Árbitro não aponta na súmula racismo contra Tinga e pode ser punido
Ausência da informação, porém, não deverá prejudicar a aplicação de uma possível punição aos culpados
Os atos de racismo contra o volante Tinga feitos pela torcida peruana na derrota do Cruzeiro por 2 a 1 para o Real Garcilaso não foram relatados na súmula do jogo feita pelo árbitro venezuelano José Argote. Contudo, esta ausência de informação não deverá prejudicar a aplicação de uma possível punição aos culpados. "Não houve relato. Mas isso não impede o julgamento, porque há um vídeo claro do que aconteceu e o Tribunal pode usar", afirmou, em entrevista veiculada no Lancenet!, Caio Rocha, presidente do Tribunal Disciplinar da Conmebol. Apesar de seu alto cargo, o brasileiro não poderá participar do julgamento pelo fato de ter um clube do mesmo país envolvido na ação. A expectativa é que o tribunal entre em ação em duas semanas. Ainda de acordo com Rocha, o juiz venezuelano poderá sofrer punição pela omissão do racismo a Tinga. "Pode ser punido, mas não como aqui. O Código Disciplinar não estabelece punições para o árbitro para estes casos, por considerar que isso é parte do aspecto técnico e não disciplinar. Quem avalia o aspecto técnico é a Comissão de Arbitragem da Conmebol, que pode suspender o arbitro se entender que ele falhou", argumentou o brasileiro.
Conmebol acata denúncia do Cruzeiro e abre investigação por racismo
Após insulto ao jogador da Raposa tomar proporções internacional, entidade anunciou que iniciará apuração preliminar
Após o Cruzeiro enviar denúncia dos incidentes ocorridos em Huancayo, no Peru, sobretudo registrando a manifestação racista da torcida do Real Garcilaso contra Tinga, a Conmebol decidiu iniciar investigação para apurar o caso. A entidade sul-americana divulgou nota em seu site oficial comunicando a abertura do processo.
“A Unidade Disciplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol procedeu a abertura de uma investigação preliminar ante uma denúncia recebida no dia de ontem (quinta-feira) do Cruzeiro Esporte Clube. O clube brasileiro reclama que na partida disputada no dia 12 de fevereiro contra o Real Atlético Garcilaso, do Peru, torcedores do time local mostraram conduta racista contra o jogador Paulo César Fonseca do Nascimento 'Tinga'. Dada esta alegada prática de infração disciplinar, a Unidade Disciplinar, nos termos do artigo 72º do Regulamento Disciplinar da Conmebol, decidiu lançar uma investigação preliminar que pode levar à abertura de processos disciplinares contra o clube peruano”, declarou.
Além da conduta racista dos peruanos, que imitaram macaco toda vez que Tinga pegou na bola durante o jogo, fato flagrado pela televisão local, o Cruzeiro protestou junto à Conmebol sobre o tratamento recebido em Huancayo. A delegação celeste teve que enfrentar imprevistos como a falta de água no vestiário, e falta de energia elétrica no estádio, o que impossibilitou o time de realizar o treinamento por completo. A atividade na véspera do duelo durou apenas 15 minutos.
A cúpula do time mineiro vai se reunir, nesta sexta-feira, com o presidente da Conmebol, Eugenio Figueredo, para cobrar punição ao Real Garcilaso. O apoio recebido de autoridades políticas como o ministro do esporte Aldo Rebelo, que soltou nota informando ter entrado em contato com a entidade que rege o futebol sul-americano cobrando providências punitivas, pressionaram a Conmebol a agir rápido e contribuíram para a abertura da investigação.
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