Durante o resgate, diversas pessoas — além de médicos e bombeiros — ajudaram a salvar vidas.
Em meio a uma das maiores tragédias do País, diversos heróis surgiram durante o incêndio na boate Kiss. Um vizinho da casa noturna, por exemplo, gravou imagens do local assim que o incêndio começou. Mas, quando ele percebeu a gravidade do que acontecia, parou de gravar e foi ajudar também.
Uma médica que estava de plantão no pronto-socorro para onde foram levadas as primeiras vítimas se lembra de que recebeu muito mais pacientes do que imaginava. Ela pediu ajuda e conseguiu mobilizar cerca de 50 profissionais naquela noite.
A médica conta que as vítimas não chegavam chorando ou gritando de dor. Segundo ela, estavam todos em silêncio, olhando para o nada, em estado de choque. Mais de 800 profissionais de saúde trabalharam na operação de salvamento do incêndio.
Um médico do SAMU afirma que na primeira viagem da ambulância, saiu com quatro vítimas do incêndio. O veículo permite o transporte de um paciente crítico, mas o profissional sabia que precisava levar vários pacientes de uma vez.
O médico recorda quando tentaram colocar dois corpos na ambulância, mas ele se negou a transportá-los, dizendo que o veículo estava ali para levar gente viva, que precisava de socorro.
Outro médico que também ajudou no primeiro atendimento às vítimas conta sobre um rapaz que morreu enquanto era avaliado. A noiva dele chegou e tentou fazer massagem cardíaca no rapaz, mas os socorristas sabiam que não havia mais o que fazer.
Heróis da boate
Muitos jovens, assim que escaparam do incêndio, voltaram à boate para resgatar vítimas. Um desses heróis conta que só pensava em tirar mais pessoas de dentro da casa noturna.
A mãe de um dos jovens que ele ajudou agradeceu a atitude do estudante. O rapaz acredita que ajudou mais de 15 pessoas, mas não sabe se todos sobreviveram. Ele conta que se protegeu usando a camiseta molhada como máscara.
Muitos que tentaram salvar os feridos não sobreviveram. Também foram intoxicados pela fumaça do incêndio. Um estudante de educação física deu a vida para ajudar outras pessoas. Segundo amigos, ele resgatou pelo menos 14 pessoas.
Veja a cobertura completa do incêndio que deixou centenas de mortos em Santa Maria (RS)
Uma festa na casa noturna Kiss, em Santa Maria (RS), terminou em tragédia na madrugada de domingo (27). A boate estava lotada quando um incêndio começou no local. A maioria das 236 pessoas mortas era jovem e universitária. Segundo relato de sobreviventes, o fogo começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no palco, acendeu um material pirotécnico. As faíscas atingiram a espuma utilizada como isolante acústico no teto do estabelecimento.
Testemunhas afirmaram também que alguns seguranças da casa barraram a saída das pessoas quando o fogo começou a se espalhar. Eles alegavam que era preciso pagar a comanda antes de sair.
Para a polícia, a falta de saídas de emergência e de extintores de incêndio pode ter contribuído para aumentar o número de vítimas.
Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos.
Vocalista de Gurizada Fandangueira se preocupou em salvar equipamento do palco, afirmam testemunhas.
Segundo juiz, músico poderia ter avisado ao público sobre incêndio, já que estava com microfone.
Ao decidir pela prorrogação da prisão temporária dos quatro suspeitos de envolvimento no incêndio da boate Kiss, ocorrido no último domingo (27), em Santa Maria (RS), o juiz plantonista Régis Adil Bertolini, do Fórum de Santa Maria, analisou a participação de cada um na noite da tragédia. Na avaliação do magistrado, o músico Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, tinha conhecimento do perigo, uma vez que manuseava os fogos.
De acordo com a assessoria de imprensa do TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul), o juiz entendeu que o comportamento de Santos foi “determinante para o desenrolar dos fatos”, já que o músico não informou ao público sobre o que estava ocorrendo. Na decisão, Adil enfatizou que o vocalista estava de posse de um microfone - e poderia ter avisado aos presentes sobre o incêndio- e, conforme relatos, “preocupou-se em salvar o equipamento do palco”.
Em relação ao produtor da banda, Luciano Augusto Bonilha Leão, o magistrado destacou, segundo a assessoria do TJ-RS, que depoimento do dono da loja onde o fogo de artifício foi comprado informa que Leão foi alertado de que o sinalizador não era adequado para ambientes internos. O juiz ressaltou que, há sete anos, o produtor utilizava os artefatos em shows e, por esta razão, tinha consciência dos riscos.
