Entrevistas de emprego podem ser
experiências estranhas. Às vezes, entrevistadores são ótimos, e você
fica com a sensação de que poderia falar por horas a fio.
Em outras ocasiões, você sai da sala pensando: "não trabalharia neste muquifo nem por dez milhões de dólares".Um dos problemas que podem gerar essa reação negativa é o formato engessado e antiquado de muitas entrevistas de emprego. Alguém inventou este tipo de seleção, com perguntas fixas, há 60 ou 70 anos, e ainda hoje muitos seguem o mesmo modelo.
O roteiro básico de entrevista de emprego é superficial e quase um insulto aos profissionais que buscam trabalho, pois não serve para diferenciar bons e maus candidatos. Ainda assim, as empresas que têm medo de tentar estilos novos e seguem este mesmo caminho.
Que procura trabalho já deve ter passado por experiência semelhante. Três perguntas quase sempre aparecem:
- Qual é o seu maior defeito?
- Com tantos candidatos talentosos, por que deveríamos contratar você?
- Onde você se vê daqui a cinco anos?
Se fosse candidato a um emprego, não evitaria uma empresa só porque alguém fez essas perguntas tolas de sempre. Mas esse pode ser um sinal de que todos lá estejam presos a essa mentalidade antiga de processos. Nesse caso, seria bom pensar em procurar emprego em outro lugar.
Mas, se quiser o emprego, você não tem alternativa senão responder às perguntas que lhe fazem.
Sendo assim, há dois caminhos a seguir. Um deles é seguir o roteiro do "candidato bonzinho", com respostas padrões para tudo.
Para a pergunta "por que devemos contratar você", uma resposta padrão costuma ser: "Eu sou muito trabalhador e tenho muita experiência. Sou leal e econômico e nunca chego atrasado. E ainda costumo ajudar velhinhas a atravessar a rua!"
Eis um cenário comum: pessoas que saem da entrevista de emprego com a sensação de que perderam controle do que estavam falando.
"Me senti como um puxa-saco. Eu não falo assim na vida real. Eu caí no roteiro de sempre e não consegui fugir das respostas-padrão", é uma reclamação constante de quem passou por entrevistas.
Todos nós já passamos por isso. Sem preparo prévio, é muito fácil cair no clichê do "candidato bonzinho".
Mas é possível seguir outro caminho - e se manter humano e interessante durante a entrevista.
Para começar, uma resposta fora dos padrões convencionais vai obrigar seu empregador a pensar um pouco, e isso já é uma conquista. Você também vai se destacar entre os candidatos. Se o entrevistador ficar muito assustado com esse tipo de comportamento, talvez esse emprego não seja muito interessante.
Para ilustrar melhor essa ideia, eis três respostas não-convencionais dadas por um candidato que mostra ter um pouco mais autoconfiança e cérebro.
PERGUNTA PADRÃO: Qual é seu maior defeito?
CANDIDATO BONZINHO: Sou muito trabalhador, e às vezes me cobro demais e dos outros quando acho que alguém ou eu mesmo poderíamos contribuir mais em um projeto.
CANDIDATO IDEAL: Eu costumava ficar obcecado com meus pontos fracos. Eu achava que tinha um milhão de defeitos e que precisava corrigi-los sempre, lendo livros e fazendo aulas para melhorar.
Mas, com o tempo, aprendi que não faz sentido ficar tentando melhorar em pontos que não são os meus fortes, e não faz sentido eu me desesperar pensando nas minhas fraquezas. Eu passo mais tempo melhorando no que sou bom.
PERGUNTA-PADRÃO: Com tantos candidatos talentosos, por que deveríamos contratar você?
CANDIDATO BONZINHO: Eu trabalho há 16 anos neste campo e tenho um ótimo histórico.
CANDIDATO IDEAL: É isso que estamos todos aqui hoje para descobrir! Não posso dizer para vocês me contratarem. Talvez exista alguém mais perfeito para o emprego - vocês já falaram com outros candidatos ou ainda vão falar, e vocês conhecem melhor o que precisam do que eu. O que posso dizer é: se eu for ideal para a vaga, acho que nós dois saberemos identificar isso.
PERGUNTA-PADRÃO: Onde você se vê daqui a cinco anos?
CANDIDATO BONZINHO: Trabalhando duro em alguma outra função aqui dentro, ou, com sorte, sendo promovido, e cada vez mais envolvido no planejamento estratégico.
CANDIDATO IDEAL: Sem dúvida, explorando os assuntos pelos quais sou apaixonado - talvez finanças, comércio eletrônico, negócios internacionais. Eu tenho muitas paixões!
No fundo, quem controla a qualidade da entrevista é você mesmo, mesmo quando as perguntas são ruins. O que acontecerá na sua próxima entrevista de emprego, se você inovar um pouco em cima de perguntas padrões?
Leia a reportagem original em inglês produzida para o site BBC Capital.
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