o modo das autoridades lidarem com essa organização é uma das origens da série de atentados. "Quando a organização ainda era um embrião, as autoridades tiraram o líder de uma unidade e o colocaram em prisões de Criciúma, Joinville, Chapecó, Blumenau e Itajaí. O resultado foi que esse criminoso construiu uma rede de relacionamentos muito forte", acusa.
O delegado acredita que é necessário uma mudança profunda no sistema prisional. Hoje, segundo ele, são 10,5 mil vagas para 17 mil presos, além de outros 10 mil mandatos de busca ainda não realizados pela polícia. "Um dia estoura", ressaltou.
Segundo ele, as primeiras medidas para ordenar a situação são simples. Instalar nos presídio o parlatório (divisão de vidro com interfone), bloqueadores de celular e detector de metal em cada prisão. "Cedo ou tarde esses atentados vão parar, mas e aí? A estrutura continuará a mesma. É preciso mudar o sistema e instituir o regime diferenciado", conclui.

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