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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Polícia do RJ matou 8 mil pessoas na última década, diz ONG



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Polícia do RJ matou 8 mil pessoas na última década, diz ONG
Relatório da Human Rights Watch indica 645 mortes só em 2015. Segundo ONG, PMs dizem ter medo de denunciar execuções.
07/07/2016 10h04 - Atualizado em 07/07/2016 13h16
Por Fernanda Rouvenat
Do G1 Rio

Marcas de tiros no carro onde estavam jovens executados em Costa Barros (Foto: Matheus Rodrigues/G1)
Um relatório divulgado nesta quinta-feira (7) pela ONG Internacional Human Rights Watch indica que a Polícia Militar do Rio de Janeiro matou mais de 8 mil pessoas na última década. O número oficial de homicídios cometidos pela polícia – que chegou a mais de 1.300 em 2007 e havia caído para 400 em 2013 – voltou a crescer no ano passado. Pelo menos 645 pessoas foram mortas por PMs em serviço no ano de 2015.
Já neste ano, segundo os dados da ONG, foram registradas 322 homicídios cometidos por policiais militares entre janeiro e maio.
Durante supostos “confrontos” reportados entre 2013 e 2015, houve cinco vezes mais mortos pela PM do que feridos – na avaliação da ONG, o contrário do que se poderia esperar nessas situações.
Em 2015, para cada policial morto em serviço no Rio de Janeiro, a polícia matou 24,8 pessoas, mais que o dobro do que na África do Sul e três vezes a média dos EUA.
Execuções
A Human Rights Watch também afirma que, em 64 casos, encontrou provas de que policiais procuraram encobrir casos de uso ilegal da força letal.
Segundo autoridades do sistema de justiça local, um grande número de “confrontos” relatados por policiais no estado nos últimos anos foram de fato execuções. Estatísticas oficiais reforçam essa conclusão.
Quase todos os 64 casos foram relatados como “confrontos” pela polícia. Todavia, em pelo menos 20, laudos necroscópicos demonstraram que as vítimas foram baleadas à queima-roupa. Em outros casos, depoimentos de testemunhas e outros exames periciais indicaram que não houve confronto.
“O que a gente vê nessas estatísticas é que uma parte desses confrontos que são reportados pela polícia não existiram. Não é possível que você tenha um confronto e só pessoas de um lado morrem e você não faz nenhum ferido”, disse o pesquisador César Muñoz.
Para a ONG, existe um consenso entre as autoridades públicas de que uma parte dessas mortes são execuções. “Por exemplo, o Procurador Geral do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira, falou para nós que grande parte dos confrontos são simulados”, afirmou Muñoz.
Dados de homicídios cometidos por policiais no RJ (Foto: Divulgação / Human Right Watch)
A ONG não poupa críticas à Polícia Civil e ao MP para investigar as omissões de execuções. "Policiais responsáveis por execuções e acobertamentos raramente são levados à Justiça. A Polícia Civil tem conduzido investigações lamentavelmente inadequadas. Entretanto, a responsabilidade de acabar com a impunidade nesses casos é, em última instância, do Ministério Público do estado do Rio de Janeiro, que tem competência constitucional para realizar o controle externo da atividade policial, fiscalizando o trabalho da Polícia Civil, bem como conduzindo suas próprias investigações", disse a Human Rights Watch.
Para os pesquisadores, as execuções também colocam em perigo a força polícia. "Tem casos em que a comunidade alerta a polícia. Mas está baseado na confiança entre a polícia e a comunidade. Se a polícia matar, a comunidade não vai alertar a polícia, já que a reação da polícia quando vê o suspeito é matar, eles [criminosos] nunca vão querer se render porque eles correm risco de morte e vão querer revidar", explicou o pesquisador César Muñoz.
Ainda de acordo com César, a polícia criou uma situação de "descrédito", o que também favorece para o aumento no número de motes de policiais fora de serviço. "A polícia tem medo de levar a farda para lavar em casa. Tem medo de que, no caminho pra casa, sejam reconhecidos e assassinados", disse o pesquisador.
Gráfico mostra número de pessoas mortas pela polícia no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação / Human Right Watch)
Medo de denunciar
