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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A estratégia assustadora de Trump para a Coreia do Norte

No primeiro dia de uma guerra entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, de acordo com uma avaliação da Universidade de Stanford, um milhão de pessoas poderiam ser mortas.
No entanto, depois da minha visita de cinco dias à Coreia do Norte com três colegas do New York Times, essa guerra nuclear parece terrivelmente possível. Na capital, Pyongyang, ficou claro que a ameaça do presidente Donald Trump de "destruir totalmente" a Coreia do Norte foi um tiro no pé, sendo explorada por Kim Jong Un para sua própria propaganda e mobilização militar.
O país aproveitou as palavras de Trump para reforçar sua narrativa oficial de que seu arsenal nuclear é defensivo, destinado a proteger os coreanos contra os americanos imperialistas. E as autoridades da Coreia do Norte usam o estilo bombástico de Trump como argumento.
"O americano Trump falou bobagens sobre demolir nosso país", disse um oficial militar, o tenente-coronel Hwang Myon Jin. "Então, assim que nosso líder supremo nos der uma ordem, incendiaremos todos os EUA."
Uma imagem de propaganda típica mostra um poderoso soldado norte-coreano pisando o rosto malvado de um soldado loiro dos Estados Unidos e diz: "Morte aos invasores".
Kim não quer parecer fraco nem dar a impressão de que está se rendendo à pressão dos Estados Unidos, e autoridades da Coreia do Norte citam repetidamente as ameaças de Trump para justificar sua mobilização militar e a relutância em iniciar um dialogo ou tentar a conciliação.
"As atuais observações agressivas do governo Trump sobre como ele pode destruir totalmente meu país tornam impensável a ideia de que poderemos iniciar qualquer diálogo", disse Ri Yong Pil, alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores.
Minha visita me fez pensar que toda a estratégia de Trump se baseia em uma série de equívocos fundamentais e perigosos.
O primeiro equívoco é que sanções e menções à guerra levarão a Coreia do Norte a desistir de suas armas nucleares. Todas as autoridades norte-coreanas com quem falamos garantiram que isso era impossível, e a comunidade de inteligência americana também acredita que isso não acontecerá, pois (como mencionei na minha última coluna) a Coreia do Norte vê as ogivas nucleares como cruciais para sua sobrevivência.
Percebemos sinais de que as sanções estão atrapalhando, pois empresários se queixaram de que a China estava reprimindo o comércio, o preço da gasolina dobrou e a eletricidade está racionada. As quedas de energia são rotineiras mesmo na capital.
No entanto, os painéis solares estão se tornando mais comuns, e Kim tenta liberalizar a economia para gerar crescimento, apesar das sanções. As fazendas coletivas estão permitindo um melhor uso de terrenos privados, os gerentes de fábrica têm mais responsabilidade sobre os lucros e os mercados de rua são mais tolerados do que antes.
O impacto das sanções para as elites também é diminuído por uma iniciativa de Kim de injetar um pouco de diversão na vida na capital (é necessária uma permissão especial até para os norte-coreanos visitarem Pyongyang, quanto mais para viverem lá). Este ainda é o país mais totalitário do mundo, mas tem um parque de diversões, um parque aquático, uma área de esqui e um show de golfinhos – a versão da Coreia do Norte do SeaWorld (eu realmente gostei do show de golfinhos, até chegar ao final, com imagens de mísseis em tela cheia).
As reformas econômicas ajudaram a gerar o crescimento do produto interno bruto de 3,9 por cento no ano passado, após uma longa estagnação, de acordo com o banco central da Coreia do Sul. Isso é mais do dobro da taxa de crescimento no ano passado dos Estados Unidos, de 1,6 por cento.
O segundo equívoco dos Estados Unidos é que a China pode transformar o comportamento norte-coreano. Sempre exageramos a influência chinesa na Coreia do Norte. Kim fez de tudo para humilhar o presidente Xi Jinping, e autoridades chinesas temem que isso aconteça novamente este mês com um lançamento de míssil ou teste nuclear durante o 19º Congresso do Partido Comunista da China.
A Coreia do Norte se recusou a permitir uma visita do homem apontado pela China para assuntos norte-coreanos, Kong Xuanyou. "Sabemos o que Kong diria, então ele não precisa vir para cá", disse um oficial norte-coreano com desprezo.
O terceiro equívoco dos Estados Unidos é o pressuposto de que o regime norte-coreano está próximo do colapso e que é possível acelerar isso. No início da década de 1990, minha esposa e eu escolhemos ser correspondentes em Tóquio para o jornal britânico The Times em parte porque isso nos permitiria cobrir a Coreia do Norte – e seu colapso iminente. Ainda estamos esperando.
Sim, em algum momento isso acontecerá, mas não espere que seja amanhã. E as reformas econômicas, por mais modestas que sejam, podem dar ao regime uma vida um pouco mais longa.
Trump realmente aumentou a pressão econômica sobre a Coreia do Norte através de sanções das Nações Unidas, e a pitada sempre pode aumentar. Mas um dos piores erros nas relações internacionais, que nos afligiu do Vietnã ao Iraque, é operar com base em desejos e não em realidade, e temo que seja isso o que acontece aqui de forma perigosa. Para ser franco, a estratégia de Trump me assusta.
No discurso e no Twitter, ele está ampliando um conflito e apostando em opções militares, pois insiste no objetivo de desmantelamento do arsenal nuclear, o que é inatingível, uma tática de pressão chinesa, que é irrealista, e uma premissa de fragilidade do regime, que é ilusória.
É assim que as guerras acontecem.
Por Nicholas Kristof

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