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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Aplicativo da Polícia Civil ajuda a encontrar pessoas desaparecidas

Em apenas nove meses 1.601 pessoas desapareceram em toda a Bahia.

 

Para facilitar as buscas dos desaparecidos a Polícia Civil lançou um aplicativo gratuito “SIPP” (Sistema de Informação para Proteção à Pessoa), para celular.
A ferramenta, lançada há menos de um mês, inclui informações sobre procurados pelo DHPP (Delegacia de Proteção à Pessoa) DENARC (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), foragidos da polícia, integrantes do baralho do crime da Secretaria de Segurança Pública, além de desaparecidos, com fotos, local onde morava, data do desaparecimento e número da ocorrência. A ideia é universalizar as informações e facilitar o acesso da sociedade.
Em apenas nove meses 1.601 pessoas desapareceram em toda a Bahia, conforme a Coordenação de Documentação e Estatística Policial (CDEP).  Os dados são referentes até setembro deste ano e apesar de ser considerado alto, houve uma redução em relação ao ano passado.
Conforme o órgão, apenas em Salvador 303 pessoas estão no cadastro do CDEP. No mesmo período do ano passado foram 485 casos. Já na região metropolitana, este ano foram contabilizados 187 registros de desaparecidos. No interior o número triplica em relação a capital, 1.111 casos até o momento. Em 2013 contando capital, interior e RMS o total de desaparecidos foi 2.516.
Conforme a delegada titular da Delegacia de Proteção à Pessoa (DHPP), Heloísa Simões, os principais motivos que levam um ser humano a fugir de casa são conflitos familiares e uso de drogas.  “A fuga do lar acontece mais por conflitos na família, a homossexualidade, quando o pai ou mãe não aceita. E a maioria são adolescentes, porém eles retornam com mais facilidade porque não têm como se manter financeiramente”, disse.
Segundo a delegada, o uso de drogas também é um fator preponderante na questão do desaparecimento, além da violência física sofrida dentro do lar.  A maioria dos casos envolvem adolescentes, idosos e portadores de doenças mentais.
Na DHPP, foram registrados 255 casos até setembro deste ano.  Desse total de desaparecidos, 231 foram localizados, e duas pessoas que desapareceram em 2012 foram encontradas este ano, e 27 que desapareceram em 2013. Por isso, o número total de achados em 2014 é 260 pessoas.
A delegada explica que a DHPP não trabalha com crimes, somente com desaparecidos, e qualquer caso que fique provado um delito, é encaminhado para a delegacia mais próxima. “Não trabalhamos com ocorrência de delitos, como sequestro, por exemplo. Nós investigamos e quando tomamos conhecimento que foi um tipo de crime, encaminhamos para a delegacia do bairro”, afirmou.
Hoje em dia não precisa mais do prazo de 24 horas para registrar a ocorrência do desaparecimento, pois existe a Lei da Busca Imediata. Simões explica que a portaria aprovada em 2005, no entanto só vale para crianças e adolescentes, mas na DHPP, a lei é igualitária e vale também para outra faixa etária. Quando uma família procura a Delegacia para registrar uma queixa de desaparecimento, a orientação é que faça uma busca prévia em hospitais, IML e escola.
Para Heloisa Simões, nos casos dos adolescentes, muitas vezes falta a observação dos pais com mais rigor. “É o que chamo de liberdade vigiada, isso está faltando muito hoje em dia. Têm adolescentes que estão há um mês sem ir na escola e os pais só têm conhecimento quando desaparece”, disse.
Após o registro um parente de 1º grau deve autorizar a divulgação da imagem nos canais de comunicação, como imprensa, facebook, aplicativos de celular, entre outros. “Só na nossa página já temos mais de 4 mil seguidores e isso contribui muito”, ressaltou a Delegada. O telefone do Disk Denúncia é o 3235-0000.
Agentes da Delegacia de Proteção à Pessoa, localizada na Pituba, começam a partir da semana que vem, a visitar as famílias das pessoas desaparecidas. Para a delegada Heloísa Simões, a iniciativa serve para dar um apoio às famílias e fortalecer as investigações.
“Nós já estamos com 4 famílias que vamos visitar próxima semana. O grupo será composto por um delegado, um coordenador de investigação, uma pessoa da área de Serviço Social e pretendemos também ter um psicólogo”, explicou. O critério para a escolha das famílias foi o tempo do desaparecimento. “Essa ação pode também nos ajudar na investigação, pois sempre surge um fato novo que pode contribuir”.
Outro projeto da DHPP é criar um setor de psicologia para dar apoio tanto àqueles que ainda procuram o desaparecido, quanto para aqueles que já acharam. “O problema de polícia a gente resolve, mas o conflito familiar não finaliza quando um parente é localizado. Por isso, queremos dar esse suporte às famílias para que novos desaparecimentos não aconteçam”, pontuou. A delegada revelou que a ideia é fazer uma parceria com faculdades de psicologia. 

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