No estado do Pará, 92% das domésticas trabalham sem carteira assinada.
A maior parte das empregadas ganha menos da metade do salário mínimo.
V
O Profissão Repórter registrou a relação entre patroas e empregadas domésticas. Em algumas regiões do Brasil, salário mínimo e carteira assinada são uma realidade distante.
O Senado aprovou novas regras para a categoria, que devem entrar em vigor em setembro. Entre as mudanças, estão fundo de garantia, salário-família, auxílio-creche, adicional noturno, seguro desemprego, seguro contra acidentes e indenização por demissão sem justa causa.
O Senado aprovou novas regras para a categoria, que devem entrar em vigor em setembro. Entre as mudanças, estão fundo de garantia, salário-família, auxílio-creche, adicional noturno, seguro desemprego, seguro contra acidentes e indenização por demissão sem justa causa.
Barcarena (PA)
No estado do Pará, 92% das empregadas domésticas não têm carteira assinada e vivem na informalidade. A Federação de Trabalhadores Domésticos da Região Amazônica encontrou mulheres que recebem R$ 120 por mês trabalhando como empregadas. Isso é menos do que a metade do salário mínimo.
Os sindicalistas do Pará visitaram 600 domésticas em Barcarena, região metropolitana de Belém. Destas, 598 não recebem o salário mínimo. Das duas que recebem, só uma tem carteira assinada.
O Pará está entre os 10 estados brasileiros onde mais de 90% das empregadas domésticas não têm carteira assinada.
São Paulo (SP)
A empresária Janaína Cano procura duas empregadas domésticas que aceitem dormir no trabalho e folgar a cada 15 dias. Hoje ela conta com uma empregada para cuidar do apartamento de 400m². Nos últimos três meses, 10 pessoas foram entrevistadas. Nenhuma delas aceitou o emprego.
Somente 2% das empregadas do estado de São Paulo dormem no emprego. Em 1992, esse número era bem maior, 22,8%.
Depois de quatro meses procurando em São Paulo, Janaína encontrou uma candidata de Aparecida de Goiânia (GO). Vânia da Silva é formada em relações internacionais e tem curso de gastronomia, mas prefere trabalhar como empregada doméstica. A faculdade dela e da irmã foram pagas pela mãe, que trabalha como doméstica desde os 8 anos de idade. Hoje a irmã de Vânia é babá.
Duas semanas depois, chegou a segunda doméstica contratada por Janaína. Fernanda veio de Feira de Santana (BA) e desistiu do emprego depois de cinco dias. Vânia também não quer mais ficar na casa e espera que chegue uma nova empregada doméstica para voltar para Goiás.
Guarulhos (SP)
Regina é empregada doméstica e dorme no emprego. No fim de semana vai para sua casa, em Guarulhos. Ela já foi balconista de loja, jornaleira e vendedora de cachorro-quente.
Dia de folga é dia de festa. De Guarulhos, Regina segue para Mogi das Cruzes, onde encontra irmãos, cunhados e sobrinhos para um churrasco. A família da doméstica trabalha com reciclagem. As latinhas garantiram a faculdade de seu sobrinho, Johan Matias, formado em engenharia civil.
Regina trabalha com a carteira assinada e é minoria na região metropolitana de São Paulo. Das 600 mil empregadas domésticas da região, apenas 41% é registrada.
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