Judoca ganhadora da primeira medalha de ouro do Brasil no Pan de Toronto fecha a boca, derruba sem parar colega de treinos e faz terapia para acabar com ansiedade
Para ser a responsável pela primeira medalha de ouro do Brasil no Pan de Toronto, a judoca Érika Miranda deixou de comer feijão, contou com um saco de pancadas nos treinos e recebeu ajuda providencial de uma psicóloga para controlar a ansiedade no tatame da Arena Mississauga. A junção desses fatores, além da visível superioridade técnica da brasiliense de 28 anos diante das suas oponentes na competição, fizeram com que Érika sobrasse nos seus três combates e acabasse com a sina de bater na trave na principal competição das Américas - ela fora medalhista de prata no Pan do Rio 2007 e no Pan de Guadalajara 2011.
- Eu abri mão de algumas coisas e contei com muita ajuda para alcançar essa medalha de ouro. Estava querendo muito comer feijão na concentração, mas eu não podia porque estava precisando manter o peso. Eu quero dedicar esse título para minha família, meus pais, meus irmãos e para a Chiquitita, a Raquel, a irmã da Rafaela Silva (judoca da seleção que compete em Toronto neste domingo), que me ajudou demais. Ela sempre me motivou todos os dias para eu dar o meu melhor e tomou muita pancada nos treinos - comentou Érika, a número 3 do ranking mundial.
Famosa por não parar quieta e ser bastante ansiosa, Érika tem recebido nos últimos tempos a ajuda providencial da psicóloga da seleção brasileira de judô, Luciana Castelo Branco. Em sessões ou simples bate-papos, a atleta e a profissional buscam formas de fazer com que a dona de duas medalhas em Mundiais (prata em 2013 e bronze em 2014) tenha tranquilidade para pensar nas melhores formas de vencer as suas lutas.
- Um fator que tem me ajudado bastante é controlar a minha ansiedade. Após algumas derrotas, eu vi que precisava me dedicar mais na parte psicológica. A Luciana Castelo Branco tem me ajudado muito a evoluir no judô.
Realizada com o seu primeiro ouro em uma competição poliesportiva de grande porte, Érika vislumbra agora atingir o sonho da sua primeira medalha olímpica, nos Jogos do Rio 2016. Em seu terceiro ciclo olímpico, a peso-meio-leve não vê a hora de deixar para trás a dor de se lesionar às vésperas de Pequim 2008, quando já estava na Vila Olímpica, e a eliminação precoce na primeira rodada de Londres 2012.
- O sonho olímpico está dentro de mim, vou viver isso um dia de cada vez.Quero muito essa medalha olímpica no ano que vem. Eu tive experiências negativas em duas Olimpíadas. Em Pequim 2008, eu me lesionei e fui cortada, já em Londres 2012, eu perdi na primeira luta. Me foquei bastante depois desses problemas e quero fazer tudo diferente no Rio.
Uma das mais empolgadas com a evolução de Érika é a técnica da seleção brasileira, Rosicleia Campos, que não esconde a sua torcida irrestrita pelo sucesso da agora campeã pan-americana.
- Eu tenho um carinho muito especial, porque a gente amadureceu junto na equipe adulta, quando virei a técnica em 2005, e ela tinha sido minha atleta na equipe de base. Ela é merecedora de tudo isso. Ela amadureceu mesmo e ela realmente tem muita restrição de peso, mas não perde o humor. A Érika merece muito uma medalha olímpica. Ela me emociona muito, a bichinha já passou por muito sacrifício. Ela só me traz muita felicidade - afirmou a treinadora.
Neste domingo, mais três brasileiros entrarão em ação nos Jogos Pan-Americanos. Charles Chibana, na categoria meio-leve (66kg), Alex Pombo, no leve (73kg), e a campeã mundial em 2013 Rafaela Silva, também no leve (57kg). As eliminatórias começam às 16h30 (horário de Brasília), e as finais serão disputadas a partir das 21h.
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