De acordo com a assessoria, em relação a Mauro Hoffmann, um dos donos da Boate Kiss, Adil destacou a afirmação da coproprietária da casa noturna de que o sócio acompanhava tudo o que ocorria no estabelecimento.
Já sobre o empresário Elissandro Callegaro Spohr, uma funcionária relatou o pouco cuidado que ele tinha com a segurança da boate. A polícia constatou que nenhum extintor funcionava e que não havia controle quanto ao número de clientes na casa noturna, ignorando a lotação máxima.
Mais 30 dias
A prisão dos quatro suspeitos foi prorrogada por 30 dias. Inicialmente, eles tiveram a prisão temporária de cinco dias decretada. Como o prazo terminaria nesta sexta-feira (1), o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, solicitou a prorrogação.
Ao aceitar o pedido, o Juiz considerou “o elevado número de testemunhas a ser inquiridas, o aporte de inúmeros documentos solicitados aos órgãos públicos pela autoridade policial e a conclusão das perícias ainda em andamento, que ocasionarão a necessidade de reinquirição dos investigados”, segundo o TJ-RS.
O magistrado enfatizou que as contradições verificadas pela investigação policial indicariam a necessidade de novas acareações, “que exigem presença e incomunicabilidade entre os envolvidos”.
Conforme Adil, há no inquérito declarações de testemunhas que sinalizam que o comportamento dos quatro envolvidos pode ter provocado “homicídio qualificado por asfixia, assumindo o risco de ter causado as mortes”.
Crime hediondo
Os promotores Joel Dutra e Waleska Agostini se manifestaram favoráveis ao pedido apresentado pelo delegado. Eles também identificaram a presença de dolo, “evidenciando a prática de homicídio doloso, tendo os representados assumido o risco de produzir como resultado a morte de mais de duzentas pessoas, por meio de asfixia”.
O jurista e professor Luiz Flávio Gomes explica que diante da suspeita de homicídio qualificado, o crime passa a ser tratado como hediondo e o prazo de prorrogação da prisão deixa de ser de mais cinco dias, conforme estabelece a Lei 7.960.
— Encarando como homicídio qualificado, o crime é hediondo. E se é hediondo, o tratamento é diferenciado. Se no final dos 30 dias, continuar a necessidade da prisão, o juiz pode converter em preventiva. Aí, não tem prazo.
Incêndio
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, a 290 km de Porto Alegre, deixou 236 mortos e mais de cem feridos. O fogo teria começado quando a banda Gurizada Fandangueira se apresentava. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos.
Na terça-feira (29), o delegado regional da Polícia Civil em Santa Maria, Marcelo Arigony, informou que localizou a loja onde foi comprado o sinalizador. De acordo com Arigony, o artefato foi vendido regularmente, porém um funcionário da loja informou que a banda Gurizada Fandangueira queria comprar o mais barato para uso externo, mesmo sabendo que o seu uso seria interno. Ainda segundo a polícia, os donos da boate também sabiam dessa informação e teriam sido coniventes.
A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. Cerca de mil pessoas ocupariam o local. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização para organizar um show pirotécnico no local. Além disto, o alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012.
Barreira de corpos
Ao entrar na boate Kiss, para socorrer as vítimas do incêndio, os integrantes da corporação se depararam com uma barreira de corpos.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, descreveu a situação.
— Os soldados tiveram que abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando.
Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos.
Jovem de Santa Maria cria ONG para fiscalizar boates.
No dia seguinte ao incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que matou 237 pessoas há uma semana, o estudante Giordano Goellner, de 23 anos - ele próprio frequentador assíduo da casa noturna - disse a si mesmo que não deixaria a tragédia que abalou sua cidade natal passar em branco.
Junto com outros sete amigos, Goellner, que estuda Administração de Empresas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), decidiu criar a ONG 'Andradas Viva', cujo objetivo é fiscalizar, com a ajuda das redes sociais, locais de grande reunião de público e verificar se tais estabelecimentos estão cumprindo as normas de segurança previstas na legislação.
'Nosso intuito é, com a ajuda de nossos colaboradores, saber se o estabelecimento comercial está adequado às normas básicas de segurança. Para isso, vamos contar com a ajuda da nossa página na Internet e das redes sociais', diz Goellner à BBC Brasil.