O relatório de 117 páginas foi intitulado “'O Bom Policial Tem Medo': Os Custos da Violência Policial no Rio de Janeiro”. Segundo a Human Rights Watch, ele "documenta como o uso ilegal da força letal por policiais tem contribuido para o desmantelamento dos ambiciosos esforços do estado para melhorar a segurança pública".
Para o relatório, a Human Rights Watch afirma ter entrevistado mais de 30 policiais do Rio, incluindo vários que descreveram suas próprias experiências com o uso da força letal, inclusive dois que admitiram direta participação em execuções.
Um policial descreveu uma operação em que um colega executou um suposto traficante de drogas que estava ferido no chão. Outro descreveu uma operação deflagrada com o propósito de matar, não prender, suspeitos de integrarem facções criminosas.
Policiais disseram que não denunciariam os crimes de seus colegas por medo de também serem mortos. “(Eles) não pensariam um milésimo de segundo para me matar ou a minha família”, teria dito um agente.
Segundo Maria Laura Canineu, diretora da Human Right Watch no Brasil, a principal recomendação a partir dos dados divulgados pelo relatório é que sejam feitos esforços para acabar com a impunidade nos casos de violência policial.
"Eles mesmos [os policiais] nos contaram a participação, por um lado, em execuções e outros crimes, como corrupção, e mostraram a relação que as execuções tem com a atividade criminosa, mas muitos outros nos falaram que a atitude desses policiais que agem de uma forma fora da lei atingem a população como um todo e a própria polícia. Ele [o policial] perde o principal aspecto da segurança pública que é a confiança da comunidade. Hoje, a polícia do Rio tem 48 mil policiais militares e existem apenas 70 psicólogos e nenhum psiquiatra pra tratar de policiais que enfrentam esse alto índice de criminalidade todo dia", explicou a diretora da Human Right Watch.
Segundo a organização, o estado do Rio de Janeiro prometeu avanços na segurança pública em preparação para a Olimpíada, mas não fez o suficiente para resolver o problema das execuções cometidas pela policia. A questão das mortes de autoria policial são classificados pela organização como "um obstáculo central para a um policiamento mais efetivo".
Dados divulgados pela ONG Human Right Watch mostram o número de policiais mortos no RJ (Foto: Divulgação / Human Right Watch)
Outro lado
A Polícia Civil informou que vai analisar  o relatório da Human Rights Watch para ter condições de se manifestar sobre os fatos e reiterou que a instituição se empenha em todas as investigações que conduz, especialmente nas que se referem a crimes contra a vida, praticados contra ou por policiais.
A Polícia Militar disse que só vai se posicionar depois de analisar as informações do relatório, mas ressaltou ainda que o comando da PM tem tomado medidas para reduzir os números de mortes decorrentes da ação policial, e que vai continuar trabalhando para preservar vidas e combater a criminalidade.
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que vem atuando em diversas frentes para tentar reduzir o número de mortes decorrentes de intervenção policial e de outros delitos praticados pelos agentes de segurança.
Representantes da Human Right Watch divulgaram um relatório nesta quinta-feira (Foto: Divulgação / Human Right Watch)




775 comentários
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Lia Boger

há um minuto
O que a ONG espera que policiais façam com o crime? Os bandidos são poderosos, usam as armas mais letais, não ficam presos, pois a Justiça é leniente,...Policiais assassinados, sociedade brutalizada. O Brasil não funciona!
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Terraseca Jesusestávoltando

há um minuto
Pouco
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Davi

há 3 horas
E os bandidos, mataram quantos, heimm G1????
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Carlos Simoes

há 8 minutos
Gostaria de saber quantos morreram na fila do S uS??!
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Davi

há um minuto
Quantos morrem, nos hospitais, trabalhos, escolas, estádios, transito, etc......muitos morrem Carlos, e não estão nem ai.....
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