Em apenas nove meses 1.601 pessoas desapareceram em toda a Bahia.
Para
facilitar as buscas dos desaparecidos a Polícia Civil lançou um
aplicativo gratuito “SIPP” (Sistema de Informação para Proteção à
Pessoa), para celular.
A
ferramenta, lançada há menos de um mês, inclui informações sobre
procurados pelo DHPP (Delegacia de Proteção à Pessoa) DENARC
(Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico),
foragidos da polícia, integrantes do baralho do crime da Secretaria de
Segurança Pública, além de desaparecidos, com fotos, local onde morava,
data do desaparecimento e número da ocorrência. A ideia é universalizar
as informações e facilitar o acesso da sociedade.
Em apenas
nove meses 1.601 pessoas desapareceram em toda a Bahia, conforme a
Coordenação de Documentação e Estatística Policial (CDEP). Os dados são
referentes até setembro deste ano e apesar de ser considerado alto,
houve uma redução em relação ao ano passado.
Conforme o
órgão, apenas em Salvador 303 pessoas estão no cadastro do CDEP. No
mesmo período do ano passado foram 485 casos. Já na região
metropolitana, este ano foram contabilizados 187 registros de
desaparecidos. No interior o número triplica em relação a capital, 1.111
casos até o momento. Em 2013 contando capital, interior e RMS o total
de desaparecidos foi 2.516.
Conforme a
delegada titular da Delegacia de Proteção à Pessoa (DHPP), Heloísa
Simões, os principais motivos que levam um ser humano a fugir de casa
são conflitos familiares e uso de drogas. “A fuga do lar acontece mais
por conflitos na família, a homossexualidade, quando o pai ou mãe não
aceita. E a maioria são adolescentes, porém eles retornam com mais
facilidade porque não têm como se manter financeiramente”, disse.
Segundo a
delegada, o uso de drogas também é um fator preponderante na questão do
desaparecimento, além da violência física sofrida dentro do lar. A
maioria dos casos envolvem adolescentes, idosos e portadores de doenças
mentais.
Na DHPP,
foram registrados 255 casos até setembro deste ano. Desse total de
desaparecidos, 231 foram localizados, e duas pessoas que desapareceram
em 2012 foram encontradas este ano, e 27 que desapareceram em 2013. Por
isso, o número total de achados em 2014 é 260 pessoas.
A delegada
explica que a DHPP não trabalha com crimes, somente com desaparecidos, e
qualquer caso que fique provado um delito, é encaminhado para a
delegacia mais próxima. “Não trabalhamos com ocorrência de delitos, como
sequestro, por exemplo. Nós investigamos e quando tomamos conhecimento
que foi um tipo de crime, encaminhamos para a delegacia do bairro”,
afirmou.
Hoje em dia
não precisa mais do prazo de 24 horas para registrar a ocorrência do
desaparecimento, pois existe a Lei da Busca Imediata. Simões explica que
a portaria aprovada em 2005, no entanto só vale para crianças e
adolescentes, mas na DHPP, a lei é igualitária e vale também para outra
faixa etária. Quando uma família procura a Delegacia para registrar uma
queixa de desaparecimento, a orientação é que faça uma busca prévia em
hospitais, IML e escola.
Para
Heloisa Simões, nos casos dos adolescentes, muitas vezes falta a
observação dos pais com mais rigor. “É o que chamo de liberdade vigiada,
isso está faltando muito hoje em dia. Têm adolescentes que estão há um
mês sem ir na escola e os pais só têm conhecimento quando desaparece”,
disse.
Após o
registro um parente de 1º grau deve autorizar a divulgação da imagem nos
canais de comunicação, como imprensa, facebook, aplicativos de celular,
entre outros. “Só na nossa página já temos mais de 4 mil seguidores e
isso contribui muito”, ressaltou a Delegada. O telefone do Disk Denúncia
é o 3235-0000.
Agentes da
Delegacia de Proteção à Pessoa, localizada na Pituba, começam a partir
da semana que vem, a visitar as famílias das pessoas desaparecidas. Para
a delegada Heloísa Simões, a iniciativa serve para dar um apoio às
famílias e fortalecer as investigações.
“Nós já
estamos com 4 famílias que vamos visitar próxima semana. O grupo será
composto por um delegado, um coordenador de investigação, uma pessoa da
área de Serviço Social e pretendemos também ter um psicólogo”, explicou.
O critério para a escolha das famílias foi o tempo do desaparecimento.
“Essa ação pode também nos ajudar na investigação, pois sempre surge um
fato novo que pode contribuir”.
Outro
projeto da DHPP é criar um setor de psicologia para dar apoio tanto
àqueles que ainda procuram o desaparecido, quanto para aqueles que já
acharam. “O problema de polícia a gente resolve, mas o conflito familiar
não finaliza quando um parente é localizado. Por isso, queremos dar
esse suporte às famílias para que novos desaparecimentos não aconteçam”,
pontuou. A delegada revelou que a ideia é fazer uma parceria com
faculdades de psicologia.
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