O nome da entidade, 'Andradas Viva', faz alusão à rua onde a boate Kiss está localizada, até então um dos principais pontos de encontro de vários jovens da cidade, incluindo inúmeros estudantes da UFSM que morreram no trágico episódio.
Além da fiscalização, que inicialmente se concentrará nas casas noturnas, Goellner explica que também quer conscientizar a população sobre seus direitos e pressionar as autoridades para a alteração de leis que, em sua opinião, estão 'atrasadas'.
''Até o incêndio na Kiss, eu, por exemplo, não sabia quais equipamentos de segurança uma boate precisaria ter', comenta Goellner.
'Também queremos pressionar as autoridades para mudar algumas leis retrógradas, em relação, por exemplo, aos prazos longos que donos de alguns estabelecimentos têm se adequar a certas normas, como alarmes de incêndio'.
Sorte
Goellner conta que por pouco não foi uma das vítimas da tragédia em Santa Maria. Ele e sua namorada já haviam combinado de ir à Kiss na noite do último sábado, 26 de janeiro, mas mudaram os planos.
'Uma amiga nossa sentiu um mal estar e desistimos de sair'.
Entretanto, vários conhecidos do jovem morreram no incêndio.
Um dos amigos de Goellner, que também é integrante da ONG e estava na boate no dia do incidente, conseguiu sair minutos antes de o fogo começar.
'Ele, porém, perdeu 15 amigos', lamenta o jovem.
'Não podemos mudar o passado, mas esperamos evitar que, no futuro, tragédias como essa voltem a acontecer', diz Goellner.
'Queremos transformar nossa revolta em resultado', afirmou.
Vítimas
A Secretaria Estadual de Saúde confirmou que o número de vítimas fatais da tragédia subiu para 237, com a confirmação do óbito de Bruno Portella Fricks, neste sábado.
Um total de 113 pessoas feridos no incêndio permanecem hospitalizadas, muitas delas em estado grave.
Cerca de quatro mil pessoas se reuniram para uma missa de sétimo dia neste sábado à noite, no Santuário Basílica Nossa Senhora da Medianeira de Todas as Graça, em Santa Maria.
Centenas de pessoas também se reuniram entre a noite de sábado e a madrugada deste domingo para uma vigília silenciosa nas imediações da boate Kiss, no centro de Santa Maria.
No sábado, o prefeito de Santa Maria, anunciou que a casa noturna Kiss será transformada em um memorial para as vítimas.
Remédio americano para desintoxicação das vítimas da tragédia em boate está a caminho de Santa Maria.
O carregamento com 140 kits de remédio americano que serão usados no tratamento das vítimas do incêndio na boate Kiss em Santa Maria (RS) está a caminho do Rio Grande do Sul. A carga chegou ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, na manhã deste sábado (2). Os medicamentos foram doados pelo governo americano e serão usados no tratamento das vítimas do incêndio, internadas em Santa Maria e Porto Alegre (RS).
O incêndio, que aconteceu na madrugada do último domingo (27), matou 236 pessoas. Outras 124 continuam internadas com intoxicação pela fumaça, sendo que 64 respiram com ajuda de aparelhos.
O voo comercial da American Airlines que trouxe os kits de hidroxocobolamina, um antídoto injetável trazido dos Estados Unidos para tratar os sobreviventes da tragédia, pousou pouco depois das 9h50 em Brasília.
Após o pouso, os remédios foram levados para a base aérea de Brasília, onde um legacy da FAB (Força Aérea Brasileira) faz o transporte até a base aérea de Canoas (RS). Parte dos medicamentos seguirá para o hospital de Porto Alegre e a outra parte dos kits seguirá para a base aérea de Santa Maria (RS) para atender os hospitalizados na cidade.
Incêndio
O incêndio dentro da boate Kiss no centro de Santa Maria, cidade a 290 km da capital, Porto Alegre, aconteceu na madrugada de 27 de janeiro, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que ao ser lançado atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. O fogo se espalhou em poucos minutos.
A casa noturna estava cheia na hora que o fogo começou. Cerca de mil pessoas estariam no local. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Os donos não tinham qualquer autorização do Corpo de Bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da boate estava vencido desde agosto de 2012, afirmou o Corpo de Bombeiros.
Ao entrar na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para socorrer as vítimas do incêndio ocorrido na madrugada deste domingo (27), os bombeiros se depararam com uma barreira de corpos.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, descreveu a situação.
— Os soldados tiveram que abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando.
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