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sábado, 1 de novembro de 2014

Papa incentiva organizações populares a lutar por terra, moradia e trabalho


Francisco defendeu a reforma agrária, criticou os resultados da especulação financeira sobre o valor dos alimentos e advertiu que os seres humanos não podem ser enxergados como uma mercadoria
São Paulo –

 Papa Francisco
 Em encontro no Vaticano com 200 representantes de uma centena de organizações de base de todo o mundo para analisar as causas da exclusão social, o papa Francisco encorajou os movimentos populares a lutar para que todas as pessoas tenham acesso à terra, moradia decente e trabalho digno”.
Digamos juntos de coração: nenhuma família sem casa! Nenhum camponês sem terra! Nenhum trabalhador sem direitos! Nenhuma pessoa sem a dignidade que dá o trabalho!", pediu o papa no encontro, que foi organizado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz em colaboração com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais e com os líderes de vários movimentos sociais.
Francisco lembrou, citando o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI), que “a reforma agrária é, além de uma necessidade política, uma obrigação moral”, vinculando a falta dela à fome que assola ainda centenas de milhões de pessoas em todo o planeta. “Quando a especulação financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer mercadoria, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome.”
O pontífice criticou o modelo atual urbano, que oferece “inúmeros prazeres e bem-estar para uma minoria feliz”, mas “nega o teto a milhares de vizinhos e irmãos nossos, inclusive crianças, e eles são chamados, elegantemente, de ‘pessoas em situação de rua.”
Em relação ao trabalho, o papa enfatizou que “não existe pior pobreza material do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho” e declarou que o desemprego juvenil, a informalidade e a falta de direitos trabalhistas são o resultado de uma prévia opção social, de um sistema econômico que coloca os lucros acima dos seres humanos. Se o lucro é econômico, sobre a humanidade ou sobre o homem, são efeitos de uma cultura do descarte que considera o ser humano em si mesmo como um bem de consumo, que pode ser usado e depois jogado fora.
Isso acontece quando, no centro de um sistema econômico, está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa humana. Sim, no centro de todo sistema social ou econômico, tem que estar a pessoa, imagem de Deus, criada para que fosse o denominador do universo. Quando a pessoa é deslocada e vem o deus dinheiro, acontecesse essa inversão de valores.
Segundo os entrevistados, o papa Francisco estimulou os líderes sociais a seguir lutando por um mundo novo e estes, por sua vez, pediram uma aposta mais clara pelos pobres” e abordaram algumas das violação aos direitos humanos sofridas em seus respectivos países, como os despejos de inquilinos, o trabalho precário e concentração de terras nas mãos de poucos.
Dentre os presentes estiveram o presidente da Bolívia, Evo Morales, que foi o único chefe de Estado que participou desse encontro. Como líder indígena, da etnia aimara, também pôde discursar durante o ato para saudar publicamente o papa e os demais participantes.
Com agências internacionais

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