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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Milhões votam no plebiscito que decide se Reino Unido fica na UE

Eleitores ficaram indecisos numa campanha polarizada.
Resultado sai na sexta-feira (24).

Milhões de britânicos votaram, nesta quinta-feira (23), no plebiscito que vai decidir se o país fica ou sai da União Europeia.
O dia bem britânico perguntou ao Reino Unido onde está a sua identidade: dentro ou fora da União Europeia?
Eleitores foram às urnas sem um pingo de certeza. Buscaram em cima da hora os últimos argumentos.
Os jornais estamparam suas opiniões: "O dia da independência" ou "Salto na escuridão"? Tudo muito preto-no-branco, mas o horizonte é obscuro. Culpa de uma campanha polarizada.
O governo garantiu que o país perderia milhões de empregos se saísse da União Europeia, que ficaria "permanentemente mais pobre". As maiores instituições internacionais fizeram fila para avisar que sair seria um erro. A City - o centro financeiro de Londres - nem quis olhar.
O outro lado quer virar as costas para a Europa e para esse futuro pessimista. Os líderes da separação lembraram que muitos previram a quebra do Reino Unido se o país não aderisse à moeda única europeia, nos anos 90. Mas os britânicos continuaram com a própria moeda forte, a libra; o euro é que ainda se recupera de uma crise.
O maior combustível da campanha pela saída foi o discurso anti-imigrante. Quem é contra a União Europeia acha que os europeus tiram vagas dos britânicos em escolas, hospitais, no trabalho.
As declarações ácidas foram interrompidas por uma tragédia. A morte da deputada pelas mãos de um nacionalista botou os pés de todos no chão.
Com um pouco mais de paz, os britânicos puderam pensar melhor sobre a decisão mais importante do país em décadas. Uma decisão que só cabe a eles, mas que mexe com meio mundo. Por isso, os outros 27 países do bloco não aceitaram ser meros espectadores.
Cidades europeias tentaram iluminar o voto britânico. Um desafio gigante de um continente que começou a se integrar nos anos 50, depois de ser arrasado por duas guerras. Os britânicos, que chegaram a esnobar a comunidade europeia, só se juntaram duas décadas depois. Hoje, a União Europeia tem 500 milhões de moradores.
A nostalgia de um passado grandioso não deixa alguns britânicos dormirem. Mas esse "Império onde o Sol jamais se põe" já não existe mais. O britânico vai acordar sabendo exatamente onde estão suas fronteiras.
Com quase três horas de apuração de votos, uma pesquisa divulgada já mostrava uma vitória provável: 52% das pessoas acham que vai ficar na União Europeia, contra 48% que acham que vai sair da União Europeia.
A incerteza é grande, sobretudo por dois motivos. O primeiro é que os institutos de pesquisa erraram feio nas últimas eleições e o segundo é que os votos já começaram a ser apurados. Há uma maioria que vota pela saída da União Europeia, até então.
Outra indicação de que o Reino Unido fica onde está veio com a declaração de um dos nomes mais populares da campanha. O líder da direita mais radical disse que parece que as coisas vão continuar como estão. Só dele ter falado isso, a libra disparou e chegou na maior alta em relação ao dólar em 2016.
É um plebiscito com número recorde de eleitores que se registraram, mas não significa que haverá esse comparecimento. O resultado ainda será divulgado. É um número grandioso que mostra a intenção do povo britânico de fazer valer o seu voto.
A demora se deve ao fato de que o voto ainda é de papel. O fato é que, a cada badalada do Big Ben os britânicos prendem a respiração. A União Europeia pode ser completamente transformada e, com ela, o mundo que a gente conhece.
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